domingo, 16 de fevereiro de 2020

Verboragia e outros pecados

O atual governo tem qualidades e defeitos. Dentre estes últimos observa-se a singular impropriedade na escolha de palavras pelos expoentes da equipe que forma o governo. Já tornou-se hábito o brasileiro acordar e, ao ler seu jornal, surpreender-se com frases esdrúxulas proferidas pelos líderes da nação.

Como líder de sua equipe, o senhor Presidente tanto emite sábios comentários sobre a ecologia, vide "a porra da árvore", como, já no terreno da política externa, externa sua opinião desfavorável  sobre a beleza da Primeira Dama francesa. Usa e abusa da palavra "vagabundos" quando se refere à oposição  e fecha com chave de ouro seus comentários aos jornalistas: "Tá OK ?"

Já, o Ministro da Deseducação, cujo nome Winetraub¹ sugere permanente estado etílico, agride tanto a escrita quando a fala, além de revelar insuspeita imaginação ao enumerar os bem feitos de sua administração.

A bem da verdade,o Ministro das Relações Exteriores exibe impecável vernáculo para com ele pronunciar lamentáveis sandices. Adepto ao Terra-planismo, dilui alianças históricas essenciais à segurança e bem estar do Brasil.  Revela-se impiedoso para com o Barão do Rio Branco  que, tendo subido aos céus por serviços prestados à Nação, sofre inesperada tortura pelo desmonte de seus ensinamentos.

Até mesmo o competente ministro da Economia, Paulo Guedes, se deixa, por vezes, levar pelo clima prevalente de despreocupação verbal. Compartilha com seu chefe um certo carinho pela palavra "vagabundo" quando se refere aos menos favorecidos, como se o insucesso financeiro revela-se mau carácter. Referencias descuidadas e incontidas quanto à nobre profissão de bábá (pois são elas por vezes flagrada nos vôos que demandam a Disneyland) e o uso da alcunha de "parasita" ao se referir à nem sempre tão nobre classe dos burocratas, tornam-se embaraçosas e de alto custo político. Diz que não quiz dizê-lo, porém, identificado,  o lapso Freudiano parece condená-lo.

Em ambiente conturbado, seja pela ainda  tímida redenção econômica, seja pelas reforma tributária e administrativa ainda por fazer, seja pela turbulenta situação internacional, seja pela ameaça de uma pandemia, o futuro próximo revela-se de mau humor.  Todo cuidado é pouco...

1. Corruptela de "vinho-uva"

Nenhum comentário: