sábado, 20 de fevereiro de 2021

Cai a máscara




A intervenção do Presidente da República na Petrobras apenas confirma o que vem sendo dito nesta coluna. O Sr, Bolsonaro nada mais é do que um empedernido populista pronto à qualquer violência administrativa que lhe garanta a vitória nas eleições de 2022.

A defenestração do presidente da empresa,  Sr. Roberto Castello Branco, revela quatro aspectos preocupantes:

1. subordina a pretensa primazia da economia liberal no trato da economia nacional, submetendo-a à  intervenção estatal quando julgado politicamente conveniente. Desrespeita a higidez do mercado livre, subordinando-o ao interesse político.

2. integra a laboriosa classe dos caminhoneiros à seus objetivos políticos, confessáveis ou não. Até que ponto sua capacidade de estrangular o país se fusiona com suas ameaça de contestar a lisura das futuras eleições?  

3. ao designar um oficial General para a presidência da estatal, se afasta o Presidente  da tese privatisante anteriormente defendida. Pelo contrário, acentua o movimento estatizante, revelando uma progressão de iniciativas  que lembra a do regime venezuelano com sinal trocado. Dia após dia, Bolsonaro aprofunda a cumplicidade militar à sua equação política.   

4. sério dano será causado à imagem brasileira nos mercados externos, tanto acionário quanto creditício, por acentuar a imponderabilidade das decisões governamentais brasileiras.

Como último obstáculo à esta violência conceitual e gerencial tem-se o Conselho de Administração da Petrobras. Apesar de constituir maioria indicada pelo governo, existem dois conselheiros designados pelos acionistas minoritário, dentre eles indivíduos, empresas e fundos de investimento  no exterior.

Sendo a demissão do presidente Castello Branco causada  por defender ele decisões gerenciais que o mercado considera corretas, do interêsse da empresa, torna difícil à minoria representada no Conselho de Administração concordar com a decisão da maioria, esta potencial causadora de prejuízos evitáveis. 

Tal discordância, agravada pela forte queda em bolsa das ações da Petrobras, amplia a brecha para vultosas ações judiciais no exterior, agravando o prejuízo potencial decorrente da decisão do Planalto.

E restam perguntas: e o Ministro Paulo Guedes, defensor da economia liberal no Governo Bolsonaro; como fica ele? Será ele um novo Moro? Ou, ainda, até onde irá sua paciência?

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