quinta-feira, 26 de abril de 2018

Macron na terra de Trump


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Tudo indica que exista genuína simpatia mútua entre eles. Mas o romance escancarado nos corredores e salões da White House mais pareceu arroubo de adolescentes incontidos pelo súbito desejo. O que era para começar como explícita manifestação de simpatia tomou força própria e arrastou ambos os presidentes para manifestações que bordejaram o ridículo.

Hormônios fora, já no campo da política, o que se constatou é que mesmo após a visita, parece persistir um fosso entre a visão de Trump e à de Macron. O primeiro multilateral, o segundo bilateral. O norte americano pronto para o conflito com o Irã; já o francês querendo preservar o acordo anti-nuclear com Teerã. Apesar do apelo, o retorno ao acordo de Paris parece tão distante quanto antes. E, talvez o mais importante, e, quem sabe, do lado positivo,  Emanuel possa ter aberto uma brecha para o adiamento da guerra tarifaria defendido por Donald.

Talvez seja na questão Síria onde os dois mais se aproximam. Os unem o ódio à Bashar Assad, mas, talvez, por razões diferentes. A França parece pretender reconquistar a influência que a revolução Baathista lhe tirou. Já Trump parece  arrastado pela nova aliança (alimentada pelas bilionárias compras de armamento americano  pelo Príncice bin Salman) concluída com a Arábia Saudita, inimiga implacável do Xiismo que domina Damasco.

Porém, do ponto de vista estratégico, a visita do presidente francês parece ter sido um sucesso. Mesmo sem convencê-lo desta vez, Macron parece ter garantido a benévola atenção de Trump nas questões internacionais. Existe uma inegável química positiva entre eles.

Ainda, a brilhante e cartesiana exposição que o Presidente francês ofereceu ao Congresso norte-americano reverteu o que até agora vinha sendo a "irrelevante opinião da França" aos ouvidos de Washington. Os aplausos calorosos decorrentes das lúcidas posições de Macron demonstram que as posições que defende encontram sintonia no Capitol Hill.

A França deu um relevante passo adiante no cenário internacional, sob o comando de seu jovem presidente. E last but not least, face à uma Grã Bretanha em fuga e uma Merkel enfraquecida, sua pretendida ascensão na liderança europeia alcança mais um degrau.

domingo, 22 de abril de 2018

Política e farsa


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Teria sido uma farsa? A punição imposta à Síria e à Rússia pela tríade Estados Unidos, França e Alemanha teria por objetivo manter sua reputação de guardiães da "moralidade bélica" perante a "Comunidade Internacional" ou atender objetivos de política interna dos respectivos países? A resposta parece ser: ambos.

Voltando à punição, esta se configura quando relevante dano é provocado  ao país punido. Ora, levantado-se o véu do segredo militar, constata-se após o ataque que os presumidos perpetrantes, Síria,  e seu aliado Rússia, nada sofreram de relevante.

Surge, então, a análise dos reais objetivos. Ao governo Trump, confrontado pelo desafio à já conhecida "linha vermelha" quando do uso das armas químicas, a qual não poderia ser atravessada, coube engendrar duas respostas: a pública e a verdadeira. A primeira já conhecida, a segunda presumida.

Enrolado pelos escândalos na política em Washington e alhures, onde a ainda difusa participação russa é uma incógnita, fácil concluir-se o cuidado que o presidente americano dedica à sua relação com o presidente Putin. Assim, Donald Trump tem evitado qualquer excesso de aspereza que possa provocar, em seu interlocutor, retaliações e revelações que lhe causem irreparável prejuízo político.

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Assim, sabendo que a possível morte de tropas russas na contemplada ação punitiva, e conhecendo o perigo que deriva de atacar o Urso enraivecido, Trump teria encontrado a solução, ou seja, um  gesto simbólico sem reais consequências militares.  O show poderia prosseguir sem sofrimentos de parte a parte.

Combina-se a baixa intensidade do ataque em troca da inexistência de qualquer retaliação russa.

