quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Autoridade desvirtuada

Resultado de imagem para foto Bolsonaro


Nesta semana a tranquilidade política tão desejada pelos cidadãos de bem, mais uma vez foi comprometida. O evento foi a perigosa ocorrência em Sobral, Ceará, onde um senador, foi alvejado por policiais rebelados. Até que ponto Cid Gomes, sem autoridade para tal, deveria ter chegado em sua tentativa de adentrar, com a ajuda de um trator, o quartel da Polícia Militar?

Apesar de ilegal, a resistência dos grevistas militares  poderia ser, senão aceita, tolerada para que uma solução negociada se tornasse possível. Uma troca de cascudos e empurrões seria apenas isto, choque de vontades conflitantes sem grandes consequências. Porém, o uso de arma de fogo, duas perfurações a bala perto do coração politico do Senador, foi muito além do admissível. Transformou-se em tentativa de assassinato por elemento fardado. Perpetrado por servidor público com a missão de combater o crime e preservar a Paz.

O ato criminoso assumiu contorno judicial e, igualmente, político. O ambiente político que parece estimulado pelo atual governo valoriza a violência, o atirar para matar. A habitual e  emblemática gesticulação do senhor Presidente e de sua entourage é clara, neste sentido. As ligações, tênues ou não, com o estamento para-militar, vide milícias,  refletem um beneplácito  oficial para com a violência, bem como uma ligação afetiva para com o uso da força, seja ela legítima ou não.

Existe na atmosfera política uma complacência para com o estamento policial-militar que pode se tornar uma  espécie de estímulo oficial à violência. Tal movimento se reforça com a Bancada da Bala onde objetivos que visam a Lei e a Ordem, por primários que, por vezes, possam ser, se misturam com a captação de votos das corporações policiais.

Tal ambiente favorece a indisciplina, a qual já tem se evidenciado no passado recente, tanto no  Nordeste quanto no Espírito Santo.

As últimas declarações do Ministro da Defesa, ao se referir à reação dos policiais em Sobral,  refletem tibiez que, poderia ser interpretada, erroneamente,  como tolerância, o que poderia sugerir simpatia para com os militares sublevados. Basicamente, disse que o assunto deve ser resolvido entre  as partes.  Em nenhum momento determinou a prisão do(s) culpado(s) pela tentativa de assassinato.

Deduz-se, então, que a leniência parece prevalecer no âmbito governamental, o que servirá para aguçar os ânimos indisciplinados e a violência em outras manifestações do gênero.

O General Azevedo Silva terminou seus comentários ao afirmar que a democracia não corre qualquer perigo. Data vênia, talvez o General deva se aprofundar nesta análise.  Observa-se mensagens explícitas ou veladas em apoio crescente aos protestos polícias, sejam no trato de sua remuneração, contida pela penúria orçamentária, seja na leniência quanto a manifestações agressivas.

Em sintonia, observa-se a proliferação de  manifestações críticas e desrespeitosas às instituições republicanas. O protesto, e até mesmo o ódio são manifestos na imprensa escrita e falada, ambas sob continua fustigação, e na "imprensa" eletrônica, onde o Congresso e o Superior Tribunal Federal são tidos como, não apenas supérfluos mas obstáculos aos desejos "superiores" do país.

A combinação dos dois fatores, o enfraquecimento das agências que provém a  Lei e a Ordem e a tentativa de desmoralização das Instituições Republicanas, resultam em terreno fértil para tentativas autoritárias às expensas da democracia.

Em tempo: O Presidente Bolsonaro convoca manifestação pública contrária ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal.


Um comentário:

Unknown disse...

NOS USA não teriam errado era chumbo na testa mesmo. Desde quando qualquer um pode avançar contra a POLICIA DE RETRO ESCAVADEIRA. Frouxidão com esta é que permite ROUBOS E ABUSOS. Tolerância ZERO