domingo, 2 de fevereiro de 2020

A MORTE DE UM SONHO

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Ainda, é apenas um plano. Caberá ao Knesset, o parlamento Israelense, a aprovação e sua implementação. Porém, vale uma análise, desde já , de tão nefasto projeto.


Uma semana após as celebrações às vítimas do Holocausto, constata-se que o sofrimento não é monopólio de uma só raça. Anunciado pela dupla Donald Trump e Benjamin Netanyahu, anuncia-se a violação de uma nação em busca de sua legitimação, conforme determina a Lei Internacional. Trata-se de subtração escancarada de terras reconhecidas como palestinas pelas Nações Unidas, sob o pretexto de assegurar a segurança daquele que detêm o mais amplo poder, o Estado de Israel.

Baseado em  lógica distorcida o propalado Plano de Paz agora apresentado ao mundo, inverte a ordem dos fatores  para explicar o inexplicável. O plano, pelo contrário do que diz pretender, promete  rebelião e mortes. Nada é mais sagrado,nas sociedades do que a terra dos antepassados. De seu desvio decorre, não tão somente, a indignação, mas, também, a pobreza e a instabilidade social e política. Este será o cenário instável, em torno do qual Donald e Bibi pretendem construir o sempre crescente Estado de Israel, em cujo lado deveria existir, por determinação legal, o Estado Palestino.

Da forma proposta, onde as colonias judaicas se ilegalmente se incorporaram ao Estado Judeu, o Estado Palestino na Cisjordânia vê-se bissectado, uma vez que o pleno acesso à totalidade de seu territória torna-se estrangulado pela nova realidade geográfica. Sim, porque um estado Palestino, condenado às limitações decorrentes do seu virtual encarceramento pelo Estado de Israel, perde qualquer possibilidade de atingir sua real independência, seja política, seja econômica.

Na Cisjordânia, além da perda de sua capital em Jerusalém-Leste, esta a ser transferida para um bairro  distante de sua localização histórica,  a incorporação israelense da banda oeste do Rio Jordão retira ao Palestino acesso independente à Jordânia e ao mundo exterior. Nenhuma das fronteiras propostas oferece o livre trânsito internacional sem que mereça autorização expressa e limitada  de Israel. Trata-se, na prática, de uma prisão erguida para conter 5 milhões de almas.

Perseguindo a política semelhante à busca do Lebensraum nos idos da Segunda Guerra Mundial, Netanyahu nada mais faz do que apossar-se de terra alheia.

Já ao Oeste Palestino, a Faixa de Gaza  permanece cercada por Israel e Egito e com acesso limitado e controlado à Cisjordânia. Já, a liberdade marítima ao Mediterrâneo lhe é negada pela marinha israelense. Os dois territórios que seriam criados e  cedidos à Palestina no Sudoeste da Faixa de Gaza, se destacam pela extrema aridez daquela região que impede o sucesso econômico.

O plano urdido pela dupla Donald/Bibi, cujos nome e apelido sugerem, erroneamente, dois gnomos  carinhosos, faz lembrar o estrupo da Checoslováquia por Hitler, onde o resto do mundo civilizado se dava por convencido de suas boas intenções. Chegando a Londres, vindo da Conferência de Munique em 1938, o Primeiro Ministro Britânico Neville Chamberlain exclamava: "Peace in our time". Ledo engano, meses depois iniciaria-se a guerra de conquista Nazista.

Pergunta-se, até onde se propagará a ambição territorial de Israel? A península do Sinai, a Jordânia, o Sul do Líbano, as Colinas do Golan já estiveram, no passado, sob as esteiras dos tanques israelenses. Retrocederam por pressão internacional. E se esta não mais existir?

O silêncio que se observa nos forums internacionais face tal iniciativa expansionista, seja por intimidação face aos poderosos, seja por solidariedade com um povo que há muito sofreu (o que não impede que seus líderes, hoje, façam os demais sofrerem), seja por descaso ou ignorância,  gera uma passividade que não condiz com a afronta à Lei Internacional.

Em epilogo, transcreve-se, abaixo, breve comentário do respeitado jornal Israelense:

Opinion - Ha'aretz*


Why Trump's Apartheid Peace Plan Is So Dangerous – and Not Only for Palestine

Last Palestinian envoy to DC: The Trump team endorsing a one-state Greater Israel isn’t surprising: they're diehard settlement supporters But their flagrant attack on international law have repercussions far beyond Palestine









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