sábado, 8 de junho de 2024

Nação e Religião



                                                                    Netanyahu                                 Khamenei


Desde o Século XVI o mundo civilizado empreendeu um conflito religioso que levaria, nos séculos seguintes, à laicidade das nações. Tal percepção em muito se deveu às guerras cruéis que  na Europa levaram  os países  católicos como França, Espanha e Itália à enfrentarem nações Protestantes, encabeçadas pela Inglaterra a Prússia e outros estados Teutônicos. Ainda, as leis locais abraçavam o extremismo religioso, levando seus cidadãos às nuvens escuras dos dogmas então prevalentes. 

Face à morte e destruição neste periodo cruel de guerras religiosas, teve início um processo de modernização laica liderado pela França, onde o processo de separação do Estado e da Igreja trouxe, no tempo, a adesão e modernização política  do Ocidente.

Séculos passados, quando tudo indicava a consolidação de tal processo, trazendo aos povos a prioridade da Razão sobre a Crença, observa-se com  crescente preocupação a iniciativa, neste Século XXI, de dois países importantes no concerto da Nações.

Adotando seus textos sagrados como se Constituição fosem, tanto o Irã quanto Israel optam por divinizar as decisões de Estado,  tendo a Religião como elemento de geração, interpretação e justificação de decisões políticas, estas confrontando os países laicos subordinados à Lei Internacional.  

A prevalecer tal dicotomia, tornar-se-á ela fonte de continuas e crescentes dissenções de ambito legal, político e ético, contaminando o ambiente civilizatório construido ao longo de Séculos e representado pela Organização das Nações Unidas. Esta entidade, que outrora defendeu com sucesso a criação do Estado de Israel,  revela hoje crescente preocupação face às ações do Estado Judeu tendo por vítima o povo Palestino.

Ao observador do conflito em Gaza, mais sensato seria Israel concentrar sua justificada ira contra o Hamas sem tornar vítimas as dezenas de milhares de mães e crianças abatidas como se cumplices fossem.  

Os jornais noticiam hoje que quarenta e cinco crianças foram mortas por bombardeios aéreos israelenses, alegando o seu comando militar a presença de membros do Hamas dentre os estudantes! Ora, tal narrativa não justifica a calamidade, devendo os infiltrados ser capturados por ação de tropas, indentificando criminosos e inocentes. 

Ao justificar Netanyahu tal massacre com base em trecho milenar Bíblico, onde propugna, como represália à ataque sofrido, a morte de todos os homens, mulheres, crianças e animais das terras inimigas, esqueçe o líder israelense que o processo civilizatório dos últimos Séculos não mais permite reação tão selvagem como evidencia sua proposta exterminadora. 

Confiamos que o bom senso das elites e povo de Israel, cuja relevante parte de sua população discorda dos  desmandos de seu governo,  imponha um imediato armistício (sem prejuizo de capturar os assassinos do Hamas) assim contendo a atual mortandade que causa profunda degradação da boa imagem e respeito que hoje o país sofre.   

 





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