Já do outro lado do Atlântico, com o fim de aumentar a credibilidade do ataque, a britânica Thereza May e o gaulês Emanuel Macron são cooptados. A Premier britânica, pendurada na gangorra instável que é sua tênue liderança na Câmara dos Comuns, aceitou de bom grado desviar a insatisfação interna recorrendo ao inimigo externo, formula de grande apelo político. Já o Presidente Macron, que pretende empolgar a liderança da União Européia aproveita-se da ausência voluntária de Frau Merkel neste episódio, junta-se com entusiasmo ao projeto Trump.

Executado o plano, todos estão satisfeitos. Pune-se o transgressor, colhe-se o fruto político no lado Ocidental.  Colheita proveitosa sem  que tenha corrido qualquer risco. Do lado Oriental, nenhum dano relevante foi sofrido. E o jogo prossegue.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Israel em perigo

Israel em perigo. Tem o direito de se defender. Os soldados israelenses estão, à duras penas, se defendendo dos civis semitas(¹) anti-semitas, que ameaçam, desarmados, as forças da ordem(²) na fronteira com Gaza(³).

Um milhar  de feridos e uma trintena de mortos. Do lado Palestino. Já as baixas do exército israelense são alarmantes. Dizem (a informação é sigilosa) que um sargento torceu o pé e um soldado foi acometido de remorso. Está em  tratamento psiquiátrico.

Os generais estão preocupados. A continuar assim vão terminar por caluniar Israel de maltratar a população de Gaza.

Líder terrorista prestes a lançar míssil contra tanque israelense

1  Os árabes também são semitas
2  As Forças de Defesa de Israel
3  Transformada em prisão geográfica. Não se entra não se sai sem autorização        israelense ou egípcia





quinta-feira, 12 de abril de 2018

Sanções e Crime



A aplicação de sanções econômicas por um país sobre outro pode gerar consequências insignificantes. Por exemplo, Paraguay sobre a Bolívia; ou devastadora, Estados Unidos sobre o Brasil. Resta saber se a aplicação de tais sanções violam ou não o espírito das leis que regem as relações equitativas dentre nações e indivíduos conforme determinam a Carta das Nações Unidas e outras instituições internacionais.

Resultado de imagem para photo TrumpEsta relevante arma econômica se junta ao arsenal tradicional prometendo causar grande dano, porém,  somente os Estados Unidos estarão em condições de usá-la com esmagadora eficácia. Ora, sendo aquele país o único emissor de moeda-reserva internacional e, ainda, sendo a maior e mais capilarizada das economias que compõem o planeta, é enorme o dano que poderá causar.

Ao vedar ao adversário, direta e indiretamente, operações comerciais e financeiras com os Estados Unidos os prejuízos causados serão de grande abrangência, ferindo inimigos e amigos. Em outras palavras, a sanção que proíbe tal comércio não se restringirá, apenas, às relações econômicas entre os dois países em conflito.

Assim, o efeito econômica da sanção, ou seja, a punição pretendida pela autora da sanção se propaga, jogando, assim por dizer, todos no mesmo saco. Não, apenas, prejudica o país objeto das sanções, mas, também, todos os países cujas empresas negociem, simultaneamente, com o país sancionado. Não, tão somente, serão elas impedidas de negociar e lucrar com as empresas sancionadas, mas, também, o não cumprimento resultará em multas e punições diversas. Desta forma, as empresas sediadas em país-terceiro, que em nada participaram da origem causal do evento, tornam-se vítimas de ato político ao qual estão totalmente alheias. Restam-lhes a opção de obedecer aos ditâmens norte-americanos. Assim, a sanção se internacionaliza, tornando-se o impedimento não mais bilateral mas, sim, multilateral.

Sendo relevante a dependência do comércio vedado, a empresa sancionada bem como àquelas involuntariamente envolvidas na proibição de  exportação de bens e/ou serviços, ou, ainda, em financiamento internacional, poderão ter sua viabilidade econômica fortemente comprometida.

Qual será a base jurídica que embasa a inviabilização de empresa cumpridora de suas obrigações nacionais e internacionais? Será a motivação política do sancionador elemento suficiente para ratificação em corte internacional?

