domingo, 27 de fevereiro de 2022

Cenário Crítico





Se por um lado a posição russa encontrava apoio lógico em sua oposição à instalação da OTAN na sua fronteira, a invasão da Ucrânia abre uma Caixa de Pandora.

Fosse a incursão armada contida dentro dos limites de uma "advertência" talvez a relação Custo/Benefício fosse bem melhor para Moscou. Uma  contida presença armada russa, por exemplo, na parte separatista do Dombas, sob pretexto de defendê-la contra ameaça de Kiev, teria  gerado a pressão desejada, reforçando a credibilidade de subsequente  escalada caso insistisse no projeto OTAN. Talvez não tivesse levado o projeto ao elevadíssimo custo militar, político e econômico hoje observado.

A atual situação "on the ground", com os tanques russos cercando Kiev, coloca a Russia na situação de "toma, que o filho é teu"! Quanto mais tempo em território conquistado, maior sua responsabilidade e maior será o preço dela decorrente. A probabilidade de vir Moscou a instalar na Ucrânia um governo  submisso é minima. 

Putin se coloca na posição tão conhecida de seu grande rival norte-americano; a derrota subjacente de uma vitória aparente.  Putin se manieta por redução de alternativas viáveis,  o que  promete crescentes dissabores. Tem tudo para piorar. De uma situação de "influencer", torna-se  protagonista. Corre o iminente risco de ver-se  dominado pela sequência de eventos que não mais controla.

Como um Cortez moderno, Putin não mais pode retroceder sem desmoralizar-se, pois queimou seus navios. Quanto mais tempo permanecer em território ucraniano, mais sofre sua imagem, passando de vítima a algoz; assim, derruba todo um edifício lógico, enfraquecido em suas vigas mestres.  

Um passo além das pernas que fere a imagem e o futuro político do grande estrategista, confrontado com a perene indagação: "como sair desta?". 

E assim prossegue o xadrez... O passar do tempo é contrário aos interesses de Putin e da Russia. As sanções econômicas se acumulam, atingindo intensidade jamais vista; a perdurarem levarão  Moscou à derrota política e à humilhação militar. obrigando à retirada do exército russo sem que atinja  seus objetivos. 

A vibrante solidariedade à Ucrânia manifesta pelas nações Ocidentais (recrutando até a profissionalmente neutra Suíça) chega, surpreendentemente,  a incluir a China no  rol dos opositores à invasão.  

Será o "canto do cisne", para Wladimir Putin ou terá ele uma "carta na manga?" Será ele vítima do próprio establishment russo? A aposta foi enorme, e assim será o seu custo.


 

domingo, 20 de fevereiro de 2022

A Volta de Tucídides




O que se contempla hoje no âmago da crise que envolve a Ucrânia tendo por protagonistas os Estados Unidos e a Russia revela um confronto em diversas dimensões: 

A dimensão política abrange objetivos escancarados bem como subterrâneos. Enquanto Washington  constrói e divulga em maciça campanha pela imprensa mundial a perene imagem de defensora das liberdades ocidentais, dos Direitos Humanos (apesar de incidentes internos)  e da autodeterminação (apesar de incidentes externos), já a peleja subterrânea onde atua a CIA, esta é bem mais sútil.

Langley*, apesar de notória e histórica imprecisão de suas estimativas e previsões, evidenciada em outros episódios internacionais (Vietnam, Iraque, Síria, Afeganistão, etc...), vem abastecendo o governo Biden com evidencias de iminente invasão russa. 

A agência dos espiões não parece desconfiar que. ao "revelar" os planos de invasão russa, arrisca denunciar a origem de suas fontes secretas embutidas na intimidade do aparato inimigo, assim caindo nas armadilhas preparadas por Moscou. Segundo a literatura sobre a matéria, não seria a primeira vez... 

