quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Comercio ou Guerra?




Para aqueles que leram o último bom livro de Ken Follet, "NUNCA", uma guerra nuclear pode resultar de uma soma de incidentes menores, de ação e reação, até um ponto de ruptura. Como bom exemplo tem-se o assassinato em 1914 do Grão Duque da Austria em Sarajevo. A partir deste fato, de menor relevância do ponto de vista internacional, uma serie de ações e reações levaram a Europa a mais sangrenta das guerras, sem que nenhuma das nações envolvidas no conflito a desejasse.¹. 

Hoje, tal ponto de ruptura poderá ter por palco a ilha de Taiwan, antes nomeada pelos ingênuos navegadores portugueses de Formosa. Perdeu seu doce nome e hoje pode tornar-se o amargo estopim de uma guerra nuclear, o Armaguedon que ameaça o planeta.

Tendo em vista a crescente hostilidade entre os Estados Unidos e a China, tem-se a recusa do primeiro em aceitar a perda da liderança econômica sobre o planeta, primeiro passo para a prevalência da China no campo geopolítico.  Recusando aceitar a atual tendência, Washington se empenha para revertê-la ativando seu arsenal regulatório, legal e político contra a expansão da economia chinesa e o decorrente aumento de sua influência política em seu entorno. 

Apesar de ter a China afirmado ser Taiwan parte de seu território, também declara  que sua reabsorção é um projeto de prazo longo deixando ao tempo a melhor oportunidade para concretizá-la. Contudo,  constata-se posição contrária tomada pelo partido Democrata, ao enviar a Senadora Nancy Pelosi e, em seguida, uma comissão de parlamentares norte americanos à ilha visando estreitar relações. Desta forma, dois objetivos de Washington são alcançados: o primeiro, o de manter pressão sobre Pequim reduzindo sua margem de manobra econômica e militar; o segundo, a iniciativa oferece ao partido Democrata dividendos neste momento eleitoral ao gerar tensão externa. Uma aliança político-militar de Washington e Taipê significaria  transpor os limites impostos por Pequim.   

Importe lembrar-se que, seguindo sua tradição de partido pró guerra bem como atendendo seus interesse eleitorais, o partido Democrata desenvolve, neste caso,  uma agenda de provocação territorial, a mais grave dentre todas. Cria-se, assim,  um quadro propício para um conflito que poderia tornar-se nuclear. Um avião abatido, uma belonave afundada pode levar à escalada de hostilidades. A ser  uma  escalada recíproca, qual será o limite?

Esta conjunção de fatos favorece a natural a aliança entre a Russia e a China, ambos sob pressão hostil norte-americana. Como consequência no lado adversário tem-se a expansão da OTAN pela inclusão da Suécia e da Finlândia, a, ainda, pelas imposição de sanções econômicas. 

Tal cenário já revela crescente inter-relação entre os dois países asiáticos²; enquanto a China importa petróleo russo, minérios, alimentos e armamento que lhe são essenciais,  a Russia poderá colocar seu arsenal nuclear, o maior do planeta, em defesa da China.

Tal aliança parece consolidada. Caso Washington persista na pressão sobre estas duas potências, mais próximo estar-se-á de um conflito nuclear. O advento da preponderância de misseis na guerra moderna, gera-se a zona cinzenta onde a ameaça que traz o míssil inimigo tanto pode ser convencional quanto nuclear. Como decidir a retaliação? No caso de guerra nuclear, o primeiro a optar por ela levará imensa vantagem. Assim, estabelecem-se as condições favoráveis  para a opção pelo desastre,  

Para o observador isento cabe a indagação: porque não permitir o desenvolvimento econômico da China? A Pequim não interessa os conflitos que adviriam de uma politica de ampliação territorial nem, tão pouco, atritos internacionais que possam reduzir seu crescimento econômico e alto ritmo de instrução e sofisticação científica que lhe trará crescente segurança tecnológica.

Tal progressão,  salvo um cataclisma bélico, será inevitável. Levando-se em conta a população da China de 1,5 bilhão de cidadãos e seu sistema de governança impositivo, ter-se-á uma crescente capacidade de ensino sofisticado. Ceteris paribus,  a tendência será que a cada cientista produzido pelos Estados Unidos três a quatro chineses estarão sendo formados.

Mais vale a China como parceira, não inimiga.   


