Foram enormes os
avanços na compreensão dos fatores que influem no processo
econômico da sociedade. A ascensão de economistas na composição
do quadro de governantes tornou-se essencial ainda que a contribuição
recebida pelos governados varia de extremo a extremo, enaltecendo
alguns, execrando outros. Exemplo pertinente é a comparação entre
um Pedro Malan e um Guido Mantega.
Porém, além da
diferença entre a capacidade daqueles que exercem a direção da
economia existe também a variança entre as ideologias que
enquadram os mecanismos econômicos a serem empregados, ou objetivos
políticos adotados. Por vezes, um competente ministro será
derrotado pela ideologia a qual é submetido; o inverso também
ocorre quando um ministro mediocre terá sua insuficiência atenuada
pela propriedade da escola econômica adotada.
Contudo, falar-se de
objetivos econômicos sem simultaneamente levar em conta a
consequência sócio-política conduz a um desequilíbrio conceitual,
uma vez que é inevitável a influência que uma exerce sobre a
outra. Assim, por ser a economia e a política inextricavelmente
entrelaçadas, a base sobre a qual se constrói o
edifício público será necessariamente instável se
desprezada a compreensão do mecanismo de causa e efeito.
Tomando-se
emprestado o conceito econômico de elasticidade, onde
a variável preço afeta em intensidade variada o impacto sobre a
demanda, este aplicar-se-ia na inter-relação
política-economia. Qual seria
a elasticidade política de determinado programa econômico a ser
instaurado pelo governo de plantão? Qual o preço político a ser
pago na escolha deste o daquele modelo perseguido pelo governo que se
instala? Qual a variável de aceitação do consumidor à variação
de preço? Qual a variável de aceitação do eleitor face às
resultantes do modelo econômico proposto?
Ultrapassada a fase
maniqueísta caracterizada pela Guerra Fria, onde a luta ideológica
incorporou e congelou o confronto dos
mecanismos econômicos, chega-se a uma nova fase onde o mundo moderno
tende a substituir o então absolutismo
ideológico pela relatividade dos métodos utilizados. As mais
diferentes sociedades reconhecem a necessidade de abandonar-se
a ditadura conceitual pela flexibilidade das
“verdades” econômicas.
Talvez o melhor exemplo
desta dualidade seja a China moderna onde a busca pela expansão
econômica com estabilidade política encontrou em sistema
híbrido estatal-capitalista a formula para sua sustentação. A
presença estatal imprescindível para manter sob controle o aparato
político, e a variável capitalista necessária à aceleração do
crescimento econômico reduzindo a massa de miseráveis da China
anterior. Porém, no caso chinês não existe
elasticidade politica uma vez que não
existe a expressão da opção
democrática. A demanda está congelada. Tanto a plataforma
política é imposta quanto o e a reação
eleitoral é controlada.
No Brasil, o voto
obrigatório conjugado ao atual cenário social onde a pobreza e o
desemprego são acentuados, favorece a elasticidade do preço-demanda
do produto social de movimento político de direita.
Propõe-se, pois,
nesta poucas linhas, que torna-se provável que a
cada aumento de valor na unidade política-econômica pró
concentração de riqueza mais do que proporcional será
a demanda pelo voto distributivo, à esquerda do espectro
político.
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