quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


A agonia dos livros


Foram os Egípcios ou os Chineses que primeiro deram à civilização o papel? E a impressão, cabe à Guttemberg ou, novamente, aos Chineses alguns séculas antes?

Estes maravilhosos objetos que nos dão prazer e sabedoria estão a caminho da extinção. Não, os livros não vão desaparecer tão cedo, porém bem parece que a primeira etapa já está em andamento. Durante curta estadia em Miami pude constatar o gradual desaparecimento de livrarias tais  como a enorme Borders, pressionda por cadente rentabilidade face a expansão da venda de livros pela Amazon e suas congeneres.

Para minha tristeza senti, senão na carne, mas no espírito, o fechamento da majestosa Barnes and Nobles em Aventura, ao norte de Miami. Foi uma ferida, uma perda, pois era mais do que uma livraria, era um lugar de culto aos milhares de livros que completavam aquele grande espaço. Era ela tranquila, quieta e
hospitaleira, recebendo seus fiéis com o conforto de horas vividas em torno dos inúmeros titulos, divertidos, profundos, tristes e surprendentes; e outros, muito provavelmente, envergonhados de lá estarem. Tinha até cafézinho e poltronas para fazer a viagem para um outro mundo, escondido naquelas páginas.  

Vivemos, assim, o início da primeira fase, aquela do  gradual desaparecimento das livrarias, resultado da aliança da tecnologia com a finanças. O comércio dos livros através da internet reformulou a equação econômica, tornando a livraria o mais recente dinossauro, sua existência ameaçada pela implacável busca pelo lucro. Assim, reduz-se o custo das instalações, dos estoques e em grande parte, dos empregados. Fórmula implacável.

Talvez, no correr d'algumas décadas, ou talvez antes, teremos o segundo e último capitulo desta triste jornada. A gradual mas inexorável redução das livrarias terá por companhia a epidemia do livro eletrônico. Adeus papel, impressão, cheiro e poeira que os anos acumulam. A tela brilhante do Kindle, do iPad trarão aos leitores o prazer da descoberta, porém sem o gozo táctil da encadernação, da folha, das lombadas em descanso na estantes. Adeus àquele olhar, quase cúmplice, aos livros já lidos, que trazem a saudade dos trechos nunca esquecidos. Lá, na nossa frente, como se trocassem  confidências de tempos já idos.

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