terça-feira, 19 de abril de 2016

As Primárias Democrátas





Fazendo certa pausa na política brasileira, vale refletir sobre as Primárias norte-americanas, onde os dois candidatos, Hillary Clinton e Bernard Sanders, buscam sua indicação.

Resultado de imagem para photos hillaryUma análise equilibrada, parece demonstrar ser a ex primeira dama e Secretaria de Estado a favorita nesta disputa. Hillary goza de alto reconhecimento de seu nome junto ao eleitorado, tem acesso superior ao dinheiro de campanha, e apoio do estamento partidário. Seja por bem agir, seja por tropeços na sua vida pública tais como o fiasco Líbio ou o affaire dos e-mails confidenciais, seu nome chega, constantemente, às grandes manchetes.

Ainda, merecendo Hillary o vigoroso apoio de seu marido, o ex- presidente Bill Clinton, um dos mais habilidosos políticos de sua geração, torna-se mais fácil navegar entre os escolhos da política. Recebe, ainda, o apoio da AIPAC, o poderosos lobby judeu-israelense, em troca do robusto suporte concedido à Israel quando da destruição de Gaza.

Sua visão de politica externa reflete sua atuação quando comandava o Itamaraty americano, propugnando repetidas vezes a escolha pela tough diplomacy, o que, para muitos, parece ser um paradoxo.

Ainda que Democrata, portanto um grau abaixo da preferência concedida ao partido Republicano pelo grande capital, bancário e corporativo, Hillary recebe polpudas contribuições, negadas ao seu concorrente. Beneficia-se, também, da influência da milhardária Fundação Clinton, estrutura financeira vista como de grande influência, tanto nos meios políticos como corporativos.

Tal intimidade com a image "Midas", resulta também no seu calcanhar de Aquiles. Confrontada pelo adversário Sanders, Hillary revela-se descompromissada com a base de sua pirâmide eleitoral, constituída por uma classe média, pela classe trabalhadora, cujos ganhos reais inexistem a várias décadas. Revela, assim, uma imagem elitista desconectada com importante segmento de seu Partido.

Contudo, parece ter o apoio do eleitor branco Democrata acima dos cinquenta anos, e das importantes minorias que compõem o quadro eleitoral norte-americano. Assim veem se manifestando os núcleos Latinos, Negros e Judeus. Justo seria dizer-se que Hillary Clinton defende a manutenção do status quo, seguindo a ótica de seu Partido.

Resultado de imagem para photos sandersDo lado oposto tem-se Bernie Sanders. Seus eleitores são, essencialmente, os brancos, abaixo dos cinquenta anos de idade, desapontados pelas condições que, a seu ver, favorecem o acumulo da riqueza nacional no topo da pirâmide, relegando a classe média e trabalhadora à estagnação. Conta, também, com os votos da maioria dos chamados "independentes" (não filiados a qualquer partido). Pretende combater este desequilíbrio, que considera nocivo econômica, política e socialmente, contendo o que considera o domínio da política pelo lobby das grandes corporações, o qual, por sua vez, impede uma distribuição de renda mais favorável à base assim impedindo uma maior expansão da economia.

Apesar de Judeu, o candidato defende uma postura mais equidistante no conflito Israel-Palestina, propugnando ser este o caminho para a pacificação e solução do contencioso. Sua visão de política internacional á anti-intervencionista, priorizando a negociação diplomática.

Já, sua posição é protecionista, ao se opor aos tratados de comercio internacional, exportadores de mão de obra americana. Propõe, também, alteração na legislação fiscal que hoje protege, excessivamente, empresas e camadas superiores.

Apesar de Sanders surpreender Hillary Clinton, pela notável evolução de sua campanha, a luta pela conquista, não tão somente do voto popular mas, também, do voto dos delegados, dificilmente terá folego suficiente para vencer. 

Razoável estimar-se que dois fatores, não necessariamente democráticos, impelem a ex-primeira dama à vitória. O primeiro decorre das contribuições financeiras para sua campanha, que ofuscam as do adversário. Como candidata do status quo, Hillary recebe apoio das campanhas anônimas dos PACs, onde os grandes capitais lhe dão suporte. A estes se somam os gêtons que bancos como o Golman Sachs lhe oferecem por palestras (350.000 dólares, cada uma) cujo valor, estima-se, pouca relação terá com a sua substância.

