quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Venezuela

Não estou dentre os admiradores de Hugo Chaves. Trata-se de um novo tipo de ditador, que consegue driblar as definições de democracia sem exclui-la. Exerce a ditadura da maioria. Assim, beneficia-se de conceitos incompletos que definem uma democracia onde, se aperfeiçoada no futuro, deverá conter clausulas impositivas de expressão minoritária. Mas este é assunto longo e complexo que aqui não cabe.

Mais ainda, a influência que seu pensamento Bolivariano exerce sobre núcleos políticos no Brasil e Argentina é de difícil compreensão. A disparidade demográfica, econômica, histórica entre a Venezuela e os dois gigantes do Cone Sul em nada nos aproxima das fórmulas políticas engendradas pelo Coronel paraquedista.

Resta, portanto, a indagação quanto a  inconveniente aproximação excessiva de nosso estamento político aos destinos venezuelanos. Se, por uma lado é de nosso interesse a aproximação econômica com nosso vizinho do Norte, tal se aplica àquele país, e não pode ser restrito ao governante de plantão. Nossas relações internacionais devem visar a perenidade dos interesses mútuos, e jamais ficarem refém do atual, e portanto temporário benefício que depende do atual presidente.

Se o envio de representante do governo Dilma à Havana foi audacioso porém aceitável, tornou-se impróprio ao envolver-se o Professor Garcia em matéria constitucional de país que não é o seu. Falou demais e mal, pois tratou-se de ingerência em assuntos que extravasam o interesse nacional. Repito, as portas do diálogo construtivo com a Venezuela devem manter-se abertas, tanto com o atual como também com o futuro governo daquele país, seja ele situacionista seja ele de oposição.


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