Na semana passada esta
coluna comentou os eventos recentes que têm por resultado o
enfraquecimento da Democracia. Parece haver uma tentativa de gradual desmonte do edifício institucional pela desmoralização intencional de suas estruturas fundamentais. A tarefa empreendida por Bolsonaro et caterva não parece árdua, uma vez que os
recentes eventos de repercussão política parecem se direcionar, com sucesso, à
anomia política. A insubordinação das polícias em vários
Estados, as manifestações contra as principais instituições do
país, como a passeata conclamada pelo próprio Presidente da
República para denegrir o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, distancia-se gradualmente da liturgia e da mecânica
necessária à Democracia.
Culpa a Justiça e o Congresso por estorvar-lhe a capacidade de governar, mas recusa reconhecer que seria ele próprio o elemento mais contundente na geração de desavenças com os parlamentares. Ainda, revelando desprezo às regras do jogo, deu-se ao luxo, por impulso que lhe caracteriza a personalidade, de desmontar sua própria base parlamentar ao implodir o PSL, partido que lhe viabilizava o embate político.
Vale, contudo,
parafrasear Winston Churchill, onde se a Democracia por vezes deixa
muito a desejar, é ela o melhor dos sistemas políticos. Porque?
Porque preserva, institucionalmente, as liberdades individuais
contrariamente aos governos impositivos onde somente os apaniguados
e os grupos de apoio merecem tratamento preferencial relegando os
demais às duras penas da Lei impositiva, criada nos sombrios laboratórios da
pretensa “Segurança Nacional”.
Todo cidadão deve lembrar-se que nos governos de força
a dissidência significa crime e a Justiça torna-se Injusta. Como
desdobramento, sem ela sofre o convívio pessoal e institucional pois
as opções, as alternativas, as referências se congelam e
unificam sob o peso do ubíquo Poder Central.
A patuscada promovida
pelo Presidente da Republica Federativa Brasileira à frente do
palácio do Planalto, onde um humorista trajado como se Presidente
fosse, distribuindo bananas físicas em substituição ao gesto,
revela até onde Bolsonaro parece ir para desmoralizar as
instituições democráticas, no caso, a imagem de sua própria
presidência da República. Ora se o próprio ocupante do cargo
dele debocha será porque deseja outra posição na hierarquia do
país, a de Ditador?
Sempre presente, o guru Olavo de Carvalho tem sob sua custódia
ideológica a Câmara Palacial que abrange pai e filhos, que, por sua vez, cercam-se de seus seguidores. Olavo pouco parece ter de democrata; pelo contrario, acuado, aparentemente, por fragilidade persecutória raciocina sobre seus próprios temores, eivados de perseguições
e conspirações; almeja e propõe a segurança que só o governo
forte lhe dará. Tudo indica que seus discípulos lhe serão fiéis.
Domingo próximo
saber-se-á até onde vai o apoio popular ao caleidoscópico Jair Messias Bolsonaro?
Até que ponto sua credibilidade estará preservada? As respostas servirão como elemento de persuasão ou dissuasão
para os próximos passos políticos de um Presidente em busca de uma
razão existencial.
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