terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


Opera Buffa

Filha do vetusto Oratório, dedicado integralmente à séria tarefa de salvar almas, a Ópera  transformou-se ao longo dos séculos, em espetáculo profano e divertido. Nem tão  profano, no caso de Wagner, que apela a toda hora para os Deuses Germânicos,  mas suficientemente próxima às fraquezas humanas que permite aos espectadores identificarem-se com os divertidos  personagens. Trazer para a arena política os ingredientes da ópera buffa, ou cômica, encerra perigos. Ninguém melhor do que os maravilhosos italianos para correrem o risco.

Após os graves e compassados acordes da introdução eleitoral  a platéia observa aquilo que já esperava:  a entrada do herói, Don Bersani. Este é assim designado por defender os valores do seu entorno, senão não seria herói. Mas, como todo herói,  é um pouco chato, repete o que já sabemos, fala de sacrifício que deixa a platéia arrepiada. Merece simpatia, porém contida. Nada de entusiasmos!

Em seguida, ao som de desenfreado scherzo, adentra o cômico, colorido, aquele que faz rir pelas suas irreverências e pela sua enorme energia. Don Beppe Grillo, seguindo os ensinamentos do Chacrinha, lá está para confundir, não para explicar. É o contestador. Não faz a menor idéa de como deve trilhar o enredo, assim dando ao enredo o seu fascínio.

Finalmente, uma melíflua melodia alerta o espectador para a entrada do último figurante. Envolto em capa escura, seu olhar furtivo como se procurando uma saída em caso de premência, desliza o sedutor palco adentro e oferece à sala sorriso cheio de promessas veladas. Don Berlusconi, em sonoras notas, revela seus poderes sobrenaturais, acima de tudo o da alquimia, transformando até sonhos em ouro.  

Italina Europa, jovem donzela, será o prêmio desta competição na busca de seus favores. É belíssima, mas passa por sérias dificuldades. Nada de muito original; escolherá o caminho dos princípios, o da alegria ou da corrupção? O problema agora é com as velhas tias da família Europa, a troncuda Germânia, a elegante Francelina e outras, que já estão pagando o preço da festa e não estão gostando.

Melhor é ter paciência e esperar o fim do espetáculo.

sábado, 16 de fevereiro de 2013


Hora de agir


Os últimos anos, seja sob a batuta de FHC, seja sob a direção de Lula, levaram o Brasil adiante. Tendo por base a eliminação da inflação galopante, a privatização de setores básicos, a inclusão de milhões de brasileiros na classe média e a prudente administração dos fatores de contenção da escalada de preços, deu-se ao país condições de crescimento e de melhoria na distribuição de renda. Sob estes aspectos, a presidente Dilma Roussef recebeu uma boa herança. Por outro lado recebeu uma administração calcada na distribuição de favores políticos, tendo por consequência uma perda abissal de eficiência administrativa, causa e efeito da corrupção.

Mas o que importa é o futuro, seja ele o amanhã, seja ele as décadas por vir. O que deve merecer a atenção dos nossos governantes são as tendências que se observam, tendências estas que decorrem de medidas imperfeitas adotadas no passado, recente ou não. E que tendências são estas? Destaca-se a redução do superavit primário, prenuncio de graves dificuldades por vir, tais como o aumento da dívida pública e da inflaçao. A recente manobra, denominada de contabilidade criativa nas contas nacionais, encerra perigo enorme, pois coloca em risco a confiabilidade dos números que o governo traz a público. Esta nefasta iniciativa nos coloca sob a lupa implacável das agencias internacionais avaliadoras de risco, que determinam, por sua vez, quais os títulos que merecem a categoria de "investment grade". Sem nela estar incluido nenhum país, nem as empresas nele situadas, terão a capacidade de obter os empréstimos e investimentos internacionais a custo competitivo, essenciais ao crescimento neste planeta globalizado. Fragiliza, ainda a confiança do investidor brasileiro, incerto quanto à firmeza de nosso alicerce econômico.

Outra gravíssima tendência, que se acentua, reside na já enraizada cultura política vigente, sob o domínio do binômio administrativo-corrupção. Como maquina de moto continuo, um alimentando o outro, e assim infinitamente, sangra não apenas o dinheiro dos contribuintes, porém igualmente grave, assegura ineficiências na conclusão dos projetos essenciais à naçao, trazendo no seu bojo o veneno das postergações e os maliciosos reajustes que decorrem. Assim, verifica-se uma sempre crescente transferência da capacidade de poupança e investimento nacional em pról do enriquecimento de imenso e turvo esquema comandado por minúscula parcela de brasileiros que empolga o poder sobre a sociedade. Mesmo sem abordar-se o enorme dano moral que esta situação impõe aos cidadãos do futuro, o dano administrativo que tal disfunção já causa deve ser calculado pela parcela da riqueza nacional subtraida pelos corruptos e corruptores, onde o custo Brasil é potencializado. E vale a repetição: onde as economias que decorreriam da eficiência são subvertidas na busca calculada da ineficiência.

