É com especial prazer que este Blog publica as observações do Prof. Julian Chacel, economista de renome, sobre o momento desafiador que enfrenta o planeta.
O Vírus da Depressão Econômica
Antes
mesmo de espraiar-se a infestação pelo vírus surgido na China, a
Economia Mundial dava sinais de arrefecimento calcado sobretudo no
frouxo desempenho da União Europeia. Agora, em face do alarme
mundial onde, num mundo globalizado, fronteiras são fechadas aos não
nacionais e internamente Governos restringem a movimentação das
pessoas como medida preventiva da saúde pública, desenha-se um
quadro global de agravamento do nível de atividade econômica.
A
globalização não é apenas um fenômeno entre Nações da
interdependência das combinações de fatores para produzir bens e
serviços, que os economistas denominam “funções de produção”.
É também um intenso movimento de pessoas cruzando fronteiras e
saltando de um Continente a outro. A circum-navegação idealizada
por Fernão de Magalhães consumiu três anos; hoje é possível dar
a volta ao Mundo em quarenta horas. É na revolução dos meios de
transportes, como vetor, que encontramos a explicação para a rápida
propagação das doenças infectocontagiosas.
As
providencias para conter a progressão do vírus e dar tempo à
Ciência para, ao decompor o genoma do vírus, chegar a uma vacina
com eficácia comprovada demandam experimentos minuciosos e
demorados. Entrementes as ações mais imediatas estão centradas na
restrição à livre circulação das pessoas.
No
processo de desenvolvimento econômico um sinal exterior do
desenvolvimento é, na formação do Produto Interno Bruto (PIB) o
aumento, na matriz da economia, da proporção do setor serviços
sobre o setor industrial. E no primeiro momento de uma infestação
por vírus são o turismo, o comercio varejista, a restauração e as
atividades culturais as áreas mais atingidas pelas medidas impostas
para conter a expansão do vírus, medidas que resultam em redução
ou mesmo suspensão de atividades.
Para
usar uma linguagem própria do momento, a Economia Mundial está
diante de um caldo de cultura próprio da Depressão. Lideres das
Economias mais avançadas comparam a situação que se desenha a de
uma Economia de Guerra.
Em
nosso caso, onde a atividade econômica está frouxa e o desemprego
da força de trabalho alto, não parece diante das circunstâncias
aqui expostas, ser boa política insistir no equilíbrio fiscal. Ao
invés, a política deveria ser de gastos compensatórios e moratória
seletiva. O vírus da depressão reaviva a memória de Lord Keynes.
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