sábado, 27 de fevereiro de 2021

Pandemia e sua extensão

O QUE VAI A SEGUIR É DA MAIOR IPORTÂNCIA NA ANÁLISE DA  ATUAL PANDEMIA, POR

  

            YUVAL NOAH HARARI, 


CONHECIDO E RESPEITADO ANALISTA DO MUNDO MODERNO. 

É UMA INICITIVA DE INTERESSE PÚBLICO.

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Pedimos a compreensão do excelente Financial Times: A reprodução aqui feita não pretende qualquer benefício direto ou indireto, monetário ou não; se lastreia na imperiosa necessidade de à todos dar acesso ao combate ao Covid19, inclusive enriquecendo a compreensão do flagelo e do combate ao mesmo.  

O acesso a este Blog é gratuito, não gerando qualquer benefício financeiro.







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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Milagre!

 



Há poucos dias ouvi uma excelente palestra sobre os milagres que o Bitcoin oferece ao universo financeiro. Ainda não me converti, mas está ficando cada vez mais difícil resistir às. fortunas prometidas, trazidas por...vento quente! (É como os norte-americanos chamam palavras vazias). Sim, por palavras e não por substância,  seja ela física, seja ela jurídica. Ao leigo, como eu, o Bitcoin  flutua sobre uma crença coletiva sustentada pelo desejo de lucro.

É uma espécie de dinheiro de Monopólio, que tanto jogava de jogar quando menino (será por isso que tornei-me banqueiro?) onde as notas valem por decisão temporária dos parceiros que compartilham  o mesmo objetivo:  o de enriquecer. Nada tinha a ver com o mundo real. Mas porque há o Bitcoin de valer, hoje, perto de US$ 50.000,00?  Porque, igual ao Monopólio,  faz parte de um jogo. Um imenso faz de conta onde os que assim desejam o aceita como valor real. 

Mas, existem razões para que a realidade seja assim manipulada? Vivemos uma época de incontida admiração pelo virtual, pelos bytes, pela explosão do "on line". Uma nova era baixou sobre os humanos onde ubiquidade  é confundida com infalibilidade. Traz no seu cerne uma nova espécie de crença semi religiosa, trazida por um "Deus ex Maquina". 

E, ainda, para dar-lhe respeitabilidade e credibilidade esta nova etapa da história humana é envolta em instigante mistério e com ele o glamour que leva à  veneração do incompreensível, fonte de novos e contínuos milagres. E, assim, está feita a conversão. O mais arraigado dos realistas sucumbe ao eletrizante canto do Bitcoin, envolto em sofisticada nuvem técno-mítica.

Mas dá uma certa pena dos laboriosos holandeses do Século XVI (1593 AD) que montaram jogo semelhante, transformando as tulipas em cobiçado ativo financeiro. Os armadores do jogo, respeitáveis batavos, decidiram que o bulbo da tulipa (não o insípido pen drive de nossos dias) merecia enorme valor. E assim aconteceu, sua gênese uma espécie de fiat lux (não confundir com o fósforo).  E a farsa durou vinte anos, testemunhando o nascimento e morte de  fortunas (quando não de seus proprietários)  extinguindo-se na segunda década do Séculos seguinte. Finalmente, o espectro da realidade pôs a ganância a correr.

Mas, não pense o leitor que o este observador preveja o fracasso do projeto Bitcoin. Não. A capacidade que o ser humano tem de enganar-se não tem limites.   


sábado, 20 de fevereiro de 2021

Cai a máscara




A intervenção do Presidente da República na Petrobras apenas confirma o que vem sendo dito nesta coluna. O Sr, Bolsonaro nada mais é do que um empedernido populista pronto à qualquer violência administrativa que lhe garanta a vitória nas eleições de 2022.

A defenestração do presidente da empresa,  Sr. Roberto Castello Branco, revela quatro aspectos preocupantes:

1. subordina a pretensa primazia da economia liberal no trato da economia nacional, submetendo-a à  intervenção estatal quando julgado politicamente conveniente. Desrespeita a higidez do mercado livre, subordinando-o ao interesse político.

2. integra a laboriosa classe dos caminhoneiros à seus objetivos políticos, confessáveis ou não. Até que ponto sua capacidade de estrangular o país se fusiona com suas ameaça de contestar a lisura das futuras eleições?  

3. ao designar um oficial General para a presidência da estatal, se afasta o Presidente  da tese privatisante anteriormente defendida. Pelo contrário, acentua o movimento estatizante, revelando uma progressão de iniciativas  que lembra a do regime venezuelano com sinal trocado. Dia após dia, Bolsonaro aprofunda a cumplicidade militar à sua equação política.   

4. sério dano será causado à imagem brasileira nos mercados externos, tanto acionário quanto creditício, por acentuar a imponderabilidade das decisões governamentais brasileiras.

Como último obstáculo à esta violência conceitual e gerencial tem-se o Conselho de Administração da Petrobras. Apesar de constituir maioria indicada pelo governo, existem dois conselheiros designados pelos acionistas minoritário, dentre eles indivíduos, empresas e fundos de investimento  no exterior.