O segundo fator refere-se aos Delegados Especiais já comprometidos com a Mrs. Clinton. Estes seguem, essencialmente, a preferência da máquina partidária, desvinculados dos votos conquistados durante a campanha das primárias. Como exemplo divulgado pelo New York Times, em condições de disputa eleitoral, seriam necessários 5 milhões de votos para conquistar estes 200 delegados especiais já comprometidos. A eles, Bernie Sanders não parece ter acesso.


E assim prossegue o embate eleitoral norte-americano, cujos resultados trarão importante impacto sobre o destino político do planeta.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

O próximo passo


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Se aproxima o Dia da Verdade, o dia do julgamento por um grupo de brasileiros, eleito pelo povo, cujo passado recente  vem sendo marcado por um comportamento decepcionante. Será que, neste momento onde o futuro do Brasil se desenha, para pior ou para melhor, prevalecerá o sentimento do estadista ou do esperto? Ou ambos?

Dilma cai ou continua liderando o país ladeira abaixo?

Deposta a presidente, imensa responsabilidade recai sobre os ombros  dos dois partidos líderes da oposição que ora se forma, o PMDB e o PSDB. Nenhum destes partidos poderá liderar o governo isoladamente, uma vez que somente em módulo de “salvação nacional” permitirá à  Nação superar o trauma que enfrenta.

Não se iluda o observador, ao presumir um desdobramento tranquilo, conforme ocorreu após a deposição de Fernando Collor. O fato de ser tênue, senão inexistente, o apoio partidário e popular do político alagoano, permitiu às forças políticas nacionais manter seu ritmo institucional, sem sofrer o choque da deposição.

Tal não será o caso quando do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O Partido dos Trabalhadores detêm relevante apoio popular e parlamentar, e, mesmo derrotado, saberá contrariar e obstruir as iniciativas que se seguirão à renovação do Executivo.  Ter-se-á ganho uma batalha, mas não a guerra. Esta continuará, sem os limites e restrições impostos à um governo, pois  ter-se-á  um PT aguerrido tendo por arsenal propostas populistas e enganadoras  oferecidas no parlamento, nas fábricas, nas ruas e no campo.

Somente um governo forte e coeso poderá enfrentar o desafio que se desenha.  A ser empossado, Michel Temmer estará fadado ao fracasso, pessoal e partidário, caso não garanta uma maioria estável em ambas as casas do Congresso. Para tal, a aliança com o PSDB, o DEM e a REDE torna-se essencial  à implementação de programa que permita  reverter a desordem política, econômica, financeira e moral que ora assola o país.

A janela de oportunidade para que o Brasil reinstale políticas confiáveis, tanto no cenário interno como no externo, se encerra em 2018 quando das novas eleições presidenciais.  Caso persistam manobras políticas estéreis e não programáticas, relegando a segundo plano a recuperação econômica e moral do país, dificilmente evitar-se-á o retorno de Luis Inácio da Silva à liça presidencial.


domingo, 10 de abril de 2016

As Primárias Republicanas

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Grand Old Party
Aos observadores, que seguem as conquistas e agruras desta Terra, cabe avaliar quais os efeitos que as preferências políticas dos candidatos norte-americanos, sejam eles Republicanos ou Democratas, podem trazer a este mundo globalizado.  Uma vez eleito o vencedor, à cada ação sua corresponderá não apenas uma mas diversas reações, cada qual com o potencial de alterar o futuro dos habitantes deste planeta. E destas escolhas dependerá o bem estar, seu e dos seus.

Resultado de imagem para foto de trumpDo lado Republicano observa-se, a dança  destes candidatos. Donald Trump intimida pela sua aparência  violenta e pela sua aparente falta de sequência e lógica ao desfiar suas intenções. Sua política externa parece mais Pomba do que Gavião, preferindo o desengajamento, reduzindo drasticamente o que descreve como “a tarefa de polícia do Mundo”. Promete aniquilar o ISIS, porém também defende restabelecer  boas  relações com a Rússia de Wladimir Putin. Sua política  de comércio internacional promete um neo isolamento, remetendo aos tempos mercantilistas e restritivos das barreiras alfandegárias.

