segunda-feira, 26 de junho de 2023

Russia em Rebelião

 

                                                               Eugênio Prighozhin       

                                                      

Acontecimentos extraordinários resultam da guerra Russia-Ucrânia. Como pano de fundo tem-se a insuspeita ineficácia do exército russo em sua campanha punitiva contra o pequeno vizinho. Tendo lançado seus tanque na direção de Kiev, os generais russos nada mais fizeram do que provocar o primeiro engarrafamento de tanques na história militar. Fotografias aéreas das longas filas de blindados chegando às portas da capital inimiga demonstravam como não fazer a guerra, pois os preciosos blindados tornaram-se uma galeria de tiros  ao gosto de quermesses e parques de diversões. Poucos sobraram, levando o invasor à desmoralizante "meia volta, volver!"

E assim continua sendo, ao constatar-se que o invasor tornara-se defensor contra a ofensiva das aguerridas tropas ucranianas.

Como se não bastasse os generais russos, demonstrando crescente inabilidade em face ao inimigo decidiram enciumar-se com seus parceiros do Grupo Wagner. Este, composto de mercenários com bom desempenho bélico, tem Eugênio Prighozhin como seu comandante. O Grupo não faz parte do exército mas opera de forma coordenada. Ainda, depende do primeiro para seus suprimentos, sobretudo de munições essenciais ao combate. 

E eis que, seja para diminuir-lhes a imagem, seja por desejo que se lhe subordinasse, o exército russo vinha diminuindo o fornecimento de munição essencial ao Grupo Wagner, levando seu comandante, após contínuas e infrutíferas queixas aos generais russos, a decidir-se pelo rompimento. Declarou-se, urbe et orbi, rebelado e marchou sobre  Moscou. Assim iniciou-se a rebelião que levaram suas tropas à 250 Km. da capital!

Abandonando o passo a passo dos eventos, uma visão mais ampla do conflito parece revelar que a disparidade qualitativa dos armamentos provenientes, sobretudo dos Estados Unidos, parece compensar a inferioridade econômica e numérica dos ucranianos. Estes, de defensores passaram à ofensiva.

Vale, ainda, comentar um detalhe que talvez tenha passado despercebido; a facilidade com que uma pequena porção do grupo Wagner chegou às portas de Moscou revela um vácuo defensivo à retaguarda do exército russo. Os 500 km até Veronesh percorridos pelos caminhões rebeldes, revelam a fragilidade da retaguarda russa. Ainda, como justificar a ausência da  força aérea russa, a qual não teria qualquer dificuldade em aniquilar o comboio ameaçador?

Acresce que a disposição de Putin a negociar com os rebelados, assim concedendo salvo conduto para a Bielo Russia ao seu líder, parece indicar saber ele da dificuldade de lhe impedir chegar à uma Moscou indefesa. 

Ou será que Putin aproveita um pretexto para substituir os comandantes do seu exército? Ou, ainda, quão incólume estará o Presidente? Se assim for, ter-se-ia uma Russia enfraquecida, política e militarmente? A história mostra que a fraqueza traz o desespero o qual, por sua vez, abre as portas às decisões estremas, dentre as quais se encontra a "solução" nuclear. 

Certamente este episódio não chegou ao seu fim. Surpresas nos esperam...


2 comentários:

Anônimo disse...

Excelente análise e a desesperada solução nuclear é um fato real… veremos as próximas etapas e rezemos.

Anônimo disse...

Perfeito Pedro. A fraqueza e a aparente divisão no exército russo, leva, aos que como eu, torcem pela Ucrânia, a um raio de esperança. Ao mesmo tempo, o desespero leva a ações extremadas e a Rússia eh uma potência nuclear.
Portanto, o melhor eh botarmos as nossas barbas de molho e torcermos para que o bom senso impere no alto comando do exército russo. Ignez