O caminho para 2021 estava mapeado: isolamento, máscara e vacina. Obedecendo esta tríade virtuosa dar-se-ia aos 200 milhões de brasileiros, não a imunidade, mas, sim, a contenção na disseminação do virus, e a derrota da pandemia.
Porém, a Ciência não contava com o mais letal agente, este de natureza política. Um político brasileiro, guindado à presidência do Brasil, resolveu, tendo por base profunda penúria cultural e desmedida ânsia eleitoral, rejeitar as medidas que pudessem vir a prejudicar um ambiente eleitoral favorável, seja pelo confinamento e qualquer outra iniciativa restritiva ao crescimento econômico.
Abraçou o líder o mais comum dos erros naturais ao tropicalismo: o imediatismo, onde o Hoje prevalece sobre o Amanhã. Mas não é tudo... Para impor sua vontade, aliou-se o Capitão à caterva dominante no Congresso da República, restaurando a prevalência da corrupção na politica brasileira. Ainda, como consequência do novo rumo político empreendido, este visando o sucesso eleitoral em 2022, abortaram-se as reformas econômicas anteriormente prometidas e renasceu a anemia fiscal turbinada pelo recém exposto Orçamento Secreto.
As privatizações, a reforma fiscal cederam lugar às prioridades eleitorais.
Naquilo que hoje é seu Calcanhar de Aquiles, impera a anomia no Ministério da Saúde, nas mãos de um senhor Queiroga, que, em estreita consonância com o Planalto, propugna o direito do cidadão morrer antes de dobrar-se ao interesse comum da vacina. Nada entende, nem de saúde pública e suas imposições, nem de democracia e os seus limites, estes impostos pelo bem público.
Igualmente grave, sofre a Justiça grave dano. Ao forçar a demissão em 2020 do Ministro da Justiça Sérgio Moro, o presidente desmontou a estrutura jurídica que combatia o crime, assim abrindo as portas para a soltura de Lula em março de 2021. Ao salvar Flavio Bolsonaro do inquérito, paga-se preço insuspeitável. Ainda, a politização do Procurador Geral da República e dos novos indicados para Ministros do Supremo promete a prevalência do partidarismo nas decisões judiciais de suma importância para a Nação.
E assim foi o Brasil, no ano que se encerra. Ano escuro sob a ansiedade da roleta viral, do purgatório das emergências, do sepultamento dos 600.000 brasileiros.
Mas resta um facho de luz resgatando o país de profunda escuridão; tem-se, ao longo de 2021, o notável desempenho do Sistema Único de Saúde, do Butantã, da Fundação Oswaldo Cruz, da classe médica, da enfermagem e de todos aqueles que se dedicaram, assumindo grave risco, à salvar as vidas de seus compatriotas.
1) O Ministro Luis Henrique Mandetta foi exceção
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