Além do objetivo de conquistar a Ucrânia como mais uma peça para o dominó OTAN, os Estados Unidos tem outros objetivos, reforçar, pelo receio criado,  a coesão europeia, esta fragilizada pelo Brexit e pela crescente dissintonia da politica externa de Washington vis-a-vis os objetivos do eixo Paris-Berlim, este vendo na crescente intensidade do comercio sino-russo. China, hoje, é o maior parceiro comercial da Europa, enquanto a Russia é a única fonte alternativa, a custo confortável, de energia e aquecimento. 

"Last but not least", não deve ser desprezado o objetivo eleitoral de Biden. Face a sua possível perda do controle sobre Câmara e Senado nas eleições que se avizinham, surge a oportunidade de conter ou reverter a  ameaça ao tênue domínio Democrata no Senado  americano. Enrolar-se na bandeira, a "Star and Stripes", é tática já usada no passado quando das eleições. Vide Clinton e  a guerra do Kosovo... 

Já, do lado russo, a motivação é bem conhecida. Não evolve ganho territorial, cujo benefício seria de perene alto custo, seja econômico, militar ou politico. Seus objetivos já foram bem delineados; a neutralização de Kiev, seguindo o modelo finlandês. 

Ainda, Moscou insiste no cumprimento dos acordos de Minsk, celebrado entre as partes conflitantes e  com a participação arbitral europeia,  restabelecendo os direitos tradicionais que os cidadãos de russo-ucranianos gozavam antes da alteração constitucional causada pela "revolta da praça Maidan".                A não cumprir-se os termos do Tratado assinado, não será descartável a possibilidade de anexação por Moscou das áreas separatistas de Lugansk e Donetsk.

Moscou também aproveita-se da ameaça decorrente da expansão da OTAN na Ucrânia traçando um paralelo com o contencioso Taiwan-China. Manifestações de apoio já provieram de  Pequim.

Quanto ao cenário institucional  internacional deve ser lembrado que tanto a Russia quanto a China possuem o direito de veto nas Nações Unidas, dificultando a formação de consenso internacional que lhes seja  hostil.

Uma avaliação isenta, e aqui vale reportar-se às observações do notável Henry Kissinger reproduzidas nesta coluna, difícil justificar uma política de permanente tensão contra a Rússia, como se líder do Império Soviético ainda fosse. Sob uma ótica racional e isenta, deixando ambas as partes suas pretensões dominadoras hoje não mais realista, mais relevantes serão os fatores de colaboração entre Washington e Moscou. Hoje, a perene ameaça do Terrorismo  e o perigo potencial dos "rogue states"  nucleares que proliferam, como a Coréia do Norte, merece a atenção coordenada das grandes potencias. 

A emergência da China como o verdadeiro rival dos Estados Unidos deveria levar Washington a atenuar o contencioso com Moscou, abrindo, pelo contrário,  as portas à crescente interação. A persistir nesta política de cerco, compreensível até  1990 e não mais em 2021, a tensão internacional tenderá a  aumentar.   

Sob crescente pressão psicológica, os Estados Unidos  se veem ameaçados de perder sua, até ontem,  inconteste liderança global. Não mais poder impor mas, sim, negociar. A insegurança psicológica e política decorrente desta inversão estratégica, tem, por perigosa consequência, induzir a contestação em vez da aproximação. 

Sob a liderança norte-americana caminha-se para uma nova "Armadilha de Tucídides", Washington  por Esparta, Pequim por Atenas. Ou, ainda, adentra-se o conflito permanente de "1984" onde Ocidente e Oriente tem por destino o conflito infindável. Urge corrigir o rumo.  



* Sede da CIA

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Como ter Paz




Em 2014, quando da primeira crise na Ucrânia envolvendo o Ocidente e a Rússia, Henry Kissinger ofereceu sua excepcional visão sobre esta espinhosa questão. Nada mais oportuno do que divulgá-la:


"  PUBLIC discussion on Ukraine is all about confrontation. But do we know where we are going? In my life, I have seen four wars begun with great enthusiasm and public support, all of which we did not know how to end and from three of which we withdrew unilaterally. The test of policy is how it ends, not how it begins.

