A intervenção do Presidente da República na Petrobras apenas confirma o que vem sendo dito nesta coluna. O Sr, Bolsonaro nada mais é do que um empedernido populista pronto à qualquer violência administrativa que lhe garanta a vitória nas eleições de 2022.
A defenestração do presidente da empresa, Sr. Roberto Castello Branco, revela quatro aspectos preocupantes:
1. subordina a pretensa primazia da economia liberal no trato da economia nacional, submetendo-a à intervenção estatal quando julgado politicamente conveniente. Desrespeita a higidez do mercado livre, subordinando-o ao interesse político.
2. integra a laboriosa classe dos caminhoneiros à seus objetivos políticos, confessáveis ou não. Até que ponto sua capacidade de estrangular o país se fusiona com suas ameaça de contestar a lisura das futuras eleições?
3. ao designar um oficial General para a presidência da estatal, se afasta o Presidente da tese privatisante anteriormente defendida. Pelo contrário, acentua o movimento estatizante, revelando uma progressão de iniciativas que lembra a do regime venezuelano com sinal trocado. Dia após dia, Bolsonaro aprofunda a cumplicidade militar à sua equação política.
4. sério dano será causado à imagem brasileira nos mercados externos, tanto acionário quanto creditício, por acentuar a imponderabilidade das decisões governamentais brasileiras.
Como último obstáculo à esta violência conceitual e gerencial tem-se o Conselho de Administração da Petrobras. Apesar de constituir maioria indicada pelo governo, existem dois conselheiros designados pelos acionistas minoritário, dentre eles indivíduos, empresas e fundos de investimento no exterior.
Sendo a demissão do presidente Castello Branco causada por defender ele decisões gerenciais que o mercado considera corretas, do interêsse da empresa, torna difícil à minoria representada no Conselho de Administração concordar com a decisão da maioria, esta potencial causadora de prejuízos evitáveis.
Tal discordância, agravada pela forte queda em bolsa das ações da Petrobras, amplia a brecha para vultosas ações judiciais no exterior, agravando o prejuízo potencial decorrente da decisão do Planalto.
E restam perguntas: e o Ministro Paulo Guedes, defensor da economia liberal no Governo Bolsonaro; como fica ele? Será ele um novo Moro? Ou, ainda, até onde irá sua paciência?
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