Sendo a demissão do presidente Castello Branco causada  por defender ele decisões gerenciais que o mercado considera corretas, do interêsse da empresa, torna difícil à minoria representada no Conselho de Administração concordar com a decisão da maioria, esta potencial causadora de prejuízos evitáveis. 

Tal discordância, agravada pela forte queda em bolsa das ações da Petrobras, amplia a brecha para vultosas ações judiciais no exterior, agravando o prejuízo potencial decorrente da decisão do Planalto.

E restam perguntas: e o Ministro Paulo Guedes, defensor da economia liberal no Governo Bolsonaro; como fica ele? Será ele um novo Moro? Ou, ainda, até onde irá sua paciência?

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Requiem





É momento de enterro. A esperança de ver a bandidagem na cadeia, a renovação da honestidade, o sentimento de uma nação na procura de justiça sofre duro golpe com a demise da Lava Jato. Em ato de traição à seus eleitores, Jair Bolsonaro comanda nos bastidores, o colapso da punibilidade. Atiçando seu procurador Geral da República, Dr. Aras, aliando-se às facções parlamentares avessas à interpretação severa do Código Penal, o governo rasgou a fantasia eleitoral que usara na primeira fase.,   

Se houve imperfeições  em alguns procedimentos investigatórios, estas não tiveram a gravidade dos excessos que ainda  garantem a perpetuação da impunidade criminal. As imperfeições porventura existentes na operação Lava Jato poderiam ser corrigidas sem a desmontagem do processo moralizador. Com a condenação em segunda instância, criou-se a sequência virtuosa  de causa e efeito, onde à prisão sucedia, em tempo hábil, o crime julgado. Acentuava-se o desistímulo ao mal feito.

A severidade da Lava Jato representou um avanço de suma importância para toda uma cidadania. Não se trata, apenas, da adoção de procedimento judicial correto.  Refletia, também, a evolução do ethos público, onde a eficácia no âmbito da Justiça age sobre o comportamento do estamento político-social, o qual, por sua vez, orienta a administração pública e acentua a qualidade de um governo como um todo. A Justiça instalada, por regular o comportamento da cidadania, torna-se o principal alicerce do edifício público.

Porém, a atual degradação do combate ordenado ao crime e o crescente esgarçamento das regras de convívio redundam em fragilização da sociedade. O roubo impune que tanto se vê, cometido por administradores e políticos, subtrai aos demais cidadãos as garantias que lhes protegem, inviabilizando a eficácia do Estado e a prosperidade da Nação.. 

Justo buscar-se, no ponto de vista cívico-moral, sem prejudicar a imprescindível diversidade de opiniões, a  soma algébrica dos caminhos que compõem a estrada principal e que leve à direção consensual do regime básico a reger a República. A busca, através do voto livre, de tudo que compõe a qualidade de vida dos cidadãos. 

Para que o projeto tenha sucesso deve ele ser balizado  por marcos éticos e comportamentais que assegurem o cumprimento da lei.  Sem eles vem o desrespeito às regras do jogo onde prevalece o ganho pessoal dos que as violam, sobrepondo-se aos interesses daqueles que respeitam os limites da legalidade. Invalida-se, assim, o jogo da livre concorrência, viciando os dados no tabuleiro do sucesso. 

Hoje, subordina-se o Estado em favor de grupelhos e indivíduos, onde o Orçamento votado por assembléia  nem sempre  reflete o real destino dos recursos autorizados, desviados que são por meandros inconfessáveis. A rapina exercida por boa parte do quadro político, aliada à anomia institucional que se alastra, parece tornar o país numa meritocracia de sinal trocado.  

O colapso do ambiente de competitividade poderá  contaminar a confiança no sistema vigente, levando crescentes facções e contestarem o status quo. Constatada ou presumida pelo povo a inadequação do plano institucional, quanto tempo um país de 200 milhões de habitantes suportará um sistema que permita o desequilíbrio na repartição da renda demonstrado no gráfico de GINI? (1)  Tornar-se-á o país campo fértil para novas experiências extremadas, sejam elas de esquerda ou direita?

Seriam essas considerações expressão de um esquerdismo, de um socialismo ingênuo ou totalitário?  Não, aqui propugna-se uma democracia ética, onde possa vicejar um capitalismo de mercado e de  benefício coletivo.

Enquanto não se restabelecer o império da equidade política, financeira e administrativa ter-se-á o  Brasil em plano inclinado em direção à insatisfação, e quiçá à convulsão social.


1. Gráfico da FGV

Desigualdade de renda
Gini da Renda do Trabalho nos Domicílios per Capita
em pontosginimar/15jun/15set/15dez/15mar/16jun/16set/16dez/16mar/17jun/17set/17dez/17mar/18jun/18set/18dez/18mar/190,60,6050,610,6150,620,6250,63
set/18
 gini: 0,622364768
Fonte: FGV/IBRE