segunda-feira, 30 de março de 2020

O Vírus da Depressão Econômica



É com especial prazer que este Blog publica as observações do Prof. Julian Chacel, economista  de renome, sobre o momento desafiador que enfrenta o planeta.



O Vírus da Depressão Econômica

Coronavírus




Antes mesmo de espraiar-se a infestação pelo vírus surgido na China, a Economia Mundial dava sinais de arrefecimento calcado sobretudo no frouxo desempenho da União Europeia. Agora, em face do alarme mundial onde, num mundo globalizado, fronteiras são fechadas aos não nacionais e internamente Governos restringem a movimentação das pessoas como medida preventiva da saúde pública, desenha-se um quadro global de agravamento do nível de atividade econômica.

A globalização não é apenas um fenômeno entre Nações da interdependência das combinações de fatores para produzir bens e serviços, que os economistas denominam “funções de produção”. É também um intenso movimento de pessoas cruzando fronteiras e saltando de um Continente a outro. A circum-navegação idealizada por Fernão de Magalhães consumiu três anos; hoje é possível dar a volta ao Mundo em quarenta horas. É na revolução dos meios de transportes, como vetor, que encontramos a explicação para a rápida propagação das doenças infectocontagiosas.

As providencias para conter a progressão do vírus e dar tempo à Ciência para, ao decompor o genoma do vírus, chegar a uma vacina com eficácia comprovada demandam experimentos minuciosos e demorados. Entrementes as ações mais imediatas estão centradas na restrição à livre circulação das pessoas.

No processo de desenvolvimento econômico um sinal exterior do desenvolvimento é, na formação do Produto Interno Bruto (PIB) o aumento, na matriz da economia, da proporção do setor serviços sobre o setor industrial. E no primeiro momento de uma infestação por vírus são o turismo, o comercio varejista, a restauração e as atividades culturais as áreas mais atingidas pelas medidas impostas para conter a expansão do vírus, medidas que resultam em redução ou mesmo suspensão de atividades.

Para usar uma linguagem própria do momento, a Economia Mundial está diante de um caldo de cultura próprio da Depressão. Lideres das Economias mais avançadas comparam a situação que se desenha a de uma Economia de Guerra.

Em nosso caso, onde a atividade econômica está frouxa e o desemprego da força de trabalho alto, não parece diante das circunstâncias aqui expostas, ser boa política insistir no equilíbrio fiscal. Ao invés, a política deveria ser de gastos compensatórios e moratória seletiva. O vírus da depressão reaviva a memória de Lord Keynes.



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