Pretende estancar, com muro e intimidação, o fluxo de imigrantes, oriundos do México e a América Central, não causando ao Brasil maiores temores. Surpreendentemente, em questões de luta contra as carências na saúde, Trump promete “aperfeiçoar” o atual sistema., colocando-se mais próximo a Obama do que do Tea Party. Revela, assim,  quão inesperadas são suas crenças.
Parece ser  um dos mais controversos candidatos à presidência dos Estados Unidos.

Já, o Senador Ted Cruz, membro do radical Tea Party e Evangélico convicto, revela princípios, aspirações e comportamento bem diverso de seu oponente.

Resultado de imagem para foto de Ted CruzNaquilo que mais interessa ao observador distante, Ted Cruz revela, em seu Site de campanha eleitoral, disponível na Internet,  uma propensão à contundência. Com evidente desprezo pelos ensinamentos que as desastradas aventuras de George W. Bush trouxeram ao país e ao mundo, o jovem descendente de cubanos emigrados, revela-se mais realista do que o rei, mais “americano” do que os americanos.

Propõe a seguinte trilogia como base para sua política externa:

  • Para resguardar, defender nosso país devemos exercer nossa liderança no mundo.
  • Devemos defender ferozmente* nossos aliados e nossos interesses.
  • E devemos avaliar cada desafio sob a ótica do que interessa aos Estados Unidos. O que é melhor para a America será melhor para o mundo.
Tal atitude impositiva traduz sua preferência pelo uso da força para a solução dos conflitos internacionais. Assim, exibe sua falta de familiaridade com o que seja o mundo além das fronteiras do Texas, seu estado de residência e adoção.  

Talvez seduzido pela empolgante imagem do cowboy, este Texano sente-se impelido para a luta entre o Bem e o Mal, e parece levar ao excesso uma visão maniqueísta. Exibe sua profunda crença em poder exportar e impor às terras longínquas os métodos, costumes e crenças de sua terra adotiva**, desconsiderando as reações negativas de aliados, neutros e inimigos.  A frase “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o mundo”, desafia o bom senso, tendo em vista a variedade de realidades geopolíticas, culturais, econômicas, etc...

Talvez, sob a influência de sua fé, onde o Estado de Israel adquire especial importância, promete Ted Cruz, explicitamente, rasgar o tratado antinuclear recém celebrado com o Irã, desprezando as consequências desestabilizadoras de tal iniciativa. Pretende inverter a política de Barack Obama de aproximação e pacificação. Talvez esqueça ser Teerã o maior inimigo do ISIS e da Al Qaeda.  Parece preferir os caminhos do conflito àqueles da conciliação.

Sem maior detalhamento, poderá o leitor avaliar este político  talentoso, porém, talvez,  limitado na sua experiência e cultura para o exercício da presidência da maior potencia do planeta. Vale o ditado inglês, quando comparando-se Donald Trump e Ted Cruz: “cuidado com aquilo que desejas”.***

* fiercely, significando um grau aquém de ferociously, e vários graus acima de determinadamente.
** Nasceu no Canadá  de pai cubano e  mãe norte-americana

***Be careful  what you wish for.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Convergência

Este Blog tem especial prazer em transcrever trecho das observações do notável colunista do N Y Times, Roger Cohen. Suas observações, publicadas em 4 de abril, convergem com àquelas aqui apresentadas em 29 de março passado.



"There is a global backlash against rising inequality, stagnant middle-class incomes, politicians for sale, social exclusion, offshoring of jobs, free trade, mass immigration, tax systems skewed for giant corporations and their bosses, and what Pope Francis has lambasted as the “unfettered pursuit of money.”
The backlash takes various forms. In the United States it has produced an angry election campaign. The success of both Donald Trump on the right and Bernie Sanders on the left owes a lot to the thirst for radical candidates who break the mold. Trump is unserious and incoherent; Sanders is neither of those things. But they both draw support from constituencies that feel stuck, reject politics as usual, and perceive a system rigged against them."