Ainda, será relevante notar que as sanções, habitualmente dirigidas contra empresas e instituições do país alvo, são também dirigidas, especificamente, contra pessoas. Neste formato individualizado e personalizado tem-se por resultado levar-se o indivíduo à grave dano patrimonial sem que crime tenha cometido tenha sido identificado. Seria-lhe negado um direito fundamental?

Ao personalizar-se o sistema de sanções, este se insere não apenas no quadro das responsabilidades civis, mas, também, naquelas criminais. Ao sancionar-se um individuo, o país sancionador poderá estar cometendo um crime ao condenar o individuo sem o julgamento correspondente.

Pelo que se observa, a aplicação individualizada de sanções, se dá sem seu direito à defesa, violando portanto o espírito que rege o arcabouço sobre qual repousa o princípio do respeito aos direitos humanos. A aplicação de sanções pessoais sem julgamento por tribunal, seja ele residente neste ou naquele país é, por definição, um ato de natureza política. Assim sendo, a decisão política, se não embasada nos necessários procedimentos jurídicas que antecedem a condenação, torna-se um crime político de responsabilidade do sancionador. Parece violar o espírito, senão a letra, da lei internacional.

domingo, 8 de abril de 2018

Dois pesos, duas medidas

Dentre os diversos artigos publicados na imprensa mundial sobre a prisão de ex-presidente Lula por corrupção, poucos jornais analisaram o ocorrido com isenção.

Resultado de imagem para foto de lulaDestaca-se o New York Times, que reflete o habitual menosprezo pelo Brasil onde a regra é denegrir o que por aqui ocorre. Quanto à Lula, propriamente dito, seus correspondentes no Brasil já o chamaram de bêbedo, provocando a sua ira; agora, atribuem-lhe a fantasia de herói perseguido. Ainda, parece ter prevalecido o viés de que o “defensor dos pobres” fora esmagado pelo estamento dos poderosos.


Nada menos verdadeiro. Os juízes foram aqueles que desafiaram o estamento dos poderosos. Este, fossem eles de qualquer partido, tentaram e ainda tentam coibir a capacidade investigativa e condenatória dos tribunais.

Insiste a imprensa estrangeira em afirmar ter sido o líder do PT vítima de conspiração judiciária. Acusam os tribunais brasileiros de agirem como se “Corte Kanguru” fossem, expressão que define um julgamento de resultado pre-definido redundando na condenação desejada.

Ora, tal comparação só seria possível quando de uma única instância onde um juiz, ou juízes em colegiado, determinassem a sentença. A prosseguir o julgamento, a arregimentação dos “conspiradores” tornar-se-ia inviável ao atingir-se outras instâncias. Neste caso, nada menos do que oito juízes (três na segunda instância e mais cinco na terceira), indicados por sorteio, tornaram a pretensa conspirata inviável. Ainda, tendo sido os votos contrários ao ex-presidente proferidos por unanimidade, cai por terra qualquer pretensão de mobilização de juízes para fraudar o processo.

Ainda, ao negar o Habeas Corpus à Lula da Silva, e em derradeira decisão antes de sua condenação, seis juízes, ou seja, a maioria do Supremo Tribunal Federal validou as decisões das instâncias inferiores assim autorizando a prisão de Lula.

A lisura e transparência do processo, televisada como não ocorre nos Estados Unidos, puderam ser constatadas por todos.

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Evidenciando a má vontade do New York Times e similares, bordejando o mau jornalismo, observa-se que, simultaneamente à condenação de Lula da Silva, outro presidente foi processada. No caso, a Sra Park Geun Hye , ex primeira mandatária da Coréia do Sul. Foi condenada a 23 anos de prisão por corrupção, ou seja, pelo mesmo crime cometido pelo ex presidente Luis Ignácio Lula da Silva.

Contudo, por razões desconhecidas, não fosse o preconceito dedicado aos do “South of the border”, a coondenação coreana mereceu cobertura isenta de qualquer crítica. Porque será?