Muito se ouve sobre a ameaça de Golpe de Estado que ronda a República. Bolsonaro, em inúmeras ocasiões, acena com ameaças à integridade democrática. Frases como "o meu exército", "não haverá eleição", "assim não dá" e outras exibem o animo totalitário do capitão que já tentou, no passado, lançar bombas.
E, enquanto a atenção da sociedade é distraída pelas veladas ameaças, o Golpe já vem sendo desferido em ambiente aveludado, atrás das cortinas espessas da baixa-politica.. Em vez de recorrer aos Panzer e canhões de grosso calibre, a nova tática determina o "comer-se pelas beiradas". Os Partidos esfomeados por benesses encontram alimento na troca de votos, banqueteando-se na meia luz de emendas secretas.
Michel Temer, até então ator menor na cena política, revelou-se eficaz na correção do rumo estapafúrdio deixado por Dilma. No rescaldo das Pedaladas e do consequente Impedimento buscou em audaciosa PEC conter o insaciável apetite orçamentário dos governantes e resguardar o erário das aventuras inflacionárias.
Mas o Tenente, travestido em Capitão, cavalgando o lombo indócil da competição eleitoral, abocanhou o Poder mediante promessas não cumpridas. Da acenada Economia Liberal nada mais resta; Guedes, transformado em Sancho Panza de um Quixote aloprado, joga fora a chave do cofre após desmontar a fechadura.
Para abrir mais espaços eleitorais, promove o calote "precatorial" sobre aqueles que tem, legitimamente a receber do governo. Abre, assim, o espaço pelo qual infiltra mais cem reais para o povão, àquele que desprezava quando vilipendiava o outrora Bolsa Família. Tudo pela reeleição.
E surge nova figura, que toda a malícia anterior, tão presente no Brasil, não tinha, ainda, vislumbrado. Cria-sa, em aliança urdida pela dupla Lira-Bolsonaro, o Orçamento Secreto, onde emendas feitas à socapa, fazem a festa de poucos às expensas da República. Quem recebe? Não se sabe. Para que? Não se sabe. Quanto? Não se sabe.
Já já a balança da Justiça sentirá o peso de sua mão, ao substituir os Ministros do Supremo que se aposentam em futuro breve por seus "minions". Seguirão eles os passos firmes do Ministro Cassio com K.? Como atuará a Justiça com sua Venda e Espada nas mãos de Jair Bolsonaro? Beware of Cassius, he is a lean and hungry man..."¹
E o golpe de misericórdia é desferido ao ingressar nas fileiras de um partido decadente, antes respeitado, que chafurda na iniquidade moral, arrastado pelo enlameado Waldemar.
Será um retrato ou um Meme que será pendurado nas paredes institucionais da Nação, quando em 2023 será entronizado Jair Mito? Dono das esperanças, não apenas daqueles mais primários que lhe dedicam devoção cega, mas daquela parte da elite que, para proteger seus anéis, perderão os dedos, e, talvez, o pescoço.
¹) William Shakespeare - Julius César
2 comentários:
Parabéns pelo artigo, Pedro
Artigo de notável perspicácia e lucidez:sintetiza com maestria o impasse institucional que paralisa o nosso país.
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