1) A não ser a França para vingar-se da derrota que lhe impôs a Prússia em 1871

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Faz de Conta



Existe uma nítida propensão à fuga da realidade na sociedade moderna, substituindo, gradual e paulatinamente, o mundo real em benefício de incursões cada vez mais profundas ao mundo do "faz de conta". O stress da luta pelos objetivos pessoais fundamentais em contexto de veloz mudança do seu entorno acentua o desgaste psíco-emocional, gerando a busca por alívio.  Dentre elas destacam-se o advento do MetaVerso e da Moeda Virtual. 

O MetaVerso cria riqueza do nada, ou melhor a pseudo-riqueza, ao gerar o comercio e o investimento de bens tornados valiosos pela mera vontade de qualquer indivíduo em "existir" na realidade paralela. Ao movimento jantam-se empresas que "oferecem" seu produtos, devidamente identificados, para o fim exclusivo de serem transacionados no ambiente virtual. Assim, bolsas do Hermes ou sapatos Louboutin trocam de donos mediante pecunia abstrata. Os aficionados garantem que casas e terrenos podem ser comprados e vendidos por moeda real.

Não bastasse este não-universo, tem-se a moeda virtual, cujo curso é real, alimentando comércio, investimentos e, até mesmo, poupança.  Do lado ativo, uma combinação de criatividade, audácia, e faro de sangue-dinheiro leva o homem-lobo à busca incessante de novas avenidas, nova carne, novo lucro; já, do lado passivo, tem-se o homem-cordeiro, levado pelos cães do dono aos currais da satisfação vicária, trazida pela combinação da tecnologia que dá à esperteza a pátina da respeitabilidade.

Esta adesão à realidade alternativa decorre, presume-se, de uma insatisfação de crescente segmentos das classes abastadas, onde o "cafard" procura o novo descartando o conhecido. Sim, uma vez que as classes necessitadas pouco tempo terão para incursões abstratas. Encontra o homem, então, a Moeda Virtual, uma abstração sem referência que guie a compreensão de seu valor. Tanto pode valer "Mil" quanto "Um", pois em ambos os casos sua essência se iguala. Sem parâmetro, sem referência, sem lastro serve para abrir porteiras para a inconsequência, para a fortuna, para a ruina.



E chega-se ao mais grave, onde a sociedade e suas instituições basilares paulatinamente se acumpliciam a este jogo de espelhos onde tudo é, e onde tudo, a qualquer momento,  pode não ser. A adesão de bancos conhecidos e poderosos, obedecendo à busca continua de lucro a despeito de valores fundamentais como a prudência, abrem departamentos, convocam minions, para gerir e explorar um não-ativo  que está "na moda".

Este "ativo" despencou de 60.000 dólares para 20.000 dólares sem que  hesitação houvesse. Queda vertiginosa de 66% em poucos meses.  Porque caiu tanto, quando as ações e os imóveis, caíram, pelas razão da alta dos juros internacionais, digamos 5 ou 10%? Porque, ao contrario de imóveis e ações representando valores reais, o "coin" nada vale intrinsecamente, assim revelando sua fragilidade. Vesti-lo com a respeitabilidade de uma instituição financeira parece ser grave erro. 


sábado, 30 de julho de 2022

Degradação


 

As hostes governistas, valendo-se da maioria que lhe concede o Centrão, aliada à cupidez eleitoral de uma oposição desnorteada,  preparam manobra legislativa para a aprovação de mais uma das inúmeras PEC's criadas para fins político-partidário. Após o êxito deste projeto, com nítido objetivo eleitoreiro, fura-se, mais uma vez, o teto das despesas públicas, abrindo-se as portas ao retorno da outrora irresponsável política fiscal e à ressureição de inflação crônica de tempos passados.       

Em sequência à esta manobra, empreende-se mais uma tentativa de alteração constitucional. O presidente, refém de sua natureza impulsiva e atrabiliária, torna-se, hoje, sujeito à imputação por  diversos Crimes de Responsabilidade.  Em frontal desrespeito aos objetivos permanentes da Constituição e através de manobras imediatistas e personalistas, as forças políticas que compõem o governo iniciam uma manobra que visa levar o Presidente, caso derrotado nas próximas eleições, ao cargo vitalício de Senador.

