Com raro talento o cineasta e colunista
José Padilha trouxe à tona a imagem do Mecanismo. Descrevia assim,
o conjunto de engrenagens institucionais impelidas pelas mais baixas
motivações humanas, onde se destaca a ganância psicótica.
Psicótica por desconsiderar a profundidade do mal que inflige no
corpo social. Por resultado, a sincronia diabólica dos mal feitos
afetam, não apenas a moral da Nação, esta contaminada pelo mau
exemplo dos exitosos e poderosos, mas, também, corrói as
instituições que sustentam a república.
Afetam, ao aprofundar-se a cadeia dos
efeitos, desde a prateleira vazia dos remédios em hospital falido, à água turva de dejetos dada à criança, à sala de aula despida do
ensino, desamparada. A cada roubo condena-se uma parcela da
sociedade, despojada dos recursos necessários à sua progressão e
dignidade.
Pois o Mecanismo tem por combustível,
além da cumplicidade de seus promotores, a visão estreita das
elites ainda intocadas e alheias ao futuro que lhes espera. A
propagação do germe que ora infecta a nação, a não ser contida e
corrigida acentuará, no tempo, o esgarçamento do contrato social
onde o empobrecimento do povo se contrapõe à concentração da
riqueza, tornando-se politicamente insuportável.
Cabe, assim, a mobilização dos que
compõem a elite não contaminada, aqueles que reconhecem o país
como prioridade. Ao aproximar-se as eleições de 2018, o seu
engajamento através dos meios de comunicação, seja a imprensa,
sejam as redes sociais, dirigido diretamente a políticos e partidos
terá efeito multiplicador. A massa de opiniões convergentes em
apoio à moralização tocará a parte mais sensível do político, a
cédula eleitoral.
A perdurar o Mecanismo dois cenários
alternativos se abrem; o primeiro a transformação do país em cleptocracia onde os comando institucionais repousam nas mãos dos
assaltantes, onde as leis serão dobradas, não para puní-los mas,
sim, para perpetuá-los. A segunda alternativa poderá decorrer da
perda da confiança pública nas elites influentes do país, levando
o lúmpen desprotegido à rebelião, talvez eleitoral, talvez não,
tendo por consequência a entronização do Estado Populista.
Mais grave ainda será o futuro que se
lhes rouba às próximas gerações.
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