quarta-feira, 22 de novembro de 2017

O Mecanismo

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Com raro talento o cineasta e colunista José Padilha trouxe à tona a imagem do Mecanismo. Descrevia assim, o conjunto de engrenagens institucionais impelidas pelas mais baixas motivações humanas, onde se destaca a ganância psicótica. Psicótica por desconsiderar a profundidade do mal que inflige no corpo social. Por resultado, a sincronia diabólica dos mal feitos afetam, não apenas a moral da Nação, esta contaminada pelo mau exemplo dos exitosos e poderosos, mas, também, corrói as instituições que sustentam a república.

Afetam, ao aprofundar-se a cadeia dos efeitos, desde a prateleira vazia dos remédios em hospital falido, à água turva de dejetos dada à criança, à sala de aula despida do ensino, desamparada. A cada roubo condena-se uma parcela da sociedade, despojada dos recursos necessários à sua progressão e dignidade.

Pois o Mecanismo tem por combustível, além da cumplicidade de seus promotores, a visão estreita das elites ainda intocadas e alheias ao futuro que lhes espera. A propagação do germe que ora infecta a nação, a não ser contida e corrigida acentuará, no tempo, o esgarçamento do contrato social onde o empobrecimento do povo se contrapõe à concentração da riqueza, tornando-se politicamente insuportável.

Cabe, assim, a mobilização dos que compõem a elite não contaminada, aqueles que reconhecem o país como prioridade. Ao aproximar-se as eleições de 2018, o seu engajamento através dos meios de comunicação, seja a imprensa, sejam as redes sociais, dirigido diretamente a políticos e partidos terá efeito multiplicador. A massa de opiniões convergentes em apoio à moralização tocará a parte mais sensível do político, a cédula eleitoral.

A perdurar o Mecanismo dois cenários alternativos se abrem; o primeiro a transformação do país em cleptocracia onde os comando institucionais repousam nas mãos dos assaltantes, onde as leis serão dobradas, não para puní-los mas, sim, para perpetuá-los. A segunda alternativa poderá decorrer da perda da confiança pública nas elites influentes do país, levando o lúmpen desprotegido à rebelião, talvez eleitoral, talvez não, tendo por consequência a entronização do Estado Populista.

Mais grave ainda será o futuro que se lhes rouba às próximas gerações.



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