Tal manobra encerra sérios perigos para o país. Sendo um Senador, no caso "vitalício", inimputável na vigência de seu mandato, obteria ele imunidade face aos atos porventura criminosos enquanto presidente. Em tal circunstância receberia o presidente em exercício, "salvo conduto" para a ilegalidade, durante e após o período de seu governo. Ainda, a partir do pedestal senatorial, preservaria ele forte influência sobre o segmento radical de direita, aprofundando a clivagem que ora fere a Nação.

Ainda, conforme o conceito de isonomia, torna-se provável que tanto os presidentes anteriores quanto os futuros, mereçam o  acesso vitalício ao Senado, assim tolhendo a necessária renovação da casa. Por razões respeitáveis tal procedimento não ocorre nos países relevantes que compõem o mapa político do planeta.  Já, a Itália, país conhecido por sua instabilidade política, é o único exemplo relevante da existência de tal privilégio, ainda que os senadores vitalícios lá não gozem nem do direito de voto. nem se beneficiem da anistia que o cargo no Brasil lhes confere. 

Degrada-se, assim, o país ao criar mais uma caixa de surpresas, uma "jabuticaba" bem brasileira,  com nítido vies irresponsável. 

   

sexta-feira, 22 de julho de 2022

O Golpe Revisto





Há muito o Brasil não conquistava tanto espaço na mídia internacional. Convocados os embaixadores acreditados ao governo Bolsonaro, dele ouviram a afirmação que as urnas eleitorais não são confiáveis. Por objetivo, o presidente pretendia ferir a confiabilidade do pleito que ora se avizinha. Assim, segundo alguns observadores, preparando o terreno político para a reversão de sua provável derrota nas urnas. 

O possível, senão provável, desdobramento da tentativa de alteração do processo eleitoral vigente poderia  ser a exigência  de participação militar, com direito a veto, na Comissão de fiscalização eleitoral e, caso impasse ocorresse, o adiamento das eleições. Contudo, estas são meras hipóteses. 

Porém, voltando aos fatos, o espetáculo, urdido por Jair Bolsonaro, foi inédito. Na História Universal da Política jamais houve semelhante episódio, onde um chefe de governo convoca o quadro de embaixadores estrangeiros com o fito de criticar as urnas que o elegeram enquanto advertindo, urbe et orbi, as iminentes fraudes na próxima eleição. 

Teria por objetivo potencializar as dúvidas e assim obter, senão o apoio, pelo menos a compreensão das nações amigas, pretenderia o projeto político do presidente neutralizar oposição internacional às medidas eventualmente extra constitucionais julgadas necessárias para assegurar o rumo eleitoral desejado, 

O que houve, contudo, foi o oposto ao esperado. Em reação surpreendente, a comunidade internacional se manifestou confiante no processo eleitoral brasileiro. Ainda, no âmbito nacional, as manifestações de confiança nas urnas foram contundentes, abrangendo não só opositores politicos mas, também, aliados do governo. 

A pedra de cal sobre o túmulo da eventual tentativa golpista lá foi posta pelo Procurador Geral da República e pelos presidentes da Câmara e do Senado, não raro, aliados do Presidente, ao manifestar confiança nas urnas. Assim, cai por terra qualquer veleidade em busca de solução ilegal. Se plano para um Golpe existia, não mais poderá vingar. Em momento inesperado e em ímpeto solidário os brasileiros se uniram para rechaçar um pretenso Caudilho.


sexta-feira, 15 de julho de 2022

O Esperto



Muito tem-se escrito sobre o Golpe de Estado que o presidente poderia tentar às vésperas, ou durante as eleições. A tese sustentada por relevante parte do eleitorado seria que, confrontado com uma inevitável derrota nas urnas que tanto despreza, recorreria ele à esta medida extrema. Já, outra relevante parte da opinião pública rejeita a validade desta tese. 

Porém, enquanto se acirra o debate sobre a probabilidade de um atropelo constitucional, constata-se que o Golpe já foi dado. Com maestria de deputado experiente em espertezas e sem maiores compromissos com a ética e escrúpulos, (palavras complicadas de pouco uso), eis que o presidente da Câmara, Arthur Lira, deflagra e implanta, irregularmente, o Estado de Emergência, versão possivelmente precursora do Estado de Sítio.

