Nada mais importante do que o comportamento responsável, solidário, generoso que as religiões ensinam a seus fiéis. Os Deuses são diferentes em muitas delas, mas a mensagem de fraternidade é comum a todas pois a religião precede às leis e normatizam a vida em sociedade, a vida comunitária. Antes da religião a lei era a do mais forte e flexível conforme as circunstâncias e interesses daqueles que detinham o poder para ditá-las.
Todas as religiões (desde que não firam a sociedade que a abriga) são válidas, desde o monoteísmo Cristão, ao politeísmo Indiano e ao pandeismo Japonês.
Também é verdade que religião, poder e riqueza não raro se mesclam, assim perdendo sua pureza ao privilegiar o benefício terreno. Pode ela ser mutável em busca de adaptação, como pode ser dogmática e estática ignorando um mundo em transformação.
Porém, o mundo moderno aprendeu a necessidade de separar a religião da política, rejeitando os tempos passados da verdade absoluta em confronto com a relatividade intrínseca à prática democrática. Deste entendimento prosperou a fórmula do Estado Laico abandonando a prevalência do Dogma.
Hoje se observa um desvio preocupante através da tentativa, sob o comando de Jair Messias Bolsonaro, de mobilizar uma facção religiosa como arma na busca de poder político, assim desprezando a norma constitucional da laicidade.
Nas eleições parlamentares que se aproximam constata-se a candidatura de 900 postulantes de identificação religiosa, na grande maioria evangélicos. Se eleitos, transformariam o parlamento em poder pseudo-teológico a serviço do "Messias" de plantão, assim emulando a entronização de um "aiatolah" cristão.
As declarações disseminadas na mídia nacional onde o Presidente afirma estar sob proteção divina relega o adversário político, perante o eleitorado evangélico, à diabolização por renegar o "escolhido". Violentam não só a razão como também a Constituição, ao privilegiar uma casta e assim negar a igualdade dentre os cidadãos. Geram o absurdo corolário que sugere ser seu adversário indigno de semelhante proteção.
Assim desequilíbrios exógenos são criados por razões de crença e não de mérito; àqueles protegidos pela crença "oficial" recebem a preferência do Poder constituído, ampliando seu acesso às benesses concedidas e aos privilégios a outros negados.
Já, do ponto de vista macro, a opção pelo uso eleitoral da via Evangélica tende a estimular uma contra-reação das demais religiões ou crenças, assim envenenando a nação com o germe de um conflito religioso e hostilidade mútua nunca antes vista no Brasil.
Um comentário:
Nada eh mera coincidência. Tudo nos remete ao passado Igreja e Estado unidos, reis ungidos pelo poder divino etc Retrocesso lamentável!
Ignez
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