Brasão de Isabela e Fernando |
Surpreendentemente,
os movimentos de independência que surgiram a partir do virada do
Século XVIII, dando às então colônias o status de nações,
parece se reiniciar ao apagar do Século XX.
O colapso
da Nação Russa, ao ruir a União Soviética, não apenas devolveu
autonomia aos países subjugados do Leste Europeu, mas concedeu a
independência à suas províncias que à Russia pertencia desde
Catarina a Grande no Século XVIII. Assim o Cazaquistão, o Quirguistão
e muitas outras nações tornaram-se independentes, sem que um tiro
fosse disparado.
Já, na
outrora Iugoslávia, ficção geográfica criada ao findar a primeira grande guerra, ressurgem a Sérvia,
a Croácia, a Slovênia e a Bósnia. A Eslováquia separa-se da
República Checa sem qualquer conflito. Parecia, assim, que tendo
ultrapassado as dores do parto da redemocratização, a Europa e
adjacências estabeleciam uma nova normalidade, onde a paz e a
concórdia reinaria sobre os espíritos e nações.
Ledo
engano. Sob a liderança do então Império remanescente, sendo Bill
Clinton seu presidente, deu-se a mais estranhas da guerras (1); a
criação de um novo país arrancado às entranhas da Sérvia. Assim
nascia o Cosovo (2). Para tal, como instrumento, foi utilizada
a OTAN, organização então sem rumo, uma vez que sua missão de
enfrentar a União Soviética, já caducara por falta de oponente.
Fast
Forward nos leva aos dias de hoje. A Escócia contempla separar-se da
Inglaterra, os Curdos buscam serem reconhecidos, os Palestinos
esmolam por sua independência, e, neste momento, a Catalunha empolga
o mundo.
Neste
caso, o problema começou no ano de 1469, quando Castella e Aragão
se uniram para criar a Espanha de hoje, sob Isabela e Fernando, os
Reis Católicos. Foi uma união consentida pelas partes, mas a
capital terminou por fixar-se nas terras de Castilha e não as de
Aragão. Um quarto de século depois, a guerra da Sucessão Espanhola
envolve as duas partes, Madrid levando a melhor. Já em 1936, a
Espanha novamente se fraciona, a esquerda republicana tornando-se
cada vez mais comunista durante a Guerra Civil, e a direita
monárquica cada vez mais fascista. O término do conflito revela
uma Catalunha derrotada pelo caudilho Francisco Franco, e
submetida, novamente, à Madrid.
Mas o
tempo revelou ter ideias próprias, concedendo à província maior
riqueza, criando condições, senão militares, mas econômicas, para
sua autonomia, e, agora, para sua pretensa independência. Mas até
que ponto sera ela desejada? Certamente não pelo governo central. E
pelos catalãs?
Surge
então um impasse, prejudicando a legitimidade do plebiscito desejado
pela Generalitat catalã e proibido por Madrid. Constata-se que os 4
milhões de eleitores catalãs se dividiram: 2,3 milhões votaram, e
os demais se abstiveram, pois ao serem pró Espanha curvam-se à determinação do governo central. Inversamente, os que
votaram, por não obedecerem o governo central, apoiaram a independência em avassaladora maioria. Assim sendo, seus votos representariam 55% do total dos eleitores, e os
opositores, se votado tivessem, poderiam representar 45% do colégio
eleitoral. É claro que tal conclusão aritmética está longe de ser
precisa, mas serve para ter-se uma ideia das preferências. De
qualquer modo, os votos não parecem suficientes para alterar a
constituição Espanhola.
- Não poucas cabeças pensantes atribuem o conflito à desvio de atenção das estrepolias de Monica Lewinski
- Muitos países não reconhecem o Cosovo por ser precedente favorecendo a independência de suas províncias.
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