quarta-feira, 19 de julho de 2023

Demografia




O Censo de 2022 já gerou seu resultado. É um alerta para a má direção que toma a república brasileira. O grande quadro exibe um país com aumento populacional minguante, ou seja, 0,53% no ano em análise, enquanto uma enorme massa de brasileiros está alijada do sistema de saúde, do ensino e da alimentação regular. 

Em outras palavras, não só o Brasil está debilitado, porém mais grave ainda, caso não haja um forte reversão de tendência, os fatores recessivos  do país serão de difícil reversão. Tanto o segmento não produtivo dos idosos revela substancial aumento, quanto o segmento produtivo de jovens ingressando na economia demonstra preocupante redução relativa.

O retrato demográfico, outrora com nítido formato piramidal, revelando importante geração de jovens que viriam, no tempo, prover uma pujante base de sustentação e crescimento da economia, não mais ocorre. O que  hoje se constata é o estreitamento da pirâmide virtuosa dando lugar ao estreitamento da sua base (vide gráfico), bem como a ampliação do contingente idoso onde os jovens não mais demonstram sua largueza anterior. 

Razoável prever-se que este quadro manterá a tendência ora observada. Se acentuaria, ao longo dos próximos anos, tanto a redução de jovens (resultado da transformação cultural em curso) quanto o aumento dos idosos, este turbinado pelos contínuos avanços da medicina. Tal quadro prevê  a necessidade de ajuste para atingir-se o equilíbrio orçamentário, demandando  substancial revisão das prioridades hoje existentes.

Dentre elas se destaca a urgência a ser dedicada à educação da juventude carente. sendo o quadro agravado pelo enorme estoque de jovens funcional ou integralmente analfabetos. Para garantir o crescimento econômico e o equilíbrio político há que compensar-se a relativa redução no crescimento do segmento jovem, conforme revelado no Censo, com a crescente  qualidade da juventude ascendente, matéria prima imprescindível ao desenvolvimento nacional. Assim, urge a priorização da educação elementar e superior bem como a ampliação de sua infraestrutura.    

Também relevante é a constatação das diferenças  demográficas e econômicas dentre os Estados e seu impacto político no quadro nacional. O aumento de disparidade econômica fragiliza a solidariedade nacional com resultado negativo na formulação das políticas de Estado.  

Esta nova radiografia  da população brasileira recomenda uma atualização da inter-relação dos Estados que compõem o país, reavaliando as proporções de representatividade e de distribuição orçamentária bem como projetos de estímulo econômico ao setor privado. Tal ambiente, se não ajustado aos interesses permanentes da Nação, promete acentuar as diferenças de poder econômico e político das regiões mais prósperas, relegando as regiões menos favorecidas  à condição subsidiária, fragilizando o sistema federativo. 

Muito a fazer...

Um comentário:

Anônimo disse...

Realmente, muito, muito a fazer.., O lamentável eh termos diagnosticado a necessidade das reformas da educação, saúde, etc etc há tantos anos atrás, sem que nenhuma atitude firme fosse tomada.A última política pública profunda foi o Plano Real, tudo mais são mexidas superficiais, que maqueiam a realidade sem trazer as mudanças tão necessárias!
E agora estamos entrando num beco sem saída. Cada vez menos jovens e sem qualificação, para sustentar uma população cada vez maior e mais idosa. A equação não fecha.