quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Roupa suja



Há um centenário ditado que diz: Roupa suja se lava em casa. As invectivas lançadas a partir do exterior pelos dois candidatos à presidência do Brasil em nada enalteceu a Nação brasileira. Porém, a viagem empreendida por estes dois políticos revelou como os dirigentes das grandes nações percebem o Brasil de hoje e seus representantes. 

Por bom motivo, pois, como diz um outro ditado, este em inglês: familiarity breeds contempt. A divulgação das nódoas e manchas íntimas  reduz o respeito alheio. E Respeito é um bem inestimável, gera capital moral que indica credibilidade, sugere confiança, fatores básico à todo projeto político.  Abrem portas ao dialogo e parcerias e fecham as janelas contra a intrusão da malícia. Preserva a unidade íntima e coletiva, seja ela familiar, seja política, potencializando a probabilidade de sucesso.

O Brasil não ganhou com esta disputa vociferante além fronteiras. Fossem mais patriotas, os querelantes teriam sido mais contidos.

Porém algo se apreendeu neste episódio. Constatou-se que o atual Presidente abandonou a audiência Europeia, que representa a nata cultural, financeira e comercial do planeta, intimidado pela reação negativa com que lá poderia confrontar-se¹. 

Preferiu visitar os Sheiks das Arábias para "vender", ou pedir, não se sabe bem o que. Resguardados por implacáveis regimes feudais, onde o assassinato de inimigos é soterrado sob opaca censura, Jair demonstrou simpatia e empatia. O que de lá trouxe de volta não se sabe; acordo comercial, investimentos relevantes para nosso país? Ou boas memorias de um belo passeio de motocicleta?

Enquanto Jair se esforçava, Lula, em hábito austero, expressão cordial porém contida, visitava os salões do poder europeu. Escudado na Esquerda do Continente e valorizado pelo respeito à Democracia,  assegurou recepção cordial. Recebido pelo futuro Primeiro Ministro Olav Scholz e pelo presidente francês, Emanuel Macron, Lula transmite ser uma persona madura, equilibrada, respeitada nos corredores do Primeiro Mundo, alheios às falhas do seu grave comportamento ético. 

Nada podia oferecer, nada prometer, mas sua presença relembrou a simpatia ao Brasil que sempre inspirou a Europa². A ovação recebida no Parlamento Europeu seria um mélange de apreço à um e desapreço à outro.

E a viagem terminou, ambos estão de volta. O que terá Jair Bolsonaro obtido para o país?  O que ganhou? O que perdeu? Fechou bons negócios, algum tratado, alguma promessa, algum acordo? Ou terá sido mero engodo para não submeter-se às criticas e antipatias europeias?


1) Interessante seria conhecer-se os memorandos do Itamaraty, preparatórios para a visita do Primeiro Mandatário às capitais Europeias.

2) O Brasil foi o único pais Latino Americano que enviou tropas para combater o Nazismo.


   

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