O artigo de Pedro Doria no dia dois de novembro p.p. sobre as novas ferramentas cibernéticas traz ao leitor a sensação de iminente colapso comportamental do planeta, onde o "Homem" torna-se progressivamente dependente dos "gadgets" eletrônicos. Este processo já se identifica com nossos netos, onde a dependência do celular se torna um quase-fetiche, criando crescente dependência psicológica. Conquanto o celular pode se tornar um manancial de informações relevantes, tal ocorre quando inserido em contexto maior elaborado pelo usuário. Porém, a informação "solta" atendendo a curiosidade pontual pode tanto auxiliar quanto ser nociva, pois o contexto deve guiá-la para abrir portas futuras e não pequenas janelas desconexas. Assim, quanto mais conhecimento terá o jovem, maior o beneficio da informação recebida do seu celular.
Porém, para que possa entender o contexto geral do seu entorno onde a inserção da informação trará a multiplicidade de benefícios o jovem precisa ampliar sua cultura. Leitura é primordial além do ensino acadêmico. Passar horas no aparelho, decorrentes de interesse infantil, não apenas aprofundará sua alienação quanto as realidades vitais como torná-lo-á vítima potencial de manipulação.
Este preocupante cenário ainda mais grave será com o despertar da ubíqua Inteligência Artificial. Esta promete potencializar o risco de intromissão intencional, onde a vontade primaria do individuo será manipulada para atender os interesses de terceiros. A criação de grandes números de IA's, cada qual com os vieses (honestos ou não) de seus criadores e manipuladores, poderá afetar todo e qualquer segmento societário de forma diferenciada, podendo trazer insegurança sistêmica.
Porém a sociedade já fez sua opção. Não mais é possível progredir sem o desdobramento e progressão da IA. Ainda, graças ao artigo acima referido, sabemos da existência de um tal de "AI Pin" ou semelhante, o qual registra todos os momentos de sua vida, inclusive aqueles que V. preferiria esquecer. Prato cheio para seus inimigos.
Tamanha transformação técno-social exigira tempo para a absorção popular bem como sua adaptação sócio-econômica, esta incluindo a tentativa de higienização das potencialidades negativas através de legislação específica. Este período de transição trará à sociedade aguda incerteza e angustia pela imponderabilidade criada ao ameaçar a confiabilidade no Passado, Presente e Futuro, sendo os três tempos sujeitos à manipulação.
Como se não bastasse, uma visão de futuro não distante nos leva a prever o ressurgimento da imagem conceitual do "Big Brother" de George Orwell. Nos dias de hoje, a sobrevivência de tal sistema seria ínfima; porém, com o advento e manipulação da Inteligência Artificial, a hipótese torna-se não só possível, mas, talvez provável. Tendo um governo o instrumental necessário ao domínio dos canais de comunicação em massa, cria-se uma realidade alternativa, esta viabilizando a perenidade no Poder.
P.S. Considere ambíguo este artigo, parte reflexão, parte ilusão.