A guerra iniciada por Wladimir Putin desafia as previsões iniciais, onde o colosso Russo submeteria a Ucrânia à sua vontade. Pois não aconteceu. Pelo contrário, o ímpeto inicial dos blindados russos, chegando às portas de Kiev, foi contido pelos ucranianos, transformando o que pretendia ser uma vitoriosa blitz-krieg em derrocada. As longas colunas dos tanques invasores não só foram contidas mas foram rechaçadas e, em grande parte, destruídas.
Assim desfez-se o plano de Putin, onde um ataque vitorioso sobre a Ucrânia resultaria em submissão do governo derrotado e, por consequência, eliminando a possibilidade de ter a OTAN em suas fronteiras.
A partir de então, as forças de Kiev passaram à ofensiva, a qual persiste até este momento, onde as tropas russas retrocedem face ao sofisticado armamento recebido dos Estados Unidos e Europa. Revelando a perda de iniciativa no campo de batalha bem como a crescente ameaça de ceder parte substancial de território até agora sob seu domínio, Moscou tentou, sem sucesso, negociar uma trégua visando uma paz negociada.
Porém sua proposta não teve écho. Zelenski, passando de cômico de televisão à herói da pátria agredida, insiste em manter o impulso ofensivo de suas tropas. Conquanto França e Alemanha, líderes incontestes da União Europeia, apoiam a suspensão do conflito, já Washington vê na continuidade da guerra a vantagem no desgaste militar, político e econômico da Russia. Assim, mantém um continuo fluxo de armas altamente sofisticadas, permitindo ao exército Ucraniano o domínio no campo de batalha. O desgaste russo, tanto político quanto bélico, é inegável.
Revelando insuspeita fraqueza tanto estratégica quanto tática quando de sua ofensiva inicial, o exército russo não soube neutralizar e conter as forças inimigas. A continuar o conflito, onde as tropas ucranianas, generosamente abastecidas pelas potências Ocidentais, representam constante ameaça às fronteiras russas, necessário será prever-se qual a direção e intensidade da resposta do Kremlin.
Os efeitos políticos e psicológicos da hipótese de ameaça ao território russo podem provocar na sua liderança decisões impulsivas e emotivas. Hipóteses radicais, tanto políticas quanto militares, não devem ser descartadas. A ser contida e revertida a atual ofensiva das tropas russas, duas hipóteses afloram. Tanto a deposição de Putin com a ascensão de novo governo pacificador, quanto, inversamente, o uso de armas táticas nucleares para conter e derrotar as armas ucranianas tornam-se possíveis.
No caso da última hipótese, não deveria ser descartada a retaliação simétrica dos Estados Unidos, assim aumentando exponencialmente o risco de uma guerra nuclear. A partir de tal fato, Europa e China poderiam ver-se forçadas a ações, defensivas ou ofensivas, atreladas às suas alianças, assim alastrando um conflito que não deveria ter existido.
Como reflexão sobre os fatos recente, tanto a estratégia de cooptação da Ucrânia pela OTAN, impulsionada por Washington como elemento de extrema pressão sobre a capacidade defensiva da Russia¹, quanto a invasão do território ucraniano pela Russia podem levar o mundo às portas da guerra Nuclear.
1) Vide artigos de Henry Kissinger sobre a matéria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário