domingo, 3 de março de 2019

Redes sociais e sombras


Artificial Intelligence, Brain, Think


A revolução digital já se instalou no planeta.Trouxe consigo maravilhas antes inexistentes. A possibilidade da comunicação instantânea e livre. O acesso à informação quase ilimitada através dos sites de busca. A organização de dados e a consequente eficiência, e inúmeros outros benefícios.

Mas dentre às dádivas insinuam-se as  distorções e imposições que passam a dominar os internautas. As redes sociais surgiram e expandiram qual virus incontrolável, arrastando idéias e opiniões em enxurrada incontida, expressas numa sub realidade digital onde a responsabilidade pelo dito se dilui pela imensidão da interlocução.

Apesar do autor exposto,  a tela torna a palavra autônoma em impessoal instrumento, desligando-se de sua origem, como se ajustada ao nível imposto pelo cadente denominador comum, pelo gradual abandono da qualidade pelo magnetismo da quantidade.

Pessoas que em condições normais de diálogo mantêm a racionalidade educada transformam-se, diante da tela acesa,  em radicais impacientes e, não raro, profanos. O radicalismo se exacerba, vítima da penúria léxica e de ambiente que favoreça a argumentação lógica.

Se, outrora, a carta escrita submetia o autor à perenidade do pensamento exposto, já o texto submerso nas redes sociais sugere instantânea degradação  por ser ele levado na torrente de milhares  d'outras expressões  e opiniões.

Noutra dimensão, as redes estimulam, exponencialmente, a vaidade, a qual, de mero defeito de personalidade, torna-se ímpeto comportamental, envolvido numa incontida competição com próximos e distantes, conhecidos e desconhecidos em busca de uma supremacia que diminui, de uma auto-estima que se avilta pela inconsequência do prêmio que deseja.

A rede social torna-se irmã bastarda do consumismo, subordinada à Inteligência Artificial que tem por missão a extensa colheita dos mais recônditos estímulos, assim  obtendo o domínio, não da vontade, mas dos impulsos que dominam seus seguidores.

Trata-se da degradação do livre arbítrio consciente, substituído pelo desejo inconsciente, manipulado pelos algoritmos do milagre digital.

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