sábado, 20 de junho de 2020
Dose Dupla
O que caracteriza uma boa ficção, dentre outros aspectos, é a intensidade do relato, cheio de surpresas, tensão, perigos iminentes, escapadas, etc... Pois, no caso da presidência Bolsonaro a realidade supera a ficção, trazendo a baila personagens que bordejam o absurdo, alocuções que trancendem a verosimilhança, e gestos surrealistas que desafiam o crível.
Encurralado por seus próprio atos e palavras, Jair Bosonaro traz sobre si uma crescente onda de rejeição por aqueles que o apoiaram nas primeiras horas, que veem o governar como uma atividade a exigir o conhecimento, a calma, o bom senso que permitam a identificação, a análise e a implementação de iniciativas em beneficio da República e de seu povo.
Nada mais longe do que hoje se observa no país. Na semana que se encerra duas ocorrências derramam sobre a sociedade a intranquilidade que decorre de decisões e ações do primeiro mandatário.
A expulsão do Ministro Weintraub põe a nú a incompetência que envolve sua nomeação. Tendo por galardão intelectual sua filiação às teorias de Olavo de Carvalho, onde o mundo terra-planista exige o combate às ameaças conspiratórias de forças globais inominadas, (ou nem tanto, uma vez que as Nações Unidas é identificada como o foco contaminador) o Ministro da Educação não teve tempo de cuidar de sua Pasta. Ocupado estava em identificar e combater os inimigos do governo, onde os Minstros do Supremo Tribunal Federal despontavam, face à oposição destes às mensgens anti constitucionais que dele emanavam.
Não soube avaliar a realidade, traço constante do atual governo, e viu-se interpelado e ameaçado pelo ápice do Judiciário. Nem ele nem seu mestre, o Presidente, tiveram a força necessária para resistir a indignação moral e o repúdio legal. A demissão tornou-se necessára, mas não antes de,em fuga precipitada, embarcar o Sr.Weintraub, ainda com a imunidade que lhe dava o cargo ministerial, rumo aos Estados Unidos para reunir-se com seu mentor. Tenta escafeder-se de suas reponsabilidades legais, mas resta a dúvida se terá sucesso pois suspeita-se sua cumplicidade na disseminação de fake news e ameaças às intituições.
Porém, nesta semana quase burlesca, mais haveria de surgir...
Na esteira deixada por incúria prenha de consequências, onde as denuncias de "rachadinha" atingiam o Senados Flavio Bolsonaro ao encerrar-se 2019, foram elas desprezadas revelando a crença que tanto o poder como o tempo apagariam as pegads da eventual impropriedade.
Mas assim não foi. De ferida à câncer cresceu o episódio, hoje alastrando-se em incontida metastase; Desde os emaranhados da reles gatunagem, onde o funcionário é obrigado de compartilhar seus ganhos com o chefe, até a suspeita associação com a criminalidade miliciana, o quadro torna-se cada vez mais sombrio.
Apos esconder-se durante perto de um ano em propriedade pertencente a advogado da família Bolsonaro, exilado no modesto interior pouco propício para escolha de temporada lúdica, Fabricio Queiroz é descoberto pela Polícia Federal. As revelações porventura obtidas, dele e da ainda foragida esposa, prometem angustia nos andares superiores da República, e, que se diga, da cidadania atônita.
Cabe um apelo cívico e construtivo: Presidente Bolsonaro, governe sem atrito dentro dos limites constitucionais, onde os Poderes da República se respeitem e onde as divergências se contenham nos limites do vernáculo respeitoso. A Nação agradece.
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2 comentários:
Boa noite Pedro.
Impecável sua abordagem.
Que triste realidade, e que futuro sombrio nos espera.
Abs
Elenice Milani
Infelizmente, Nice, nestes momentos as más notícias preponderam. Mas o amanhã será melhor.
Abraço meu e de Adriana
Pedro
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