sábado, 13 de abril de 2019

Ventos do passado

Resultado de imagem para fotos petrobras

Nenhum presidente tem a obrigação de ser especialista neste ou naquele assunto.  Justamente por isto, constitui-se um ministério e, pela mesma razão, os ministros se apoiam no raciocinio de seus inúmeros colaboradores. Em suma, decisão de governo não é coisa individual, e sim um trabalho de equipe coordenado pelo primeiro mandatário.

Jair Bolsonaro tem se confessado jejuno em matéria de economia, o que não o impede, na recente interferência no preço do diesel da Petrobras, de tomar decisão em questão que demanda conhecimento amplo e abrangente antes de ser decidida. O presidente parece ter sido imprudente.

E o assunto vai ainda mais longe. A viagem do presidente à Washington, onde alinhou a política externa brasileira ao Estados Unidos, tambem teve por objetivo criar junto aos mercados americanos e internacionais um nova imagem de conciente capitalista, crente no acerto das forças de mercado, defensor do Estado reduzido. O novo Brasil, afirmou, nada tem a ver com a execrada Dilma, socialista, intervencionista.

E não é que bastou para seu guru economico, Paulo Guedes, viajar para Washington e lá reforçar a imagem deste Brasil moderno, que o Presidente comete erro que lembra os anteriores governos execrados? Porque terá tomado esta decisão? Quem lhe terá influenciado? O "filósofo" Olavo de Carvalho e seus seguidores ou aqueles políticos da velha guarda, talvez fantasiados de revonadores?

A razão principal, subjacente, para tal decisão parece ser o medo de nova greve dos caminhoneiros. Assim sendo, em vez de planejar como impedir, neutralizar e assegurar o abastecimento emergencial do país (vide  Blog de 30/3/2019), o Presidente preferiu comprar a tranquilidade, que será por curto prazo,  sem ter avaliado o verdadeiro  custo de sua decisão.

Não apenas o econômico mas, também o político, ao transferir para àqueles que dominam o transporte rodoviário a eficácia da chantagem. 

Mas não há razão para desespero, diria o sábio Oriental, e sim para a esperança de que o primeiro mandatário aprenda que não deve tomar decisões sem consultar àqueles de direito. Ainda, urge a tomada de medida corretiva que, dificilmente se dará sem angustia  política e perda de face nos altos escalões em Brasilia.

Caso contrário, caso não se recomponha o direito da Petrobras à necessária autonomia, tal como a livre determinação de seus preços,  uma mancha na imagem será criada, a de impulsividade e voluntarismo na administração da República, aliás muito ao gosto do novo aliado, Donald Trump.

3 comentários:

Regina Mayall disse...

FOI MESMO UMA CANETADA À LA DILMA...
DEMONSTROU O MEDO DE ENFRENTAR OS CAMINHONEIROS...
DIFICIL A NOSSA REALIDADE

Bel Boavista disse...

Acho que já demonstrou um certo desequilíbrio cognitivo que foge à racionalidade que o cargo exige.

roberto leal disse...

Com a extensão e diversidade territorial brasileira, há que se ressucitar a cabotagem e a ferrovia, modais de transporte de cargas erradicados equivocadamente com a finalidade de alavancar a indústria automobilística notadamente caminhões,base do nosso atual dilema que aflige o transporte de bens e pessoas.