quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Elasticidade



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Foram enormes os avanços na compreensão dos fatores que influem no processo econômico da sociedade. A ascensão de economistas na composição do quadro de governantes tornou-se essencial ainda que a contribuição recebida pelos governados varia de extremo a extremo, enaltecendo alguns, execrando outros. Exemplo pertinente é a comparação entre um Pedro Malan e um Guido Mantega.


Porém, além da diferença entre a capacidade daqueles que exercem a direção da economia existe também a variança entre as ideologias que enquadram os mecanismos econômicos a serem empregados, ou objetivos políticos adotados. Por vezes, um competente ministro será derrotado pela ideologia a qual é submetido; o inverso também ocorre quando um ministro mediocre terá sua insuficiência atenuada pela propriedade da escola econômica adotada.

Contudo, falar-se de objetivos econômicos sem simultaneamente levar em conta a consequência sócio-política conduz a um desequilíbrio conceitual, uma vez que é inevitável a influência que uma exerce sobre a outra. Assim, por ser a economia e a política inextricavelmente entrelaçadas, a base sobre a qual se constrói o edifício público será necessariamente instável se desprezada a compreensão do mecanismo de causa e efeito.

Tomando-se emprestado o conceito econômico de elasticidade, onde a variável preço afeta em intensidade variada o impacto sobre a demanda, este aplicar-se-ia na inter-relação política-economia. Qual seria a elasticidade política de determinado programa econômico a ser instaurado pelo governo de plantão? Qual o preço político a ser pago na escolha deste o daquele modelo perseguido pelo governo que se instala? Qual a variável de aceitação do consumidor à variação de preço? Qual a variável de aceitação do eleitor face às resultantes do modelo econômico proposto?

Ultrapassada a fase maniqueísta caracterizada pela Guerra Fria, onde a luta ideológica incorporou e congelou o confronto dos mecanismos econômicos, chega-se a uma nova fase onde o mundo moderno tende a substituir o então absolutismo ideológico pela relatividade dos métodos utilizados. As mais diferentes sociedades reconhecem a necessidade de abandonar-se a ditadura conceitual pela flexibilidade das “verdades” econômicas.

Talvez o melhor exemplo desta dualidade seja a China moderna onde a busca pela expansão econômica com estabilidade política encontrou em sistema híbrido estatal-capitalista a formula para sua sustentação. A presença estatal imprescindível para manter sob controle o aparato político, e a variável capitalista necessária à aceleração do crescimento econômico reduzindo a massa de miseráveis da China anterior. Porém, no caso chinês não existe elasticidade politica uma vez que não existe a expressão da opção democrática. A demanda está congelada. Tanto a plataforma política é imposta quanto o e a reação eleitoral é controlada.

No Brasil, o voto obrigatório conjugado ao atual cenário social onde a pobreza e o desemprego são acentuados, favorece a elasticidade do preço-demanda do produto social de movimento político de direita. Propõe-se, pois, nesta poucas linhas, que torna-se provável que a cada aumento de valor na unidade política-econômica pró concentração de riqueza mais do que proporcional será a demanda pelo voto distributivo, à esquerda do espectro político.









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