Submetida a proposta de criação do Estado de Israel em Assembleia Geral das Nações Unidas presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha, recebeu ela aprovação majoritária. Reconhecia, também, o direito aos Palestinos de criarem sua Nação. A moção recebeu contundente maioria, validando a proposta que atenderia as duas facções Semitas.
Relevante, contudo, foi a abstenção da Grã Bretanha que recebera, ao derrotar o Império Otomano na guerra 1914/1918, o mandato para governar a então denominada Palestina, incluindo tanto o Israel moderno quanto a hoje denominada Cisjordânia.
Profundo conhecedor da geopolítica da região, Whitehall previa com clareza as ondas centrifugas que se formariam a partir de um projeto que, pela artificial e impositiva repartição de terras já possuídas, estar-se-ia redistribuindo e confiscando direitos centenários já estabelecidos. Cumpria, então, buscar-se o reequilíbrio das até então irreconciliáveis forças econômicas, políticas, religiosas, culturais e raciais.
E quem habitava, ao término do Século XIX, a região que hoje engloba Israel e Palestina? A melhor fonte para conhecer-se a evolução demográfica da região então denominada Palestina, provém dos registros oficiais do "British Mandate", cuja administração lhe fora designada após a derrota da Turquia em 1918.
Importante observar a distribuição Árabe-Judaica (ambos Semitas) na região, tendo por origem a Diaspora dos Judeus em 70 DC, imposta pelos Romanos.
Árabes Cristãos Judeus % (Judeus/Palestinos)
1800 246.000 22.000 7.000 2,8
1890 432.000 57.000 43.000 9,9 (início do movimento Sionista)
1931 760.000 89.000 175.000 23,0
1947 1.181.000 143.000 630.000 53,3 (véspera da criação de Israel em 1948)
2006 1.330.000 5.670 000 326,3 (inversão: maioria Judaica)
2020 1.890.000 6.884.053 264,2
Estes registros oficiais revelam que desde a Segunda Diaspora, que se seguiu à expulsão do povo Judeu das terras de Israel pelos Romanos, foi ele condenado à busca, mundo afora, de novo lar. Esta dispersão deu-se, sobretudo, no Oriente Médio, no Norte da África e na peninsula Ibérica.
Os recém chegados encontraram guarida e inserção, mediante imposto específico, nas regiões e sociedades dominadas pelos Árabes, onde, apesar da diferença de crença, obedeciam ao princípio monoteísta por fazer parte do "Povo do Livro" que Maomé venerava.
Já, no continente Europeu, ao tempo da Reconquista Cristã (a expulsão dos Árabes da Península Ibérica) instalou-se o pleno domínio da Inquisição e a resultante perseguição de Judeus e Muçulmanos.
Ainda, de relevância histórica, tem-se o início do Movimento Sionista ao longo do Século XIX, promovendo a imigratório em direção às Terras Bíblicas. Terminada a Segunda Guerra Mundial (1939-45), palco do bárbaro genocídio Judaico, tem-se, em maio de 1948, a criação do Estado de Israel.
Acentua-se, assim, o processo de absorção e aquisição das terras Bíblicas dando início à reconfiguração geográfica e demográfica da então Palestina, resultando na queda proporcional de árabes na composição demográfica em Israel (vide acima).
Por outro lado, as terras alocadas pelas Nações Unidas à população Palestina não merecem proteção. Ultrapassando as décadas que medeiam a criação de Israel e os dias de hoje, constata-se o ininterrupto sequestro de terras árabes na Palestina, sem amparo na Lei Internacional que regula a integridade da Cisjordânia Palestina. (ver mapas abaixo).
Exercendo o Direito do Conquistador, as regras sobre toda a região Palestina (em verde, no mapa acima) são estabelecidas e impostas, direta ou indiretamente, pelo governo Israelense. Ainda hoje, o Estado de Israel promove continua instalação de novas "colônias" judaicas em terras de propriedade Palestina, assim desmontando sua continuidade e conexão geográfica, cultural, econômica e política.
Naquela diminuta região, tem-se 2.600.000 Palestinos e 420.000 mil "colonos" Israelenses, estes em contínuo crescimento. A prosseguir a imigração Judaica em direção às terras Palestinas, conforme formalmente anunciado pelo atual governo de Naftali Bennett, parece razoável prever-se para breve um ponto de ruptura humanitária.
Áreas habitadas por Palestinos (base amarela/vermelho), a Azul sob controle Israelense. Revela a descontinuidade das comunidades palestinas causando grave dano humano e administrativo.
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