O Itamaraty na sua origem
A correção de rumo da politica externa brasileira vai demorar. O retorno ao respeito conquistado pelo Itamaraty ao longo dos lustres passados, que abrangem os tempos do Império, tardará.
Hoje, o Brasil esta diplomaticamente isolado dos relevantes blocos de poder.
Por resultado da política externa abraçada pelo Governo Bolsonaro, o Brasil se encontra sem aliados politicos, conta, apenas, com parceiros comerciais. Tendo colocado todas suas fichas no tabuleiro de seu alter-ego, Donald Trump, o Tenente/Capitão teve por efeito destruir o já feito e descurar do à fazer.
A junção de duas condições, a ignorância e a ideologia, move montanhas. Na direção errada. O "guru" Olavo de Carvalho, contaminando a prole Bolsonaro bem como seu patriarca, infiltrando-se no Itamaraty, teve por resultado a desconstrução da diplomacia brasileira visando uma "tabula rasa" denominada "terra-planismo". Tiveram sucesso, às custas da nação.
Ao dividir-se o planeta em zonas relevantes pode-se observar que as relações brasileiras estão prejudicadas nos principais polos de poder; os Estados Unidos, a União Europeia, a China.
A incúria ambiental do governo Bolsonaro tem prejudicado suas relações internacionais tendo em vista a importância da Amazônia no âmbito global, tornando o Brasil o principal vilão. Com se não bastasse, do ponto de vista bilateral, as relações com o governo Biden estão arreganhadas pelo apoio subserviente ao seu antecessor, Donald Trump, e pelo tardio reconhecimento de sua vitória eleitoral pelo presidente brasileiro.
Quanto à aceitação da União Europeia ao tratado proposto pelo Mercosul, este encontra forte resistência liderada pela França, a maior competidora regional no setor agrícola europeu.
Já, as relações com a China, de insuperável importância para a economia brasileira, são elas continuamente fustigadas pela liderança brasileira, seja por pronunciamentos inamistosos, seja pela recusa de dar andamento ao projeto 5G de inegável interesse brasileiro.
Contudo, a bem vinda luz ao fim do túnel surgiu com a "demise" de Ernesto Araújo, hoje substituído por um Chanceler "normal"; porém, muito falta para otimizar os tradicionais canais político-comerciais. Onde buscar a complementariedade internacional? Nas relações do Brasil com os demais países, quais os objetivos mútuos, quais as alianças que o favorece, quais os países concorrentes cujo poder e ação podem ajudar ou tolher as metas nacionais? ...e por aí vai...
Estas indagações formam o pano de fundo sobre o qual deverá o Brasil buscar recompor, tanto a intensidade quanto a qualidade necessárias ao "reset" de suas relações com os Estados Unidos de Joe Biden. O Presidente Bolsonaro terá que reinventar-se, abandonando suas preferências ideológicas e subordinando-as à realidade, dentro de um quadro de respeito mútuo.
A recente visita ao presidente brasileiro por Mr. Jake Sullivan, funcionário do Conselho de Segurança norte-americano revela forte assimetria no campo protocolar. Foi um mal sinal que sugere a atual fragilidade nas relações entre os dois países.
A mensagem trazida por este emissário, como se bonus fosse, de eventualmente incluir o Brasil ao tratado da OTAN em troca de retomar o governo brasileiro a imprescindível proteção ambiental levanta sérias dúvidas, uma vez que não fica claro qual o benefício oferecido. Pelo contrário, pareceria trazer previsível ônus.
A conveniência ou inconveniência de vir o Brasil participar em aliança bélica, que visa interesses distantes e alheios ao Brasil, acende uma luz de Alerta. Vale lembrar que a política militar de Washington vem sendo fonte de incontáveis dissabores e arrependimentos, arrastando consigo uma plêiade de aliados frustrados.
É chagada a hora de vir Jair Bolsonaro, com a devida assessoria, cortar o Nó Górdio causado por ilusória política externa, embasada em ficção e que, por resultado, colheu a animosidade internacional.
Não é possível refazer os laços com esta comunidade senão derrubando muralhas e construindo pontes.
Um comentário:
bons tempos do Vasco Leitão da Cunha, do Afonso Arinos ...
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