terça-feira, 28 de fevereiro de 2023
Morte e Destruição
domingo, 19 de fevereiro de 2023
Risco Nuclear
A guerra iniciada por Wladimir Putin desafia as previsões iniciais, onde o colosso Russo submeteria a Ucrânia à sua vontade. Pois não aconteceu. Pelo contrário, o ímpeto inicial dos blindados russos, chegando às portas de Kiev, foi contido pelos ucranianos, transformando o que pretendia ser uma vitoriosa blitz-krieg em derrocada. As longas colunas dos tanques invasores não só foram contidas mas foram rechaçadas e, em grande parte, destruídas.
Assim desfez-se o plano de Putin, onde um ataque vitorioso sobre a Ucrânia resultaria em submissão do governo derrotado e, por consequência, eliminando a possibilidade de ter a OTAN em suas fronteiras.
A partir de então, as forças de Kiev passaram à ofensiva, a qual persiste até este momento, onde as tropas russas retrocedem face ao sofisticado armamento recebido dos Estados Unidos e Europa. Revelando a perda de iniciativa no campo de batalha bem como a crescente ameaça de ceder parte substancial de território até agora sob seu domínio, Moscou tentou, sem sucesso, negociar uma trégua visando uma paz negociada.
Porém sua proposta não teve écho. Zelenski, passando de cômico de televisão à herói da pátria agredida, insiste em manter o impulso ofensivo de suas tropas. Conquanto França e Alemanha, líderes incontestes da União Europeia, apoiam a suspensão do conflito, já Washington vê na continuidade da guerra a vantagem no desgaste militar, político e econômico da Russia. Assim, mantém um continuo fluxo de armas altamente sofisticadas, permitindo ao exército Ucraniano o domínio no campo de batalha. O desgaste russo, tanto político quanto bélico, é inegável.
Revelando insuspeita fraqueza tanto estratégica quanto tática quando de sua ofensiva inicial, o exército russo não soube neutralizar e conter as forças inimigas. A continuar o conflito, onde as tropas ucranianas, generosamente abastecidas pelas potências Ocidentais, representam constante ameaça às fronteiras russas, necessário será prever-se qual a direção e intensidade da resposta do Kremlin.
Os efeitos políticos e psicológicos da hipótese de ameaça ao território russo podem provocar na sua liderança decisões impulsivas e emotivas. Hipóteses radicais, tanto políticas quanto militares, não devem ser descartadas. A ser contida e revertida a atual ofensiva das tropas russas, duas hipóteses afloram. Tanto a deposição de Putin com a ascensão de novo governo pacificador, quanto, inversamente, o uso de armas táticas nucleares para conter e derrotar as armas ucranianas tornam-se possíveis.
No caso da última hipótese, não deveria ser descartada a retaliação simétrica dos Estados Unidos, assim aumentando exponencialmente o risco de uma guerra nuclear. A partir de tal fato, Europa e China poderiam ver-se forçadas a ações, defensivas ou ofensivas, atreladas às suas alianças, assim alastrando um conflito que não deveria ter existido.
Como reflexão sobre os fatos recente, tanto a estratégia de cooptação da Ucrânia pela OTAN, impulsionada por Washington como elemento de extrema pressão sobre a capacidade defensiva da Russia¹, quanto a invasão do território ucraniano pela Russia podem levar o mundo às portas da guerra Nuclear.
1) Vide artigos de Henry Kissinger sobre a matéria.
domingo, 12 de fevereiro de 2023
Um Novo Lula?
Lula retorna ao cenário político nacional com surpreendente apetite. Tal qual um Gargantua¹, vem devorando conceitos de vies estremado e, como impõem os organismos, os devolve em insalubres frases de efeito, tal como "Na eleição, os Ricos perderam."
A frase, não só é incorreta, mas, pior, tem o cheiro podre de guerra de Classes, um estímulo ao ódio azedo e irracional além de vilipendiar justamente a classe que mais gera empregos e contribui para a prosperidade do país.
É incorreta pois a vitória de Lula se deu, não pela a inegável fidelidade dos partidos de esquerda, mas, também, graças ao importante contingente da classa média, e alguns ricos cuja contribuição certamente superou os 1,5% que derrotaram Bolsonaro.
É fato que um aperfeiçoamento fiscal, visando a supressão de alguns "loop-holes", bem poderia merecer mais atenção do que hoje se verifica. Porém, para corrigir desvios o melhor caminho é o racional, buscando na transparência da realidade fiscal e dos privilégios contrários à equidade arrecadadora o rationale para uma correção de rumo e uma equidade republicana.
Ainda, os arroubos presidenciais chocam o bom senso, revelando um Lula impulsivo às custas da racionalidade que deve embasar a presidência de um país. Sua crítica ao Banco Central não tem cabimento; primeiro por razão técnica pois os juros contra os quais deblatera não são de 13,75% mas, sim, entorno de 7% uma vez descontada a inflação. Ainda, Lula, em sua ânsia demagógica, esquece que é o Banco Central, em sua missão anti-inflacionária beneficia os pobres, por serem eles as maiores vítimas quando da escalada dos preços.
Outra iniciativa de Lula que desafia a compreensão, é a nomeação de Dilma Rousseff para presidir o banco dos BRICS. Jejuna em habilidade e experiência bancária, e, ainda, não se destacando no campo das comunicações, Dilma estará destinada a constantes "faux pas", assim ferindo a credibilidade da instituição sob suas ordens e do Brazil que a indicou.
Lula ainda goza de simpatia no ambiente nacional; pode retomar a racionalidade de seu primeiro mandato, porém, a persistir nos gestos carentes de razoabilidade, verá seu apoio em forte queda, deixando-o com o PT e similares ideológicos, tornando-se uma minguante bancada. Justo supor-se que cresce a importância do Congresso como filtro.
Parafraseando o notável Talleyrand a respeito dos Bourbons quando de sua volta ao Trono Francês: "ils n'ont rien oublié, et rien appris", assim renasce o novo Lula: nada esqueceu, nada apreendeu. Espero estar errado.
1) "Gargantua", de François Rabelais, 1534
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023
Tempos Inquietos
"Since the Cold War, however, the United States’ military frontier has advanced much farther eastward. Regardless of how Russia’s brutal war in Ukraine ends, the United States has committed itself to sustaining a robust military presence on Russia’s doorstep. If alive today, Kennan would note the danger of cornering the Russians to the point where they might lash out. He would also gesture toward the United States’ multiple problems at home and wonder how this exposed presence in Eastern Europe accorded with the long-term foreign and domestic interests of the American people."
Foreign Affairs