E porque irregularmente? Quando levado à votação ao plenário da Câmara pelo político acima referido, verificou-se não haver quorum necessário para a validação da lei. Portanto, a aprovação e implementação da PEC não seria factível pois contrariava o regimento parlamentar. Nem por isso intimidou-se o operoso Deputado Lira; valendo-se do telefone e dos e-mails procurou e encontrou um número de deputados faltantes e, com total desrespeito às regras da Casa, arrebanhou os votos  das ovelhas desgarradas. Assim, num passo de mágica, abriu-se perigoso precedente na politica brasileira, deputados em trânsito podem votar. Não se lhes impõe o inconveniente de ida ao Parlamento.

Ora, nada mais importante para um país do que sua Constituição. Porém não basta ser ela promulgada  para que todo cidadão dela tenha conhecimento; não, ela deve ser obedecida e não tratada como se fosse mero obstáculo a ser contornado.

Com a habilidade de um prestidigitador o Esperto muda o rumo da República. Hoje, a Constituição está diminuída abrindo o caminho para um Estado de Exceção. Torna-se, assim, urgente a intervenção do Supremo Tribunal Federal, o garante da Carta Magna, para assegurar o respeito à lei.   

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Impérios


Imerso em quadro recessivo em decorrência da pandemia as nações líderes buscaram nas injeções maciças  de liquidez recuperar a pujança econômica que o virus conteve. Por resultado, constata-se hoje, a supervalorização de ativos que prenuncia  um ajuste de preços para níveis mais realistas. Anda, a queda de produtividade dos anos pandêmicos afetou tanto a produção quanto o transporte, assim, fragilizando a cadeia de valores.

Como exemplo, constata-se que nos Estados Unidos os Meios de Pagamento triplicaram entre os anos de 2019 a 2021, redundando na forte pressão inflacionária que ora se observa. Como elemento complementar na pressão dos preços, tem-se a guerra ora em curso nas fronteiras russas e ucranianas e seus efeitos negativos no campo da energia e da alimentação.

Outro fator de desequilíbrio é a questão migratória. Já existente antes da pandemia, tornou-se mais aguda ao reduzir a oferta de emprego e acentuar a competição entre nativos e imigrantes pelas vagas disponíveis. Hoje atravessa-se profunda instabilidade e ansiedade onde o Ocidente, gradualmente perdendo sua vantagem econômica, entra em conflito com o Oriente., assim validando as previsões do magistral "1984" de George Orwell. A emergência da China ameaça, pela primeira vez, a tradicional  supremacia Ocidental. Tal quebra da "regra do jogo, exige adaptação, durante a qual tem-se a crescente radicalização.

Enquanto a prosperidade age como vaso dilatador no intercâmbio econômico internacional, a crise econômica torna-se vaso constritor, erguendo barreiras políticas e econômicas. No âmbito interno a crise gera o reflexo político, onde os candidatos encurtam os horizontes face a premência na sua solução enquanto, pari-passu, exploram a insatisfação popular.

Já, o cenário externo, como fator complementar ao reajuste econômico, tem-se a rejeição à crescente imigração.  Na Europa, a onda migratória dos refugiados foi inevitável. Estes, vítimas das aventuras militares da OTAN e de George W. Bush no Oriente Médio e da pobreza estrema das ex colônias africanas engrossaram o êxodo para a Europa. Já nos Estados Unidos observa-se forte inquietação devida à continua redução dos brancos na composição demográfica do país. esta devida a maior fertilidade dos não brancos e à perene onda de imigração advinda dos bolsões de pobreza no Mexico e na América Central.

Esta invasão de culturas e raças "estranhas" causa ao país receptor crescente insatisfação que, por sua vez, é explorada e mobilizada por políticos de pendor autoritário. O apoio eleitoral a Trump e à Marie le Pen retrata os temores dos cidadão à maré migratória.

A tais desequilíbrios soma-se a inédita emergência da China e da Russia², potências orientais, que contestam a primazia econômica  e política imposta por Washington. A hegemonia romana durou cerca de 500 anos, e após longo intervalo, sucedeu-lhe o domínio Britânico, que, por sua vez, durou 450 anos, seguido pela liderança do império norte americano que cumpre 250 anos. Terá chegado a vez da Ásia?

