quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Rearrumação no Oriente Médio


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Mais uma vez , o mapa geopolítico do Oriente Médio se transforma. A Rússia, para sua própria surpresa,  surge como o poder predominante da região. Para que isto tenha ocorrido, muito se deve à  constância de sua aliança com a Síria, sua disposição de usar, com estrema eficácia, suas forças armadas, sua disposição de manter constante e cordial diálogo com as potências regionais, e, sobretudo, uma admirável visão de conjunto, de compreensão do xadrez que se desdobrava.

E qual terá sido a surpresa? Em prazo exíguo constata-se o enfraquecimento da influência norte-americana no Oriente Médio, decorrente da inconstância dos compromissos políticos e militares assumidos por Washington.

 O assunto Curdo não é novo. Sua anti-história  é milenar, um povo à procura de uma pátria, até hoje sem encontrá-la. è um aglomerado de clãs que se espalham por quatro países, Irã, Iraque, Síria e Turquia, aceitos porém contidos. Integram-se e se desintegram conforme as conveniências do momento. Já, nos tempos atuais, por sempre estar próximo a conflito com seus países hospedes, os Curdos  tornaram-se massa de manobra em prol da política externa norte americana, conforme os interesses pontuais de Washington.

A partir da invasão militar dos Estados Unidos do Iraque, ordenada por George W. Bush,  a estratégia americana buscou na região curda um ponto de apoio no combate à resistência que lhe opuseram as forças fiéis à Hassan Hussein. Derrotado o ditador, iniciou-se o longo e sangrento período de estabilização do Iraque quando suas maiores baixas foram sofridas.Em decorrência,  as forças americanas validaram uma de facto independência da região Curda-Iraquiana, permitindo-lhe maior eficácia na repressão aos rebeldes.

Esta decisão, válida no curto prazo tornou-se inaceitável pelo governo Iraquiano pós guerra. uma vez que representava o desmembramento do país. Ao retirar seu exército, Washington foi incapaz de impedir a  recomposição da nação Iraquiana, onde a independência da região Curda foi anulada.

Novo episódio, onde a política externa americana aliou-se aos Curdos ocorreu na Síria. Por ocasião da "Primavera Árabe" o governo Obama formou aliança com força rebeldes sírias e curdas visando a derrubada do ditador, Bashir  Hassad , Surpreendidos pela ajuda objetiva e eficaz da Rússia ao governo central, o projeto americano pecou por suas tibiez e indecisões.

A rebelião favoreceu o ambiente contestatário que engendrou a organização religiosa-terrorista, o Estado Islâmico (EI). Abria-se, assim, mais uma frente, esta última tornando-se objetivo prioritário norte-americano, onde, com a ajuda importante dos Curdos, a vitória foi alcançada. Mais uma vez Washington insuflou os sentimentos separatistas dos Curdos, estrategicamente conveniente por reduzir o poder do governo Sírio.

Seguiu-se mais uma desilusão. Ignorando, ou. melhor, desprezando as preocupações da Turquia, esta em guerra com o segmento terrorista Curdo, o YPG, concentrado nas faixas  fronteiriças turcas e sírias, o governo Trump mais uma vez estimulou a autonomia Curda, chegando ao ponto de deslocar tropa americana em suporte destes aliados. A reação Turca foi instantânea. Ancara não aceitaria força armada Curda em suas fronteiras. Seguiu-se o ultimato: retirem-se ou invadimos. E assim ocorreu. Numa madrugada o exército turco, desprezando a presença de tropa americana, cruzou a fronteira do território sírio dominado pelos curdos.

Novamente, Washington preferiu o abandono dos Curdos. Um conflito com a Turquia, seu aliado na OTAN estaria fora de questão. Retirou suas forças armadas.

Enquanto Vladimir Putin segue uma política externa analítica, holística, reforçada por constante e cordial diálogo com os líderes do Oriente Médio, aparando arestas e identificando pontos em comum, Donald Trump revela inconstante diálogo, mesmo com seus aliados. Os objetivos do Presidente norte-americano variam conforme suas conveniências pontuais, hoje fortemente influenciada por suas pretensões eleitorais. Ao proclamar "America First" criou-se a pergunta: "What's next?". Assim se perguntarão seus aliados, sempre inseguros.








 



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