quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Quo Vadis, Argentina?

 
                

                              InfoMoney


Javier Milei é eleito presidente da Argentina e o Brasil se depara com sério desafio regional. Em seu discurso de posse Milei repetiu, histriônico,  seus slogans de campanha, assim formalizando um estado de beligerância desarmada com seu vizinho ao Norte. Aquilo que parecia astúcia eleitoral, ao identificar um desafeto para atrair solidariedade, torna-se, surpreendentemente,  política oficial. Desde espetadelas juvenis ao convidar Jair Bolsonaro à sua posse até ameaças substanciais ao fluxo econômico entre as duas Nações, o novo líder argentino revela um animus beligerandi   preocupante.

Seus rompantes simplistas propondo a extinção do Banco Central e nacionalizar empresas estatais, antes de ter o tempo para analisar suas consequências, se soma à abrupta adoção do Dólar como moeda de curso no país sem avaliar sua viabilidade e seus desdobramentos.  Importa a estabilidade da moeda, seja ela Peso ou Dólar, porém delegar ao Federal Reserve norte-americano a política monetária argentina, lá vai um grande  passo. que poderá afetar o fluxo de crédito e de investimentos. Ainda, o desmonte do Banco Central, essencial à formulação e disciplina  da  política monetária, acentuará a fragilidade da estrutura financeira do país. 

No campo externo,  a prevalecer o posicionamento da Direita extremada do novo governo, este lhe valerá obstáculos diplomáticos e comerciais dentre os principais países sul-americanos, a maioria tendente à politica de centro e centro-esquerda.  Tal problema se agrava nas relações "platenses"  com o Brasil.  

É relevante o  fluxo comercial em 2022 entre os dois países, atingindo US$ 28,5 Bilhões, tendo o Brasil obtido um superavit de US$ 2,2 bilhões. Produtos agrícolas lideram este comércio seguido de peças e veículos, onde a indústria de automóveis portenha dificilmente abrirá mão de seu mercado brasileiro, comprador de  aproximadamente 120.000 automóveis por ano. Tal desempenho recomenda a prevalência  de relações cordiais entre os dois países.

As exportações brasileiras para a Argentina nos dez primeiros meses de 2023 alcançaram US$ 14,9 bilhões, alta de 13,1% em relação ao mesmo período de 2022. Improvável que sua economia possa comprometer a estabilidade de suprimento tão relevante. 


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Atualmente Buenos Ayres enfrenta séria crise financeira onde a inflação desmesurada prevalece. Se uma severa política anti-inflacionária seja recomendável (vide hipótese de dolarização) importante evitar medidas que venham a comprometer o vigor de sua economia. Neste sentido, a hostilidade de Milei para com o Brasil e propondo substituir a prevalência do Mercosul por uma intima relação com os Estados Unidos parece aposta de alto risco.  Resta saber até que ponto  a Argentina se afastará de sua prioridade Sul Americana...

"Les jeux ne sont pas faits" diria o "croupier" em Monte Carlo; faltam ainda muitos lances para  um prognóstico sólido. "QuoVadis, Argentina?" 

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