Sem uma vigorosa e desassombrada correção de rumo, a ser comandada pela Presidência, não haverá a depuração dos males que hoje afetam a República. Males estes que contaminam a estrutura política, onde a maioria parlamentar não mais esconde o seu despudor, onde a oposição já não mais se opõe. A redenção do governo Dilma depende da adoção intransigente de princípios fundamentais à honesta administração pública. A credibilidade do governo, tanto interna como internacional está em jogo. As medidas que venha a tomar a Presidente, mulher que ja demonstrou coragem na defesa de seus princípios, ainda que controversos, terão o apoio da maioria popular, da classe média civíl e militar, no imtuito de garantir a Constituição naquilo que mais nobre tem, a preponderância da Justiça e a garantia de seu poder.


Hora de agir


Os últimos anos, seja sob a batuta de FHC, seja sob a direção de Lula, levaram o Brasil adiante. Tendo por base a eliminação da inflação galopante, a privatização de setores básicos, a inclusão de milhões de brasileiros na classe média e a prudente administração dos fatores de contenção da escalada de preços, deu-se ao país condições de crescimento e de melhoria na distribuição de renda. Sob estes aspectos, a presidente Dilma Roussef recebeu uma boa herança. Por outro lado recebeu uma administração calcada na distribuição de favores políticos, tendo por consequência uma perda abissal de eficiência administrativa, causa e efeito da corrupção.

Mas o que importa é o futuro, seja ele o amanhã, seja ele as décadas por vir. O que deve merecer a atenção dos nossos governantes são as tendências que se observam, tendências estas que decorrem de medidas imperfeitas adotadas no passado, recente ou não. E que tendências são estas? Destaca-se a redução do superavit primário, prenuncio de graves dificuldades por vir, tais como o aumento da dívida pública e da inflaçao. A recente manobra, denominada de contabilidade criativa nas contas nacionais, encerra perigo enorme, pois coloca em risco a confiabilidade dos números que o governo traz a público. Esta nefasta iniciativa nos coloca sob a lupa implacável das agencias internacionais avaliadoras de risco, que determinam, por sua vez, quais os títulos que merecem a categoria de "investment grade". Sem nela estar incluido nenhum país, nem as empresas nele situadas, terão a capacidade de obter os empréstimos e investimentos internacionais a custo competitivo, essenciais ao crescimento neste planeta globalizado. Fragiliza, ainda a confiança do investidor brasileiro, incerto quanto à firmeza de nosso alicerce econômico.

Outra gravíssima tendência, que se acentua, reside na já enraizada cultura política vigente, sob o domínio do binômio administrativo-corrupção. Como maquina de moto continuo, um alimentando o outro, e assim infinitamente, sangra não apenas o dinheiro dos contribuintes, porém igualmente grave, assegura ineficiências na conclusão dos projetos essenciais à naçao, trazendo no seu bojo o veneno das postergações e os maliciosos reajustes que decorrem. Assim, verifica-se uma sempre crescente transferência da capacidade de poupança e investimento nacional em pról do enriquecimento de imenso e turvo esquema comandado por minúscula parcela de brasileiros que empolga o poder sobre a sociedade. Mesmo sem abordar-se o enorme dano moral que esta situação impõe aos cidadãos do futuro, o dano administrativo que tal disfunção já causa deve ser calculado pela parcela da riqueza nacional subtraida pelos corruptos e corruptores, onde o custo Brasil é potencializado. E vale a repetição: onde as economias que decorreriam da eficiência são subvertidas na busca calculada da ineficiência.

Sem uma vigorosa e desassombrada correção de rumo, a ser comandada pela Presidência, não haverá a depuração dos males que hoje afetam a República. Males estes que contaminam a estrutura política, onde a maioria parlamentar não mais esconde o seu despudor, onde a oposição já não mais se opõe. A redenção do governo Dilma depende da adoção intransigente de princípios fundamentais à honesta administração pública. A credibilidade do governo, tanto interna como internacional está em jogo. As medidas que venha a tomar a Presidente, mulher que ja demonstrou coragem na defesa de seus princípios, ainda que controversos, terão o apoio da maioria popular, da classe média civíl e militar, no imtuito de garantir a Constituição naquilo que mais nobre tem, a preponderância da Justiça e a garantia de seu poder.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


A agonia dos livros


Foram os Egípcios ou os Chineses que primeiro deram à civilização o papel? E a impressão, cabe à Guttemberg ou, novamente, aos Chineses alguns séculas antes?

