sábado, 11 de novembro de 2017

Um novo incêndio?

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Quem não se lembra da funesta aventura empreendida por George W Bush ao invadir o Iraque? Apesar da oposição de diversos países Ocidentais liderados pela França, os Estados Unidos persistiram apesar de quão tênues serem as provas que, supostamente, a justificavam.

A partir deste momento a desestabilização do Oriente Médio gerou, como filho espúrio, o turbinado terrorismo mundial, sendo o Estado Islâmico o seu expoente. Madrid, Londres, Paris, Berlim, foram todas elas vítimas de cruéis atos de vingança empetrados por extremistas Sunitas, crias das guerras do Oriente Médio.

Com o enfraquecimento e parcial desmembramento dos países que tradicionalmente influíam nos destinos do Oriente Médio, como a Síria e o Iraque, surge uma nova constelação de nações, tendo por ambição o domínio da região.

Dentre estas, de especial atenção é o novo personagem em explícito jogo de poder, o recém empossado príncipe Mahomad bin Salman, de facto líder da Arábia Saudita. Assentado sob a mais radical das facções Sunitas, o Wahabismo, entende ampliar sua liderança sobre os países da região e, para tal, impor com a força necessária, a obediência aos governos recalcitrantes. Em recente episódio, impôs severas sanções ao Reino do Catar, trazendo consigo a obediência do Egito, Jordânia, Kuwait e os reinos Sunitas do Golfo Pérsico. Observa-se assim a criação de novo bloco geopolítico sob comando da Casa Saúd.

Como desdobramento de sua auto atribuída missão, pretende o príncipe Saudita impor sua vontade sobre as nações sob governo Xiita. Par que tal possa acontecer, considera essencial a neutralização do Irã, cuja relevância política e econômica lhe permite influir em Bagdá, Damasco e Beirute.

Assim, segue o Príncipe herdeiro uma estratégia multifacetada;

  • Inicialmente, dominar o Estado sob sua regência. Com o intuito de neutralizar qualquer oposição, seja à sua plena autoridade, seja à sua ambição geo-política, acaba de encarcerar e processar os reais e presumidos opositores internos. Príncipes e bilionários Sauditas encontram-se, neste momento, atrás das grades. Pretende, assim, garantir plena unanimidade interna à seus objetivos politico-militares.
  • Segundo, assegurar o apoio de Donald Trump. De fato, vem recebendo do presidente americano extenso financiamento para a compras bilionárias de armas sofisticadas, como, também, manifestações públicas de apoio ao que seria a o desmonte do poderio Iraniano na região. De extrema relevância foi a recente visita à Riad do genro do presidente norte-americano, Jared Kushner, poucos dias antes do “putsch” que aprisionou a potencial oposição. Estima-se ter recebido o “nil obstat” de Washington.
  • Terceiro, reforçar as sigilosas relações militares com Israel tendo em vista coincidência de objetivo de neutralizar o poder militar do Irã, da Síria e do Hezbollah libanês. Ainda, nesta direção, a visita prévia ao Premiêr Netanyahu pelo mesmo Mr Kushner, conselheiro do presidente Trump para assuntos de Israel, revela a sincronia dos acontecimentos políticos que ora se desenrolam.

Neste momento, Riad declarou um singular estado de guerra contra o Irã e o Líbano. Difícil traduzir-se com exatidão a declaração da Arábia Saudita, ainda que pareça favorecer pontuais ações militares.

Parece pertinente estimar-se qual a reação do lado oposto do tabuleiro, onde predominam os estados Xiitas, estes compostos pelo Irã, Iraque e Síria e Líbano, tendo a Rússia como garantidor de Bashar al Assad. Teerã certamente retaliará qualquer ataque, sendo que seu extenso arsenal de mísseis convencionais poderá sobrepor-se às defesas ora existentes. Ainda mais preocupante, porém, será o transbordamento do conflito por entre outras nações.

Até que ponto Vladimir Putin manter-se-á alheio? Qual a reação de Donald Trump caso ocorra o conflito? Através do presidente francês, Emanuel Macron, e em entrevista com o Príncipe Salman, a União Européia já manifestou seu desagrado ao animus bélico Saudita. A China já manifestou a importância de suas importações de petróleo do Irã.

a Turquia terá outros interesses, pouco coincidentes com os da Arabia Saudita. Pelo contrario, a vizinhança Xiita em suas fronteiras é coincidente com seus interesses em conter qualquer independência Curda.

Talvez possa se concluir que o apetite do jovem Salman talvez exceda sua capacidade de digestão. A ver...



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