   Far too often the Ukrainian issue is posed as a showdown: whether Ukraine joins the East or the West. But if Ukraine is to survive and thrive, it must not be either side’s outpost against the other – it should function as a bridge between them.

   Russia must accept that to try to force Ukraine into a satellite status, and thereby move Russia’s borders again, would doom Moscow to repeat its history of self-fulfilling cycles of reciprocal pressures with Europe and the United States.

   The West must understand that, to Russia, Ukraine can never be just a foreign country. Russian history began in what was called Kievan-Rus. The Russian religion spread from there. Ukraine has been part of Russia for centuries, and their histories were intertwined before then. Some of the most important battles for Russian freedom, starting with the Battle of Poltava in 1709, were fought on Ukrainian soil. The Black Sea Fleet – Russia’s means of projecting power in the Mediterranean – is based by long-term lease in Sevastopol, in Crimea. Even such famed dissidents as Aleksandr Solzhenitsyn and Joseph Brodsky insisted that Ukraine was an integral part of Russian history and, indeed, of Russia.

   The European Union must recognize that its bureaucratic dilatoriness and subordination of the strategic element to domestic politics in negotiating Ukraine’s relationship to Europe contributed to turning a negotiation into a crisis. Foreign policy is the art of establishing priorities.

   The Ukrainians are the decisive element. They live in a country with a complex history and a polyglot composition. The Western part was incorporated into the Soviet Union in 1939, when Stalin and Hitler divided up the spoils. Crimea, 60 per cent of whose population is Russian, became part of Ukraine only in 1954 , when Nikita Khrushchev, a Ukrainian by birth, awarded it as part of the 300th-year celebration of a Russian agreement with the Cossacks. The West is largely Catholic; the East largely Russian Orthodox. The West speaks Ukrainian; the East speaks mostly Russian. Any attempt by one wing of Ukraine to dominate the other – as has been the pattern – would lead eventually to civil war or breakup. To treat Ukraine as part of an East-West confrontation would scuttle for decades any prospect to bring Russia and the West – especially Russia and Europe – into a cooperative international system.

  Ukraine has been independent for only 23 years; it had previously been under some kind of foreign rule since the 14th century. Not surprisingly, its leaders have not learned the art of compromise, even less of historical perspective. The politics of post-independence Ukraine clearly demonstrates that the root of the problem lies in efforts by Ukrainian politicians to impose their will on recalcitrant parts of the country, first by one faction, then by the other. That is the essence of the conflict between Viktor Yanu­kovych and his principal political rival, Yulia Tymo­shenko. They represent the two wings of Ukraine and have not been willing to share power. A wise U.S. policy toward Ukraine would seek a way for the two parts of the country to cooperate with each other. We should seek reconciliation, not the domination of a faction.

   Russia and the West, and least of all the various factions in Ukraine, have not acted on this principle. Each has made the situation worse. Russia would not be able to impose a military solution without isolating itself at a time when many of its borders are already precarious. For the West, the demonization of Vladimir Putin is not a policy; it is an alibi for the absence of one.

   Putin should come to realize that, whatever his grievances, a policy of military impositions would produce another Cold War. For its part, the United States needs to avoid treating Russia as an aberrant to be patiently taught rules of conduct established by Washington. Putin is a serious strategist – on the premises of Russian history. Understanding U.S. values and psychology are not his strong suits. Nor has understanding Russian history and psychology been a strong point of U.S. policymakers.

  Leaders of all sides should return to examining outcomes, not compete in posturing. Here is my notion of an outcome compatible with the values and security interests of all sides:

• Ukraine should have the right to choose freely its economic and political associations, including with Europe.

• Ukraine should not join NATO, a position I took seven years ago, when it last came up.

• Ukraine should be free to create any government compatible with the expressed will of its people. Wise Ukrainian leaders would then opt for a policy of reconciliation between the various parts of their country. Internationally, they should pursue a posture comparable to that of Finland. That nation leaves no doubt about its fierce independence and cooperates with the West in most fields but carefully avoids institutional hostility toward Russia.

