Tempos de eleição. O Brasil politico abandona toda pretensão de interesse público e volta-se, vorazmente para a captura dos votos que lhe trará o Poder material. Sim, porque em última análise, o gozo do poder se materializa com benesses e privilégios distribuídos aos protagonistas e seu entorno.
Poucos serão aqueles que buscam a longínqua aprovação da história, o respeito da sociedade e a honra a de seu nome. Pelo contrário, a pressa está sempre presente, qualquer artimanha será válida. Vê-se a formação de verdadeiras quadrilhas no ambiente parlamentar, abrindo as portas ao saque do erário, seja direta ou indiretamente; neste quesito nada supera os manipuladores do Centrão, pois o fazem de forma legal, sem o risco que traz a ilegalidade. Alteram as leis...
Hoje, este aglomerado político torna-se o protagonista do cenário brasileiro, deslocando o Presidente de líder para subordinado e cúmplice. A Criatura, antes dispersa, hoje engole seu Criador e assume a iniciativa. Todas as energias são agora direcionadas para a vitória eleitoral; os mais diversos grupelhos antegozando as delicias que lhes trarão as Chaves do Reino.
Por resultado, a lei se degrada, vítima de manobras e artifícios engendrados por uma emergente e voraz maioria parlamentar; o Erário se avilta com avenidas secretas longe dos olhos do eleitor; a Educação se torna acéfala por inconstância de sua liderança; a Saúde subordinada à politização de suas decisões; a Política Externa se atrapalha com objetivos imediatistas e contraditórios; a Economia torna-se cúmplice do movimento "fura teto"; e, como se o Ministério da Religião houvesse, o proprio Senhor é constantemente recrutado para validar as alianças e projetos monetários...
E quanto ao futuro próximo? Será a vitória nas urnas fonte de alegria para os vencedores? Pouco provável. As correntes desordenadas que se entrechocam nas profundezas da Nação hão de trazer conflito e ansiedade. Cada vez mais, a formulação democrática perde prestígio, tanto na base quanto no cume do tecido social, buscando, na sua crescente decepção, o autoritarismo como solução.
A anomia política que se observa revela a perda do poder de bem administrar um país, hoje na beira da indigência social. Urge reverter o crescente empobrecimento do lumpen através do investimento maciço na infra estrutura social constituía pelo conjunto Saúde, Educação, Transporte e Habitação.
Sem contar com esta infraestrutura, a desejada superestrutura económica, geradora da riqueza que um regrado capitalismo pode trazer à Nação, o atual "projeto Brasil" torna-se entrópico. Vive o "voo da galinha" que tem caracterizado o percurso econômico do país ao longo dos anos.
O equilíbrio fiscal, agravado pelos "loop holes" tributários que oferecem à uma pequena minoria do universo fiscal brasileiro as brechas tributárias, levando o fisco a compensá-las junto àqueles contribuintes, pequenos e grandes, que optam pelo cumprimento integral de sua obrigação fiscal.
Agravando o quadro tributário, o imposto sobre o consumo tem por resultado onerar mais do que proporcionalmente as classes de renda modesta; sua redução seria amplamente compensada pelo fechamento das brechas que hoje beneficiam muitos que compõem o ápice da pirâmide econômica.
Por resultados, acentua-se a disparidade na distribuição da riqueza e bem estar na Nação, revelando os índices de GINI e IDH, Estes revelam-se degradados, desnudando o abandono das prioridades sociais que, por sua vez, se tornam fragilidade política em prazos médio e longo.
Graças ao curto horizonte da administração política, observa-se crescente distonia no processo de identificação das prioridades. Com a multiplicidade de objetivos conflitantes, em teor e prazo, esgarça-se o ímpeto psico-social da Nação, diluindo o vigor de seu empuxo.
Em suma, estes desequilíbrios colocam a perigo a prevalência do Capitalismo, este essencial à prosperidade da Nação.
2 comentários:
Tempos obscuros, amigo! Tenebrosos!
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