domingo, 29 de setembro de 2024

Febre Alta

 


O planeta está febril, seu quadro clínico revela sintômas de infecção nuclear...

Com a disseminação do poder Nuclear torna-se necessária a revisão das praticas seculares nas relações internacionais e a consequente diplomacia. A frase recém lançada  por Condoleeza Rice, ex ministra das relaçõe Exteriores dos Estados UNidos, ao comentar o atual relacionamento entre as potências globais, merece especial atenção:  "Great powers don’t get to just mind their own business."

Esta frase bem reflete o que tem caracterizado  o jogo entre os Poderes neste e nos Séculos passados. Contudo, parece extremamente imprudente manter-se a máxima  acima citada, pois  um novo fator, a dissminação do Poder Nuclear, não deve ser desprezada ao sugerir ajustes.

Além das atuais potências nucleares, Estados Unidos, Russia, França, Grã Bretanha Israel tem-se a emergência de novo "player", a China. Uma potância de mais de bilhão de seres já dominando  os segredos nucleares exige profunda revisão do grau de interferência entre nações  até hoje em voga.

A frase lapidar de Condoleeza melhor se aplica ao passado. Hoje, a relação das potências nos assuntos alheios passam a exigir maior sensibilidade e cautela, ao reconhecer os limites erguidos pela tecnologia.    

No campo nuclear, a superioridade norte-americana cede sua primazia à Rússia cujo arsenal parece ser equivalente. Ainda, pode se estimar que, em breve, a China também terá uma crescente  presença nuclear, aumentando, a pressão sobre Washington. Neste caso, a soma dos arsenais russo-chineses poderá levar os Estados Unidos à ação preventiva, antes que a aliança adversária atinja a plenitude  de seu poder. 

São muitos os episódios onde a história revela que a emergência de nova potência, contestando a primazia do poder reinante, gerando em progressão geométrica a tensão internacional face à sucessão de medidas defensivos e ofensivos. Lícito esperar-se a evolução desta tensão, podendo levar ao conflito mundial.     

Assim, torna-se urgente o recurso à diplomacia, reconhecendo com a devida prudência as ambições das partes, negociando um  novo equilíbrio. Dificilmente haverá a desnuclearização dos arsenais uma vez que a amplidão das populações asiáticas desequilibra a paridade de poder convencional entre Oriente e Ocidente.

A iniciativa Norte Americana, onde a cooptação da Ucrânia para a OTAN feria claramente a segurança da Russia, revelou que o "perigo russo" é  uma ilusão, como cabalmente confirma a evolução da guerra russo-ucrâniana desde que se atenha aos arsenais não nucleares.  Com a dissolução da União Soviética, o poder bélico de Moscou é uma palida imagem de seu passado. Já, seu imenso poder nuclear. não deve ser desafiado.

Assim como o Pacto de Varsóvia foi extinto voluntáriamente pelo presidente Yeltsin, não houve a contrapartida esperada do Ocidente com a dissolução da OTAN. Ainda, o relevante enfraquecimento do exército russo, revelado pelo atual conflito com a Ucrânia, acentua probabilidade de recurso extremo à solução nuclear como única forma de garantir à Russia condições de defesa. 

Não mais tem-se a estratégia russa ampliando sua expansão geográfica, o mesmo se aplicando à China. Já do lado Occidental revela-se um animus expansionista (vide acima) sob a égide de "política preventiva". Esta deve ter limite.

Do ponto de vista das armas nucleares, quanto mais fraco o adversário, mais perigoso se torna. Um novo equilíbrio de poder deve ser desenhado pelas grandes potências, atenuando a agudeza das arestas.   Este retomado diálogo traria novo alento para a pacificação do Planeta.  

A ver...

    


1. "As granndes potências não só cuidam de seus assuntos."

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