 •It is incompatible with the rules of the existing world order for Russia to annex Crimea. But it should be possible to put Crimea’s relationship to Ukraine on a less fraught basis. To that end, Russia would recognize Ukraine’s sovereignty over Crimea. Ukraine should reinforce Crimea’s autonomy in elections held in the presence of international observers. The process would include removing any ambiguities about the status of the Black Sea Fleet at Sevastopol.

   These are principles, not prescriptions. People familiar with the region will know that not all of them will be palatable to all parties. The test is not absolute satisfaction but balanced dissatisfaction. If some solution based on these or comparable elements is not achieved, the drift toward confrontation will accelerate. The time for that will come soon enough."



• Kissinger was Secretary of State from 1973 to 1977. The article was first published in 2014 in the Washington Post.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

AMIL e a Ética




O Capitalismo é o motor que desenvolve a economia de um país, enquanto o Socialismo é responsável pela proteção à massa humana que dá sustentação ao desenvolvimento econômico. Nenhum país atinge a maturidade sócio-política sem respeitar esta dupla responsabilidade.

A  revolução da informação, graças à cibernética, rompeu as barreiras de outrora, hoje desvendando a intensidade na inter-relação dos mecanismos responsáveis pela evolução da sociedade. Os segredos de outrora, que poderiam servir de proteção às classes economicamente  superiores, não mais existem, pois a ubiquidade dos meios de comunicação revelam a todos os andares do condomínio humano a realidade dos privilégios e das amarguras.   

Aos governos, estejam onde estiverem, cabe a  buscar de contínuo equilíbrio entre expectativas e realizações, entre anseios e frustrações, entre realizações e esperança. A sociedade desequilibrada  prenuncia o seu desmonte político, não raro levando a soluções falsas adubadas pelo ódio, pela pobreza e pela demagogia.

Estas considerações decorrem de incidente onde o capitalismo criador é desvirtuado pelo capitalismo explorador. Trata-se do caso AMIL, relevante seguradora no ramo Saúde, que, além de importante carteira de seguros em grupo e individuais que, por comportamento surpreendente, hoje se vê exposta nas manchetes. 

Esta empresa, há poucos anos adquirida, pela gigante americana United Health, decide, inesperadamente para seus clientes, desvencilhar-se de sua carteira de cobertura individual. Assim, em manobra "esperta" cria uma outra companhia, sob seu contrôle integral,  para a qual "vende" sua carteira de 340.000 segurados com o objetivo de, em seguida vendê-la à um comprador final, assim livrando-se do "mau negócio". 

Nenhuma consideração é oferecida aos milhares de clientes "vendidos". Nenhuma opção de manter-se protegidos com qualidade é oferecida aos clientes que há anos lhes pagam para resguardo, seja hoje, seja amanhã, de sua saúde.

Demonstrando insensibilidade e irresponsabilidade, o golpe final foi dado pela United Health, celebrando a venda à um grupo que, segundo a imprensa,  não reúne as condições confiáveis que resguardassem os milhares de clientes rejeitados. Vendidos estes clientes, tal gado ou escravos, nenhuma voz lhes foi oferecida para influir em seu futuro.

Porém, brados de protesto chegaram aos meios de comunicação levando a Agencia Nacional de Seguros, órgão estatal responsável pela aprovação de tais operações, a desautorizar a última etapa do golpe solerte  e camuflado aos segurados.

Eis que esta empresa brasileira teve, há poucos anos, seu contrôle adquirido pela gigante norte-americana United Health. Alegando prejuízos que lhe trazem os velhinhos de sua carteira, impondo-lhe a venda precipitada, revela em seu balanço para 2021 os seguintes números:  Receita em 2021,            73 bilhões de dólares, Lucro liquido, 4 bilhões de dólares. 

O fato de ser próspera não deve tolher-lhe medidas que aperfeiçoe sua política empresarial. Porém, o fato de ser próspera lhe permite o luxo de preservar a ética, buscando o tempo necessário para encontrar o justo equilíbrio entre seus interesses e aquele de seus clientes. Preservação da imagem de seu "Brand" também é objetivo empresarial.    

