domingo, 15 de dezembro de 2019

Uma nova Albion


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Desde os tempos imemoriais a espécie humana caminha na direção da solidariedade, na comunhão dos interesses como forma de atenuar, senão abolir, os conflitos. Desde o caçador-coletor que se juntavam em tribos, subordinando os interesses meramente individuais ao interesse coletivo, desde as cidades-estado que se uniram à países buscando sinergia econômica e crescente segurança, e, em último estágio civilizatório, chega-se ao estágio onde países se unem em confederação tal qual a União Europeia, cimentando a identidade de valores, derrubando a hermeticidade das culturas, abandonando a inviolabilidade das fronteiras em busca de solidariedade econômica, cultural e política.

Porém, ontem, o voto britânico anunciou o que poderá vir a ser o início da derrocada do excepcional e admirável projeto  que, ao amalgamar 520  milhões de seres em 28  nações, soube conciliar  os seus interesses heterogêneos permitindo o exercício da solidariedade política e econômica, em formulação nunca antes vista no planeta.. Difícil será avaliar a intensidade das ondulações causadas pelo Brexit.; outros países seguirão a Grã Bretanha, quais, de que forma?

Ao observador, parece surgir uma nova tendência internacional onde os Johnsons e os Trumps buscam trazer de volta  o passado, àquele que pelas rivalidades estimuladas por uma valorização de um patriotismo hermético poderá degradar o fluxo político-comercial internacional decorrente do reconhecimento de interesses comuns  e do diálogo dele resultante. 

Qual será a formulação final adotada por Londres ao renegociar as novas fronteira politicas e econômicas com a União Europeia? As opções ainda estão em aberto mas a paciência política dos negociadores de ambos os lados parece esgaçada. Soft ou Hard Brexit, that is the question?

Seja qual for o caminho escolhido ter-se-á uma Grã Bretanha  buscando seu lugar no mundo. Uma aliança preferencial com os países de língua inglesa, as Cinco Irmãs; a transformação da City como centro de um novo e supremo refúgio dos capitais irrequietos; o centro mundial  do liberalismo econômico? Talvez estas e muitas outras iniciativas estejam por vir.  Imprudente será quem esperar da Inglaterra inercia e submissão.

Londres terá que recompor sua identidade. Buscará no passado a política pre União Europeia,  em permanente busca do "Balance of Power", que favoreça o equilíbrio de forças no continente mediante o jogo de alianças? Buscará o enfraquecimento do rival promovendo dissidências no Parlamento europeu, talvez estimulando a defecção de países relevantes, talvez cooptando países ainda não compromissados com a União Europeia?  Quais serão as artimanhas?

No post Brexit, Albion(1) estará de volta, rejeitando irrelevância e humilhação. Resta saber se tornar-se-á Pérfida ou não.


1. "Pérfida Albion", expressão que indica a Inglaterra dado às encostas e penhascos brancos de Dover.









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