Quem não se lembra da
funesta aventura empreendida por George W Bush ao invadir o Iraque?
Apesar da oposição de diversos países Ocidentais liderados pela
França, os Estados Unidos persistiram apesar de quão tênues serem
as provas que, supostamente, a justificavam.
A partir deste momento
a desestabilização do Oriente Médio gerou, como filho espúrio,
o turbinado terrorismo mundial, sendo o
Estado Islâmico o seu expoente. Madrid, Londres, Paris, Berlim,
foram todas elas vítimas de cruéis atos de vingança empetrados por
extremistas Sunitas, crias das guerras do Oriente Médio.
Com o enfraquecimento e
parcial desmembramento dos países que tradicionalmente influíam nos
destinos do Oriente Médio, como a Síria e o Iraque, surge uma nova
constelação de nações, tendo por ambição o domínio da região.
Dentre
estas, de especial atenção é o novo
personagem em explícito jogo de poder, o
recém empossado príncipe Mahomad bin Salman, de
facto líder da Arábia Saudita.
Assentado sob a mais radical das facções Sunitas, o Wahabismo,
entende ampliar sua liderança sobre os países da região e, para
tal, impor com a força necessária,
a obediência aos governos recalcitrantes. Em
recente episódio, impôs severas sanções ao Reino do Catar,
trazendo consigo a obediência do Egito, Jordânia, Kuwait e
os reinos Sunitas do Golfo Pérsico. Observa-se
assim a criação de novo bloco geopolítico sob comando da Casa
Saúd.
Como
desdobramento de sua auto atribuída missão, pretende o príncipe
Saudita impor sua vontade sobre as nações sob governo Xiita.
Par que tal possa acontecer, considera essencial a neutralização do
Irã, cuja relevância política e econômica lhe permite influir em
Bagdá, Damasco e Beirute.
Assim, segue o Príncipe
herdeiro uma estratégia multifacetada;
- Inicialmente, dominar o Estado sob sua regência. Com o intuito de neutralizar qualquer oposição, seja à sua plena autoridade, seja à sua ambição geo-política, acaba de encarcerar e processar os reais e presumidos opositores internos. Príncipes e bilionários Sauditas encontram-se, neste momento, atrás das grades. Pretende, assim, garantir plena unanimidade interna à seus objetivos politico-militares.
- Segundo, assegurar o apoio de Donald Trump. De fato, vem recebendo do presidente americano extenso financiamento para a compras bilionárias de armas sofisticadas, como, também, manifestações públicas de apoio ao que seria a o desmonte do poderio Iraniano na região. De extrema relevância foi a recente visita à Riad do genro do presidente norte-americano, Jared Kushner, poucos dias antes do “putsch” que aprisionou a potencial oposição. Estima-se ter recebido o “nil obstat” de Washington.
- Terceiro, reforçar as sigilosas relações militares com Israel tendo em vista coincidência de objetivo de neutralizar o poder militar do Irã, da Síria e do Hezbollah libanês. Ainda, nesta direção, a visita prévia ao Premiêr Netanyahu pelo mesmo Mr Kushner, conselheiro do presidente Trump para assuntos de Israel, revela a sincronia dos acontecimentos políticos que ora se desenrolam.
Neste momento, Riad
declarou um singular estado de guerra contra o Irã e o Líbano.
Difícil traduzir-se com exatidão a declaração da Arábia Saudita,
ainda que pareça favorecer pontuais ações militares.
Parece pertinente
estimar-se qual a reação do lado oposto
do tabuleiro, onde predominam os estados Xiitas,
estes compostos pelo Irã, Iraque e Síria e Líbano, tendo a Rússia
como garantidor de Bashar al Assad. Teerã certamente retaliará
qualquer ataque, sendo que seu extenso arsenal de mísseis
convencionais poderá sobrepor-se às defesas ora existentes. Ainda
mais preocupante, porém, será o transbordamento do conflito por
entre outras nações.
Até que ponto Vladimir
Putin manter-se-á alheio? Qual a reação
de Donald Trump caso ocorra o conflito? Através
do presidente francês, Emanuel Macron, e em entrevista com o
Príncipe Salman, a União Européia já manifestou seu desagrado ao animus bélico Saudita. A China já manifestou a importância de suas
importações de petróleo do Irã.
Já
a Turquia terá outros interesses, pouco
coincidentes com os da Arabia Saudita. Pelo contrario, a vizinhança
Xiita em suas fronteiras é coincidente com seus interesses em conter
qualquer independência Curda.
Talvez
possa se concluir que o apetite do jovem Salman talvez exceda sua
capacidade de digestão. A ver...
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