terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Causa e Consequência



                                                "RESET"  com Clinton e Lavrov¹

O cenário internacional se agrava a cada semana. Rússia se nega a aceitar OTAN na vizinha Ucrânia. Para Moscou a ameaça que traz tal decisão é militar e politicamente inaceitável. Exige, assim, a formalização de compromisso que respeite a neutralização de Kiev.

Do outro lado, os Estados Unidos alegam direito da Ucrânia aliar-se com quem bem desejar. Contudo, o âmago da questão é outro: até que ponto será tolerável ter uma potência cavalgando as fronteiras de um país politicamente adversário?   Biden e seus generais bem sabem que sua exigência tem menos a ver com a "liberdade" de escolha do governo ucraniano do que a urgência na estruturação de projeto militar anti Rússia (OTAN).  

Os episódios no passado recente envolvendo a OTAN desvenda sua política de constante expansão. O processo que hoje se desenvolve teve seu início após a queda do Muro de Berlim.  Nos últimos estertores da União Soviética, o governo George H. Bush propôs à Rússia o desmantelamento da sua aliança Militar, o Pacto de Varsóvia, em troca da não expansão da OTAN na direção Leste. O presidente Gorbachev cumpriu o combinado sem que a contrapartida ocorresse.

Já, no início 2008, o presidente George W. Bush instou a Georgia, pais ao sul da Rússia, à participar da  OTAN. O plano fracassou devido ao açodamento do  presidente Saachkvili ao invadir militarmente  a Ossétia, região protegida e pacificada por tratado celebrado com Moscou. A reação russa inviabilizou o projeto ainda que respeitando sua independência que perdura até hoje.   

Já, em novembro de 2013, sob o governo de Barack Obama, o Departamento de Estado sob Hillary Clinton, em sintonia com a CIA,  engendraram a derrubada do então presidente ucraniano Victor Yanucovich. Hoje, é do conhecimento geral, que a conspiração foi dirigida pela Sra. Clinton e sua subordinada no Departamento de Estado, Victoria Nuland em estreita coordenação com os líderes da oposição ucraniana. Por resultado, deu-se a a eclosão da bem sucedida rebelião de Maidan que terminaria por indicar Arsnyy Yatsenyuk como presidente pro-Ocidente.  

Como decorrência deste "coup de main", criou-se ambiente hostil entre os dois países, anteriormente próximos. O resultante desequilíbrio estratégico levou Moscou a recuperar a soberania sobre a Criméia, originalmente russa e cedida à Kiev por Kruhchev, bem como o extremo Leste da Ucrânia, rebelado devido à abolição, pelo governo central, das proteções constitucionais anteriormente concedidas aos seus habitantes de etnia russa.  

Dez anos decorridos, chega-se à 2022, quando surge,  novamente, a Sra. Victória Nuland, hoje Sub Secretária de Estado, com a missão de levar a OTAN à Ucrânia, assim fragilizando a os vitais interesses russos quanto à sua segurança.

Além de enrijecer a resistência russa, a política externa norte-americana tem por resultado ancilar o estreitamento das relações políticas e militares Moscou-Pequim. O presidente chinês, Xi Ji Ping, vê neste atual confronto uma semelhança entre Ucrânia e Taiwan face a ingerência, senão uma ameaça,  dos Estados Unidos à sua segurança. 

Ao insistir nesta progressão, Washington eleva a temperatura bélica tendo por oposição o imenso poder que a aliança Sino-Russa representa sob a ótica demográfica, geográfica, econômica e militar. Coloca, assim, o planeta em situação de alto risco pois o recurso às armas nucleares não pode ser descartado. Washington deve entender que as "red lines" anunciadas não devem ser cruzadas.


¹) RESET tentativa de reconciliação 

    


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