sábado, 3 de agosto de 2019
Aliança exótica
Já faz tempo, logo antes da eleição presidencial, esta coluna alertava para a necessidade de vir o governo Bolsonaro aprofundar-se na questão do filho Flávio. Caso contrário,aquilo que não parecia passar de uma ferida passageira, tornar-se-ia um câncer a corroer a imagem e a integridade do novo governo.
Até o momento os indícios de irregularidade no manuseio de fundos conforme revelado pelo relatório da COAF só fazem crescer. O envolvimento de pessoas que compunham o gabinete do senador bem como a negativa de seu assessor principal, Fabrício Queiroz a prestar os esclarecimentos devidos, só reforçam a crescente suspeita que haja crime. E sério.
Tem-se assim uma situação onde um governo eleito sobre a plataforma do combate à corrupção vê-se favorecido por manobra que, por sua vez, beneficia a opacidade do ambiente jurídico. A decisão do Ministro Toffoli do STF, ao obstar o pleno acesso do Ministério Púbico ao caso em pauta, não mereceu a habitual e raivosa oposição das forças mais próximas à família governante.
Pelo contrário, verifica-se uma aparente sintonia que, surpreendentemente, une esta direta, que alguns qualificam de extrema, à esquerda petista, também estremada; ambas parecem ver nas investigações que circundam o COAF perigo a ser evitado.
Além do eleitor majoritário, neste episódio frustrado por ter-se claramente manifestado pelo combate à corrupção, tem-se outro prejudicado, uma vítima inesperada: o Ministro Moro. Este singular e admirável jurista, tendo empenhado sua carreira no combate à corrupção, vê-se constrangido ao silêncio e, talvez anulado, por deparar-se à lealdades conflitantes, àquela de fôro íntimo e a outra, para com a família do presidente. Não pode ignorar que na balança pesa sua futura ascensão ao Supremo Tribunal Federal.
A Nação, ou seja, a parte deste país que deseja uma justiça operante, espera que no plenário do Supremo reverta-se a decisão monocrática, e que o Ministério Público veja-se libertado destas algemas.
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