Graças aos atos do Presidente envolvendo os militares na validação das urnas eletrônicas, e graças à decisão de duvidosa prudência do Ministro Barroso (à época de sua liderança do TSE) ao convidar a presença militar na comissão que apura a confiabilidade das urnas eletrônicas, tem-se hoje crescente envolvimento do Exército em área exclusiva do Poder Civil que rege o processo eleitoral brasileiro.
Apesar de insistentes advertências do Tribunal Superior Eleitoral à Jair Bolsonaro sobre o perigo que a propagação de suas infundadas dúvidas sobre as urnas eletrônicas firam a confiança do eleitor no processo eleitoral, Jair Bolsonaro insiste em manter seu discurso de desconfiança. Declara rejeitá-las caso, segundo ele, as eleições não forem "limpas". Vale, então, a indagação: quem definirá a higidez do processo? O presidente? As Forças Armadas? ou o Tribunal eleitoral?
E qual seria o fito da dúvida semeada? A indagação pode levar um observador da política brasileira a perguntar se um objetivo extra-constitucional estaria por trás de tais críticas. Será que, iniciada a eleição e constatada uma eventual vantagem do candidato oposto ao governo, haveria interrupção, adiamento ou anulação das eleições?
Pelo que se observa, as portas se abrem pela primeira vez no país redemocratizado, para a participação militar no TSE. Esta, adquirindo ímpeto próprio, faz surgir o temor de nova interferência castrense onde o Ministro da Defesa insiste em enviar mais dez soldados para renovado "teste" da inviolabilidade das urnas.
Simultaneamente, em iniciativa surpreendente, o Procurador Geral da República, Augusto Aras, rejeita a necessária equidistância entre os Poderes da república, alia-se ao Presidente da República ao solicitar reunião com os comandantes das três Armas para tratar de "eleições e instituições". Com que objetivo? Já realizada a reunião, seu tema não foi divulgado ao público, assim abrindo as portas à versões contrárias à tranquilidade que um período eleitoral exige.
Qualquer interrupção do processo constitucional será inaceitável e, certamente, as FF AA, cientes da existência de alguns núcleos antidemocráticos agindo na periferia política, apoiarão as providências legais para contê-los, e, se necessário for, puni-los. Pressupõe-se que os demais comandos militares das forças de terra, mare e ar, alocados às diversas regiões brasileiras, estejam mobilizadas em defesa da democracia.
Neste momento o Brasil está sob a atenção internacional, que, com viés crítico, acompanha o desenrolar do momento eleitoral; seus observadores contam com que a sua democracia e seu respeito à preservação do meio ambiente seja fortalecido no processo de sucessão presidencial.
Um comentário:
Muito bom.
Ignez
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