A emergência da China representa relevante contestação à hegemonia norte americana. Se aliada à Russia, a população do bloco atingiria mais de 1,7 bilhões de habitantes.  Sua área geográfica seria de  26 milhões de km². Ainda, neste território existem (sobretudo na Russia Siberiana), as matérias primas necessárias ao desenvolvimento do bloco. Seu PIB conjunto seria de aproximadamente US$ 20 bilhões,  Ainda, tal aliança teria o maior arsenal nuclear do planeta. Porém, seu "calcanhar de Aquiles" seria a insuficiência da produção alimentar, cuja solução dependeria das vias marítimas de abastecimento. 

Estas observações não pretendem descortinar o futuro, mas, sim, apresentar hipóteses onde as nações, levadas pela incompreensão dos desígnios de seus rivais, caminham para a confrontação. No entanto o conflito não é inevitável, desde que a ascensão econômica chinesa seja aceita como busca de crescente prosperidade e não como desafio..

Já, ao Brasil interessa o multilateralismo, tanto político quanto econômico. Se, por um lado, as boas relações com os Estados Unidos são essenciais, tanto na área financeira quanto na comercial, por outro.  as relações comerciais com a China em muito supera o comercio com os demais países, tornando-se instrumento essencial para  o desenvolvimento do Brasil. 

1) Termo usado nos Estados Unidos para designar a pessoa branca.

2) Apesar de ser Moscou na Europa, a Russia tem 2/3 de seu território na Ásia













domingo, 3 de julho de 2022

Reflexões e Temores



O Brasil acorda com os jornais declarando o fim da integridade constitucional. Tal se constata ao ver o Senado da República, em conluio com a Câmara dos Deputados, derrubar, mais uma vez, o limite de gastos públicos determinado pela Constituição brasileira. A votação seria unânime não fosse o único voto contrário do Senador José Serra do PSDB, portanto merecedor de admiração.

Assim, constata-se a perda da integridade constitucional do Brasil e do controle monetário e orçamentário da Nação. O subsequente desmonte da confiança do capital privado no trato da economia bem como na crença nos gestores das contas públicas, traduz-se  pela alta das taxas de juros nominais e pela queda do valor da moeda.

Os detentores de ações e títulos de renda deverão buscar no mercado uma nova equação que lhes dê proteção em quadro tendente a afastar capitais do ciclo produtivo, estimulando a especulação. Em suma, trata-se de uma desorganização nos ambientes, não só financeiro mas, também político.

Ao observador, torna-se ´patente a ocorrência de fraude eleitoral. O atual presidente comprometeu-se, quando de sua eleição, respeitar as premissas conservadoras no ambito orçamentário; contudo, hoje, premido pela ambição de poder, revela ele nítida preferência pelo populismo de esquerda. Para fins eleitoreiros gera recursos inflacionários a revelia dos procedimento ditados pela Economia Liberal, a serem distribuidos aos segmentos eleitorais de sua preferência. 

Ainda, tais medidas de inegável desrepeito orçamentário e constitucional se refletem no custo do crédito que o Brasil e suas empresas venham a merecer, assim afetando os setores privados e públicos, permeando, a seguir, toda a sociedade.  

Porém, o que mais supreende o observador será a união de todos os partidos representados no Senado, onde os senadores (doravante merecedores de letra minúscula), ávidos pelos benefícios políticos dos recursos liberados, demonstram quão distante estão dos interesses do Brasil. A adesão pelo PT e demais partidos de oposição, atemorizados de se verem contrários à distribuição de benesses proposta pelo governo e seu aliado o Centrão, apoiaram o projeto, assim revelando quão imediatistas são ambos os extremos do atual quadro político. Assim, escancara-se a irresponsabilidade política, onde a ambição de poucos terminam por legar aos brasileiros o alto custo de sua voracidade política. 

Esta conjunção de episódios negativos instala forte dúvida sobre o futuro regrado da Nação. O perigo que decorre do aumento da disparidade de renda que ora se observa, relegando as classes desassistidas a um futuro sem esperança, terá consequência política, provávelmente em direção de uma esquerda radical. Assim o Brasil torna-se vulnerável aos apelos populistas e autoritários. Deve ficar claro aos senhores que governam a Nação  que a desmoralização do parlamento brasileiro abre as portas à "solução" ditatorial. 

Como antídoto cabe às elites brasileiras reconhecer os graves desequilíbrios que se maifestam e se acentuam na sociedade brasileira bem como exercer sua influência e poder econômico na direção de governos responsáveis, onde a distância entre os que teem e os que nada teem se reduza, assim tornando-os solidários em seus objetivos para a Nação.