Ontem, Angela Merkel, Primeira Ministra da Alemanha, não se conteve ao conclamar seus concidadãos a adotar severo comportamento social afim de conter a pandemia. Face a tragédia em curso, revelando sua profunda empatia, não conteve lágrimas.
Quase simultaneamente, Jair Bolsonaro, com alegre expressão, informa a Nação que "estamos no fim da pandemia. Ganhei!!" Ao fazê-lo, revela seu distanciamento das estatísticas que retratam a crescente ameaça à saúde de seu povo. Leva o assunto na risada, como se nada de grave houvesse.
"Ganhei"? Ganhou o que? Mais algumas milhares de mortes? O brasileiro assiste, neste momento trágico, um líder nacional que, em seu semblante alegre e despreocupado face às circunstâncias do momento, lembra indícios de sócio-patia. Sugere falta de empatia para com seus concidadãos atemorizados, hospitalizados, recém enterrados, insinua complexa personalidade cuja compreensão dependa de observador especializado.
Como se não bastasse, a Pandemonia junta-se à Pandemia. Num dia, em homenagem à ubíqua burocracia brasileira, seriam 60 dias para a liberaçãodas vacinas. No dia seguinte, o mesmo ministro da saúde (só lhe cabe letra minúscula) declara a liberação da vacina nos próximos dias.
As idas e vindas, a reversão de decisões, as contradições, todas evidenciadas no que trata da vida ou morte de cidadãos brasileiros. Neste momento crucial revela-se o colapso do bom senso e da lógica na administração pública nacional.
De um lado, abnegados médicos, enfermeiros e auxiliares enfrentam, hora após hora, dias após dia, a morte de seus colegas e de pacientes. Do outro lado, a nação observa o jogo das ambições pessoais e eleitoreiras de uns e de outros subjugados pelo amor ao cargo e ao poder, anulando o sacrifício e abnegação destes novos heróis brasileiros.
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