Há tempos, se algum, as Nações Unidas não assistem a tal espetáculo. Não era "Mutt & Jeff", nem "Tom & Jerry", nem "Abbot & Costello", era coisa bem mais preocupante. Mais chegado, talvez, à um "Bonnie & Clyde", onde dois protagonistas se unem na penumbra dos enganos.
Assim, temos "Trump & Bolso". Vale notar que, em todas estas narrativas, existe o esperto e o bobo. Ao leitor cabe concluir quem é quem.
É bem óbvio que ambos os discursos, supostamente dirigidos à comunidade das nações, nada tinham de internacional, mas, na sua essência revelavam objetivos eleitorais. Na sua alocução Trump enfatiza o contencioso chinês, buscando na "pátria ultrajada" o voto patriótico. De seu lado, Bolsonaro dispara um rosário de afirmações duvidosas para municiar sua próxima eleição. Ao observado cabe presumir que trata-sede diplomacia negativa, como desagradar países amigos.
Vale comentar alguns pontos do discurso do presidente norte-americano:
... com o olhar crispado e semblante belicoso, o Imperador Trump (pois não é do Império Americana que se trata?), ameaça a China por crimes cometidos e por cometer. A primeira afronta será a de ultrapassar, para futuro breve (cetibus paribus), a atual liderança econômica dos Estados Unidos. Pretende assim eliminar o "paribus". .Outros crimes são assacados contra Pequim, tal qual a intencional criação do Coronavírus com o fito de disseminá-lo nos Estados Unidos e sus aliados.
- auto-elogiando seu desempenho, escamoteia seu declarado desprezo pelas medidas anti-pandêmicas, que rejeitando públicamente a necessária máscara e o distanciamento social.Com imprudência, recomendava a seus cidadãos o uso de "remédios milagrosos", no caso inócuos quando não perigosos.
- ainda, fingindo respeito á luta pro-ambiental, apesar de sua retirada do Acordo de Paris, Trump castiga a China por poluir o planeta. Segundo a imprensa, enquanto Pequim busca reduzir sua dependência no carvão como fonte energética e aumentar a incidência de automóveis elétricos, Donald estimula sua utilização em busca do voto "white trash" em West Virginia. Ainda, insiste em autorizar a expansão da prospecção e produção de petróleo "in-shore" e no "fracking".
- proclamando ter causado a paz entre Israel, de um lado, e Árabes e Palestinos do outro, omite a não participação da Palestina por persistir Israel na decisão de anexar as suas terras à nação judaica. Na realidade, as declarações dos participantes obscuram seu real objetivo, qual seja, uma aliança entre Israel e países Muçulmano-Sunitas do golfo Pérsico com o objetivo bélico contra o Irã.
- encerra Trump propondo o esvaziamento da Organização das Nações Unidas, propondo a seus associados o caminho da exacerbação nacionalista, bem ilustrado pelo "America First". Aconselha o presidente norte-americano o retôrno aos tempos da rivalidade incontida, fonte histórica de inúmeras guerras e mortandade. Ou seja, mina o objetivo consensual que embasa as Nações Unidas, cuja criação hoje se celebra.
Já, Jair Bolsonaro, contido por escopo mais modesto, deteve-se, sobretudo a questões internas brasileiras, tendo por objetivo aplacar oposição e fomentar apoio eleitoral.
Dentre as mais relevantes afirmações, pode-se observar:
- imitando seu parceiro "senior", exaltou, com o mesmo desrespeito à verdade, seu bom desempenho face a pandemia. Diz lamentar a cada morte brasileira, esquecndo-se de suas antológicas frases: e daí! todos nós vamos morrer; trata-se de uma gripezinha; não usar máscar; distanciamento desnecessário, etc...Ainda, mesmo para a comunidade internacional, não deixou de lembrar a contestada excelência da ubíqua hidroxicloroquina!
- confrontado pelo insucesso trágico, o presidente culpa os governadores de incúria como se o primeiro mandatário pouca responsabilidade tivesse no combate ao Covid-19, enquanto mostrava-se incapaz de respeitar os conselhos de seus ministros da Saúde.
- já no campo internacional Bolsonaro manda o recado à China que não comprará o seu G5, por dizer negociar sómente com "países que prezem pela liberdade (sic.)" Ainda, acusa a imprensa internacional bem como alguns países da União Europeia, apoiados pela imprensa internacional, de divulgar inverdades sbre o Brasil.
- declara desejar a consumação do acordo Mercosul-União Europeia enquanto gera e estimula o perigoso contencioso ambiental com os desejados parceiros.
- quanto à Venezuela observa-se uma ameaça velada, ao acusá-la de solertemente derramar petróleo em águas brasileiras. Neste contexto, o presidente afirma que a "Paz não pode estar dissociada à Segurança."
- elogia a paz promovida pelo parceiro Trump pela "retomada da solução do conflito israelense-palestino", referido-se a tratado recém celebrado entre árabes e israelenses sem que houvesse, sequer, a participação palestina.
- por fim, encerra sua mensagem ao mundo instando ao combate à "Cristofobia". Após longas consultas à teólogos próximos a este colunista, ainda não foi possível chegar-se à plena compreensão de qual o objetivo desta mensagem.
Até onde irá esta parceria trági-cômica?
Nenhum comentário:
Postar um comentário