Fica a questão, qual o peso do cliente no equilíbrio das prioridades?

                                                                     

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terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Causa e Consequência



                                                "RESET"  com Clinton e Lavrov¹

O cenário internacional se agrava a cada semana. Rússia se nega a aceitar OTAN na vizinha Ucrânia. Para Moscou a ameaça que traz tal decisão é militar e politicamente inaceitável. Exige, assim, a formalização de compromisso que respeite a neutralização de Kiev.

Do outro lado, os Estados Unidos alegam direito da Ucrânia aliar-se com quem bem desejar. Contudo, o âmago da questão é outro: até que ponto será tolerável ter uma potência cavalgando as fronteiras de um país politicamente adversário?   Biden e seus generais bem sabem que sua exigência tem menos a ver com a "liberdade" de escolha do governo ucraniano do que a urgência na estruturação de projeto militar anti Rússia (OTAN).  

Os episódios no passado recente envolvendo a OTAN desvenda sua política de constante expansão. O processo que hoje se desenvolve teve seu início após a queda do Muro de Berlim.  Nos últimos estertores da União Soviética, o governo George H. Bush propôs à Rússia o desmantelamento da sua aliança Militar, o Pacto de Varsóvia, em troca da não expansão da OTAN na direção Leste. O presidente Gorbachev cumpriu o combinado sem que a contrapartida ocorresse.

Já, no início 2008, o presidente George W. Bush instou a Georgia, pais ao sul da Rússia, à participar da  OTAN. O plano fracassou devido ao açodamento do  presidente Saachkvili ao invadir militarmente  a Ossétia, região protegida e pacificada por tratado celebrado com Moscou. A reação russa inviabilizou o projeto ainda que respeitando sua independência que perdura até hoje.   

Já, em novembro de 2013, sob o governo de Barack Obama, o Departamento de Estado sob Hillary Clinton, em sintonia com a CIA,  engendraram a derrubada do então presidente ucraniano Victor Yanucovich. Hoje, é do conhecimento geral, que a conspiração foi dirigida pela Sra. Clinton e sua subordinada no Departamento de Estado, Victoria Nuland em estreita coordenação com os líderes da oposição ucraniana. Por resultado, deu-se a a eclosão da bem sucedida rebelião de Maidan que terminaria por indicar Arsnyy Yatsenyuk como presidente pro-Ocidente.  

Como decorrência deste "coup de main", criou-se ambiente hostil entre os dois países, anteriormente próximos. O resultante desequilíbrio estratégico levou Moscou a recuperar a soberania sobre a Criméia, originalmente russa e cedida à Kiev por Kruhchev, bem como o extremo Leste da Ucrânia, rebelado devido à abolição, pelo governo central, das proteções constitucionais anteriormente concedidas aos seus habitantes de etnia russa.  

Dez anos decorridos, chega-se à 2022, quando surge,  novamente, a Sra. Victória Nuland, hoje Sub Secretária de Estado, com a missão de levar a OTAN à Ucrânia, assim fragilizando a os vitais interesses russos quanto à sua segurança.

Além de enrijecer a resistência russa, a política externa norte-americana tem por resultado ancilar o estreitamento das relações políticas e militares Moscou-Pequim. O presidente chinês, Xi Ji Ping, vê neste atual confronto uma semelhança entre Ucrânia e Taiwan face a ingerência, senão uma ameaça,  dos Estados Unidos à sua segurança. 

Ao insistir nesta progressão, Washington eleva a temperatura bélica tendo por oposição o imenso poder que a aliança Sino-Russa representa sob a ótica demográfica, geográfica, econômica e militar. Coloca, assim, o planeta em situação de alto risco pois o recurso às armas nucleares não pode ser descartado. Washington deve entender que as "red lines" anunciadas não devem ser cruzadas.


¹) RESET tentativa de reconciliação