Estes maravilhosos objetos que nos dão prazer e sabedoria estão a caminho da extinção. Não, os livros não vão desaparecer tão cedo, porém bem parece que a primeira etapa já está em andamento. Durante curta estadia em Miami pude constatar o gradual desaparecimento de livrarias tais  como a enorme Borders, pressionda por cadente rentabilidade face a expansão da venda de livros pela Amazon e suas congeneres.

Para minha tristeza senti, senão na carne, mas no espírito, o fechamento da majestosa Barnes and Nobles em Aventura, ao norte de Miami. Foi uma ferida, uma perda, pois era mais do que uma livraria, era um lugar de culto aos milhares de livros que completavam aquele grande espaço. Era ela tranquila, quieta e
hospitaleira, recebendo seus fiéis com o conforto de horas vividas em torno dos inúmeros titulos, divertidos, profundos, tristes e surprendentes; e outros, muito provavelmente, envergonhados de lá estarem. Tinha até cafézinho e poltronas para fazer a viagem para um outro mundo, escondido naquelas páginas.  

Vivemos, assim, o início da primeira fase, aquela do  gradual desaparecimento das livrarias, resultado da aliança da tecnologia com a finanças. O comércio dos livros através da internet reformulou a equação econômica, tornando a livraria o mais recente dinossauro, sua existência ameaçada pela implacável busca pelo lucro. Assim, reduz-se o custo das instalações, dos estoques e em grande parte, dos empregados. Fórmula implacável.

Talvez, no correr d'algumas décadas, ou talvez antes, teremos o segundo e último capitulo desta triste jornada. A gradual mas inexorável redução das livrarias terá por companhia a epidemia do livro eletrônico. Adeus papel, impressão, cheiro e poeira que os anos acumulam. A tela brilhante do Kindle, do iPad trarão aos leitores o prazer da descoberta, porém sem o gozo táctil da encadernação, da folha, das lombadas em descanso na estantes. Adeus àquele olhar, quase cúmplice, aos livros já lidos, que trazem a saudade dos trechos nunca esquecidos. Lá, na nossa frente, como se trocassem  confidências de tempos já idos.

sábado, 2 de fevereiro de 2013


Novamente, a Via Crucis Palestina…


Hoje a população Israelense está dividida entre os que aceitam o Estado Palestino e aqueles que negam ou fingem aceitar a liberdade da Cisjordânia. Dentre os primeiros estão aqueles que constatam ser contrário aos interesses permanentes de Israel   a continuidade dos status-quo tanto por causa da forte expansão demográfica árabe  quanto pela perda progressiva de boa vontade internacional para com o estado Judeu.

Já Netanyahu e seu Likud e aliados tem demonstrado ganhar tempo através de promessas não cumpridas de negociações de paz, enquanto, simultaneamente, avança na construção de assentamentos, tornando o Estado Palestino cada vez menos viável.

Parece evidente que a comunidade internacional,  com exceção dos Estados Unidos, graças ao poder de sua comunidade pró Israel, e a Alemanha, algemada pelo seu indelével complexo de culpa, não mais tolera comportamento que relembra terríveis experiências históricas.

Agravando o quadro de isolamento moral de Israel, observa-se a publicação das conclusões do Conselho das Nações Unidas sobre Direitos Humanos acaba de publicar sobre a matéria.
Para melhor compreensão, abaixo está incluída excertos de matéria publicada pelo New York Times, de 31/1/2013

Presenting their findings in Geneva after a nearly six-month inquiry for the United Nations Human Rights Council, a panel of three judges, led by Christine Chanet of France, said Israel’s settlements had clearly violated the Geneva Conventions, which prohibit a state from transferring its own civilian population into territory it has occupied.
... Israel “must cease all settlement activities without preconditions” and start withdrawing all settlers from the occupied territories, the judges state in their report, which is due to be debated in the Human Rights Council in March.
…Asked if Israel’s actions constituted war crimes, Ms. Chanet replied that its offenses fell under Article 8 of the International Criminal Court statute. “Article 8 of the I.C.C. statute is in the chapter of war crimes,” she said at a news conference. “That is the answer.””







Na mesma matéria, porta-vozes do governo Israelense acusam o Conselho de Direitos Humanos de partidarismo, anti-semitismo e má vontade. No entanto, Israel negou permissão ao Conselho de visitar a Palestina para, in loco, aprofundar sua análise.

Cabe a pergunta: serão anti-semitas aqueles que querem ver um Israel seguro (vide seu poderoso exercito escudado, ainda, pelo Pentágono), justo, respeitado e obediente às leis internacionais? Ou aqueles que, pela sua obstinação, preferem ver seu Estado objeto de hostilidade e desrespeito, sob o manto da impunidade no seu trato da questão Palestina?