Não são poucas as pessoas que defendem privatizar a distribuição das vacinas. O argumento parece bom, pois defende a liberdade de cada um em obter a própria proteção. Afinal, somos um país de livre mercado.
Porém, importante parece ser examinar o contexto que envolve esta pandemia e a disponibilidade das vacinas. Preliminarmente, a vacina anti-Covid19 não é um produto qualquer pois a urgência de sua oferta está ligada à sobrevivência de relevante parcela da humanidade.. Assim, a presteza, qualidade e quantidade de sua produção e distribuição não pode se restringir aos procedimentos habituais para os demais bens, onde o Mercado determina em que valores e quantidade será o produto disponibilizado e qual a mobilização industrial necessária à sua produção.
Hoje, tais regras não se aplicam à vacina. Enquanto a demanda abrange a totalidade da população mundial, operada e concentrada em governos, a oferta do produto é limitada pela insuficiente capacidade industrial nos países que dominam sua produção.
Para encontrar o equilíbrio entre demanda e oferta, neste caso, o "preço de mercado" não tem validade dada a imperfeição do equilíbrio desejado. Este distanciamento entre oferta travada e procura ilimitada, impõe ação mediadora que só uma autoridade arbitral será eficaz, ou seja, os Governos ou uma entidade supranacional como as Nações Unidas.
Se deixada a determinação do preço ao Livre Mercado, a demanda do topo da pirâmide econômica elevaria o preço da vacina muito além da capacidade de compra dos segmentos mais pobres. O capital disponível ao segmento capitalizado dominaria a oferta, deixando a massa pública sem acesso e sem um sistema de priorização na sua distribuição, digamos, por idade conforme ora feito.
Tivesse o Brasil já aderido ao forte grupo que propõe a liberação das patentes anti- Covid 19, permitindo uma forte aceleração na produção da vacina o gargalo hoje existente seria alargado e, posteriormente, eliminado. Tal ocorreu durante outras epidemias, com efeito positivo na estabilidade do preço e na velocidade de produção, esta multiplicada dentre as diversas nações com capacidade produtiva.
Não se trata de uma medida socialista ou comunista, mas sim de uma solidariedade essencial aos interesses de todos aquelesos que compõem a sociedade. É essencial dar-se prioridade à velocidade no combate deste Virus. Quanto mais perdurar esta pandemia, aumenta exponencialmente (o que já se observa) a criação de novas variantes do virus.
Se assim for, por sequência lógica, tornam-se elas progressivamente mais resistentes às vacinas anteriores, assim impondo a criação de novas vacinas em ciclo vicioso sanitário. O resultado seria catastróficos para a humanidade. Tal cenário de crescente contaminaçãpo é tornado possível, se não provável, pela crescente interconexão global no trânsito humano, abrangendo raças, culturas e hábitos diversos que ifacilitam a geração de novas infecções.
Porém, não deve ser ignorado o custo incorrido e por incorrer pelo setor privado na pesquisa, produção e distribuição das vacinas em questão, o que exigirá o aperfeiçoamento de fórmula compensatória, cujo onus seria arcado pelo Tesouro dos países beneficiados.
2 comentários:
Tem mais um problema. Se só alguns vacinam os seus ou a sua elite, o vírus não some, ao contrário, cria variáveis forte e mais contagiosas para seguir vivo, na medida em que milhões de pessoas, do seu ou de outros países, seguirão sem vacina. A Pfifer e a Astrazeneca já se recusaram a vender ao privado. Alguns países, Espanha, por exemplo, começam a defender a abertura de patentes.
Concordo plenamente, Zibi, creio que estes pontos são abordados no final do artigo.
Pedro
Postar um comentário