20 de outubro, 2022.
Os jornais de hoje mergulham no embate político, com pouco espaço dedicado às demais matérias.
Tudo indica que o Segundo Turno que se avizinha terá intensidade inigualável. Em alguns dias a Nação terá que decidir pelo voto quem, entre candidatos tão díspares, será o ungido. Os demais candidatos já caíram na vala da insignificância face à intensidade ideológica que domina o debate político.
Neste décimo mes de 2022, o quadro emocional é extremado, traz em seu bojo a simplificação das ideias, divididas pelo maniqueísmo; "comunista" de um lado e "nazista" por outro. O esgarçamento atinge tanto a elite quanto o lumpen, levando à simplificação do complexo, à descoloração dos matizes, à redução do pensamento ao mínimo denominador comum.
No início era discordância, hoje, transforma-se em raiva, violência. Não mais política, mas pessoal. Ódio nos olhos, na expressão e nas palavras. Nos pensamentos.
É o Brasil dividido, no povo e nas instituições. A Câmara dominada pelo Centrão tenta salvar os anéis sem perder os dedos. Em pragmatismo rasteiro, compra e vende nacos de poder, ora para um lado do tabuleiro, ora para o outro. O Senado, intimidado, oscila entre a disciplina partidária e a opção pelo vencedor. O Supremo, fracionado e desequilibrado pelas novas nomeações, escorrega sem rumo entre exegeses, pareceres e considerações; sob o manto do partidarismo não mais há Justiça.
Nas ruas, as passeatas se multiplicam, nem sempre pacíficas. Confrontos, agressões, xingamentos dominam o ambiente eleitoral, fazendo prever a contínua escalada da violência.
As pesquisas eleitorais, hoje publicadas, indicam forte vantagem para a coligação oposicionista. Difícil será a inversão do quadro eleitoral. Os melhores analistas preveem a eleição do opositor.
24 de outubro, 2022
Conclamados pelas redes sociais, pelas rádios e televisões, o que se inicia como um filete transforma-se, em poucas horas, em caudal humano. Cores de contestação e de apoio salpicam as aglomerações que, pouco a pouco, face às provocações de lado a lodo, tornam-se turbas violentas.
Aos impropérios seguem-se as pedras; no encontro das maltas, agressões físicas. Caminhões sonoros atiçam cá e lá. Soa o hino nacional, enrolam-se nas bandeiras. O certo e o errado, o errado e o certo, dicotomia azeda, cega, peremptória.
Soa o primeiro tiro. A vítima se perde na multidão e, súbito, ressurge nos ombros de seus companheiros. Faca, porrete, murro e mais tiros. Os slogans reverberam sobre a onda estridente da revolta.
25 de outubro, 2022
Às 16:00 , as cadeias de rádio e televisão divulgam um pronunciamento:
"Brasileiros, cidadãos, a insegurança assalta as ruas, ameaça as famílias. As instituições democráticas estão sob perigo. A perseverar o atual estado de anomia, a Lei e a Ordem não mais poderão ser mantidas e garantidas. Assim sendo determinei, com o assentimento das instituições garantidoras da Ordem e Segurança do país, o adiamento temporário do processo eleitoral do país.
Deus acima de todos, viva o Brasil."
26 de outubro, 2022
O Brasil acorda sob profundo silêncio...
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