Oscar Niemeyer, outra opinião
Somos um país de imensa qualidade, onde despontam
personalidades excepcionais que merecem o respeito e a admiração pública.
Contudo, mais se observa a tendência de nossos conterrâneos em denegrir àqueles
que atingem proeminência e conquistam a estatura de grandes homens. Dentre as lacunas que afligem a educação de
nossos jovens observa-se a falta de reverência pelos nossos expoentes. Tal
descaso reduz nossa auto estima e fragiliza nossa capacidade de superarmo-nos. Verificamos, hoje, nova manifestação de auto flagelação, onde um homem
excepcional é reduzido e diminuído, na praça pública que a mídia oferece.
Oscar, por ser
comunista sofreu neste artigo, acusação digna da Inquisição de Torquemada. A
condenação de sua memória subordinou-se à fé capitalista defendida pelo autor. Niemeyer é reverenciado internacionalmente, apesar de
seus ideais. E não será o único; o escritor português, José Saramago, Prêmio
Nobel de Literatura também o era. Diego Rivera, notável pintor mexicano,
partilhava da mesma convicção sem que ela diminuísse a admiração de seus
conterrâneos. Jean Paul Sartre, comunista durante sua longa carreira de notável
pensador e escritor merece e merecerá a admiração de todos aqueles que refletem
sobre os labirintos da vida humana.
Foi ele acusado de
inúmeros mal feitos e comportamento nefasto, contrario aos valores que o
articulista defende como impositivos. Não parece justo. Quanto veneno destila aquele que, sob o jugo
de uma crença, julga-se proprietário do certo, e algoz do errado.
Condenado, pelo autor, por não ter repartido sua fortuna e tornado-se
pobre por ser comunista, reflete uma imperfeição na argumentação. Inicialmente,
foram muitas as obras de Niemeyer doadas às causas convergentes com sua crença.
Quanto terá ele contribuído para a caridade e obras sociais? Provavelmente
tanto quanto qualquer outro. Ainda, contrariamente ao voto de pobreza encontradiço
em certas ordens religiosas, este nunca foi um requisito para os admiradores do
ideal comunista.
Acusar Oscar Niemeyer de se beneficiar da preferência dos
governantes para a execução de suas magníficas obras não parece fazer sentido, pois
a licitação que lhe concedeu as encomendas governamentais, não só o preço mas a qualidade da obra foram
quesitos essenciais. Como dizer que a escolha foi equivocada? Dizer que nosso
grande arquiteto “encheu os bolsos com o dinheiro público“ é tão absurdo quanto
negar que os operosos empreendimentos privados não solicitam encomendas e recursos preferenciais do
governo. Recusar a encomenda de traçar os inigualáveis monumentos de Brasília
seria tão absurdo quanto uma grande empresa recusar vender seus serviços ao
Governo. Quanto à questão de licitações, melhor será o articulista repensar bem
o que escreveu.
Quanto à admiração que Niemeyer supostamente atribuía à
Fidel e Stalin não posso comentar, mas parece-me o calcanhar de Aquiles moral dos
comunistas da velha escola. Nada, nem o bem estar do povo, justifica matanças, prisões e tortura. Nada
justificava, também, os negócios dos capitalistas Watson, dono da IBM com a
Alemanha Nazista. Joe Kennedy,
multimilionário, os Krupp e
inúmeros empresários mundo afora também apoiaram Hitler. Não acredito que
qualquer um deles concordasse com o morticínio, deixando-se ludibriar,
erroneamente, pela nobreza que atribuíam
à causa. Quantos homens de direita, respeitados em nosso meio, apoiaram as
matanças engendrados pelas ditaduras chilena e argentina? Remeto-me à Jesus que
advertiu: “atire a primeira pedra...”
Em suma, parece-me inaceitável, pela maliciosa argumentação
apresentada, constatarmos a demonização
de um homem que nenhum mal fez ao país, apesar de sua ideologia, um homem que,
pelo contrario enalteceu a imagem do Brasil pela persistência e talento que
dedicou à sua obra.
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