P.S.  É recomendada a leitura da integra deste artigo, no New York Times de hoje.



sábado, 2 de abril de 2016

Rompimento e aliança



Resultado de imagem para foto temerA recente deserção do PMDB das hostes governistas, permite importante alterações no quadro político brasileiro. À permanecerem isolados, cada partido, em sua política paroquial, poucas mudanças advirão. Pelo contrário, a se formar uma aliança das Oposições, ter-se-ia quadro favorável à solução, em prazo breve, de diversos gargalos institucionais e administrativos. 


Já, do lado do PT, sob o comando do ex presidente, alinham-se,  além do partido, agremiações agressivas, que se designam, habitualmente, o prefixo SEM, sem terra, sem teto, e outras. Este líder, bem como muito de seus comandados, há muito, tem por prioridade proteger-se da Espada da Justiça.

No momento,  Michel Temer controla os seus com dificuldade, enquanto Aécio Neves parece oscilar entre nada fazer e nada dizer. Lícito temer-se que ambos tenham em comum, não iniciativas em busca de corrigir os imensos erros trazidos pelo PT, mas sim, manobrar de forma a melhor se tostar ao Sol do Poder.

Com notável habilidade, a nova administração PTista revela Lula como presidente de fato.  Impôs o tema do dia, trazendo consigo correligionários e adversários. Impeachment é o que se fala, apaixonadamente. Dilma se diz prestes a ser defenestrada por um golpe de Estado,  e a  Oposição se deixa atrair para um diálogo uni-temático,  onde se limita a negar a afirmativa adversária.

Merece consideração a alternativa de abrir-se outras frentes que desequilibrem o ímpeto estratégico do PT. Em vez de lutar no terreno escolhido pelo adversário, que o  embate se trave em topografia que mais lhe prejudique.

Resultado de imagem para foto aécioParece ter chegado a hora  do PSDB implementar projeto de forte presença mediática. Vale lembrar o exemplo de Carlos Lacerda, levando diretamente ao povo, sua mensagem. Chamar à sua atenção os desmandos e prejuízos causados pelo Partido dos Trabalhadores. Pregar para os indecisos, e não, apenas,  para aqueles que já comungam com sua posição. Não faltará quem ofereça ao partido, honestamente, espaço televisivo ou impresso para esta ofensiva.

Propõe-se falar o idioma das ruas, não de forma  chula, mas com respeito e seriedade:

“A alta inflação corrói o salário do trabalhador. O que Lula e Dilma dizem dar, por um lado, pelo outro tiram, ao tornar o Real mais fraco.

O desemprego que oprime a massa trabalhadora decorre, não de forças ocultas, mas, sim,  da corrupção e prejuízos que o PT e aliados trouxeram às empresas como a Petrobrás, a Eletrobrás e as empresas que lhes prestam serviços.

O dinheiro que foi para as bolsas dos corruptos é dinheiro que saiu do bolso dos que precisam de comida, saúde, educação e transporte.

O povo sofre o desemprego e o aumento da inflação, perde assim seu poder de compra.

A queda dos lucros causada pela  perda de poder de compra da população,  leva as empresas a fecharem suas portas e despedirem seus funcionários.

Os juros e a inflação disparam, levando à classe média à ansiedade e sofrimento, tornando impossível completar o pagamento do já foi comprado, do eletro doméstico, do carro, da própria casa.

Lula é contra a Lava Jato, enquanto a Lava Jato é contra o ladrão poderoso que nunca antes foi para a cadeia. Agora  vão, e hão de pensar duas vezes antes de meter a mão no bolso do trabalhador.”


E por aí vai. Sem dúvida outros e melhores tópicos podem e devem ser levantados em praça publica e cadeias de televisão.  Não se trata de uma aula de economia; longe disto. Trata-se de levar ao povo estes e outros  assuntos  que lhe interessam de perto, no bolso, no dia a dia.  Declarações sobre um impeachment que muitos não sabem sequer soletrar nem pronunciar são inócuas a menos que seja apresentado de forma simples; o impeachment vai acabar com a carestia e vai fazer a economia e o emprego crescer. Esta mensagem  teria por missão soterrar  a de Lula, vítima de um golpe que não existe.