A História nos ensina inumeros casos em que as grandes conflagrações bélicas ocorrem quando da ascenção político-militar de um país emergente, assim ameaçando a preponderância daquela nação já estabelecida na liderança internacional. As duas guerras de extensão mundial no Século 20 seguiram este roteiro.
Já no Século 21 constata-se a liderança inquestionável dos Estados Unidos, definida graças ao desmonte da União Soviética, em muito enfraquecendo a Russia no cenário internacional. Apesar de possuir o maior arsenal nuclear do planeta, seu poder militar convencional é uma pálida imagem daquele anterior, conforme evidência o insucesso de Moscou em sua guerra contra a Ucrânia.
Hoje, a atenção se volta para a chegada da China no cenário internacional. Talvez o mais perigoso desdobramento neste campo seria a reação dos Estados Unidos à esta tendência. A continuidade da ascenção econômica da China nas relações comerciais no mercado norte-americano bem como a expansão de sua presença comercial e política no campo internacional parece inevitável.
Em resposta vê-se a reação política de Washington, tanto no campo militar quanto no político. Sua relação com Taiwan e Filipinas e Japão acentua sua presença militar no entorno da China. No campo econômico observa-se alta da temperatura, visto a contínua elevação de tarifas norte-americanas sobre o fluxo comercial com a China, revertendo a tendência favorável à Pequim existente no passado recente.
Apesar da China não demonstrar agressividade bélica, concentrando-se na expansão comercial e econômica, os Estados Unidos vêem, com sua frota e aviação fustigando as fronteiras marítimas da China no entorno de Taiwan e do Mar Amarelo.
Para atenuar as tensões, o presidente Chinês tem declarado que o retorno de Taiwan à sua soberania será projeto para as gerações futuras, assim desarmando o "animus belli" em torno deste diferendo. Tal visão não muito se diferencia da atual relação de Washington com Cuba. Contudo, a forte militarização empreendida por Washington na costa Sul chinesa gera alto potencial de desestabilização.
Face ao crescente perigo de confronto militar impõe-se que tal percepção leve as partes litigantes à um "animus negociandi" centrando-se sobre tratados que limitem tanto a expansão quanto a reação. Este momento é especialmente perigoso onde, com um Estados Unidos semi-acéfalo à espera de novo presidente, navega-se momentos turvos de desafios entre mega-potências, onde um erro de percepção pode mergulhar o planeta em conflito nuclear.
Já, o provável retorno de Donald Trump à presidência norte-americana sugere a revisão de sua política internacional, provavelmento priorizando as questões internas enquanto reduz a intensidade de sua exposição à política externa. A redução das tensões internacionais devido à não mais existir a ameaça da expansão comunista, mais espaço se abre para novas fórmulas de aproximação, estas mais direcionadas aos interesses econômicos das partes.
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