segunda-feira, 15 de julho de 2024

Mundo Instável




A História nos ensina inumeros casos em que as grandes conflagrações bélicas ocorrem quando da ascenção político-militar de um país emergente,  assim ameaçando a preponderância daquela nação já estabelecida na liderança internacional. As duas guerras de extensão  mundial no Século 20 seguiram este roteiro.

Já no Século 21 constata-se a liderança inquestionável dos Estados Unidos, definida graças ao desmonte da União Soviética, em muito enfraquecendo a Russia no cenário internacional. Apesar de possuir o maior arsenal nuclear do planeta, seu poder militar convencional é uma pálida imagem daquele anterior, conforme evidência o insucesso de Moscou em sua guerra contra  a Ucrânia. 

Hoje, a atenção se volta  para a chegada da China no cenário internacional. Talvez o mais perigoso desdobramento neste campo seria a reação dos Estados Unidos  à esta tendência. A continuidade da ascenção econômica da China nas relações comerciais no mercado norte-americano bem como a expansão de sua presença comercial e política no campo internacional parece inevitável.

Em resposta vê-se a reação política de Washington, tanto no campo militar quanto no político. Sua relação com  Taiwan e Filipinas e Japão acentua sua presença militar no entorno da China. No campo econômico observa-se alta da temperatura, visto a contínua elevação de tarifas norte-americanas sobre o fluxo comercial com a China, revertendo a tendência favorável à Pequim existente no passado recente.  

Apesar da China não demonstrar agressividade bélica, concentrando-se na expansão comercial e econômica, os Estados Unidos vêem, com sua frota e aviação fustigando as fronteiras marítimas da China no entorno de Taiwan e do Mar Amarelo. 

Para atenuar as tensões, o presidente Chinês tem declarado que o retorno de Taiwan à sua soberania será projeto para as gerações futuras, assim desarmando o "animus belli" em torno deste diferendo. Tal visão não muito se diferencia da atual relação de Washington com Cuba. Contudo,  a forte militarização empreendida por Washington na costa Sul chinesa gera alto potencial de desestabilização. 

Face ao crescente perigo de confronto militar impõe-se que tal percepção leve as partes litigantes à um "animus negociandi" centrando-se sobre tratados que limitem tanto a expansão quanto a reação. Este momento é especialmente perigoso onde, com um Estados Unidos semi-acéfalo à espera de novo presidente, navega-se momentos turvos de desafios entre mega-potências, onde um erro de percepção pode mergulhar o planeta em conflito nuclear.      

Já,  o provável retorno de Donald Trump à presidência norte-americana sugere a revisão de sua política internacional, provavelmento priorizando as questões internas enquanto reduz a intensidade de sua exposição à política externa. A redução das tensões internacionais devido à não mais existir a ameaça da expansão comunista, mais espaço se abre para novas fórmulas de aproximação, estas  mais direcionadas aos interesses  econômicos das partes. 


  

quarta-feira, 3 de julho de 2024

Milei e Brasil

                                  O Sr. Javier Milei, presidente da Argentina

Não é comum contemplar-se no cenário internacional um presidente histriônico, de maus modos, tendo por norma uma verbalização rasteira e grosseira. Infelizmente isto agora ocorre em pais vizinho, importante aos interesses brasileiros. Usando expressões de baixo calão, designando o presidente do Brasil como "dinossauro idiota", tal palavriado inverte a tradição das nossas relações com a Argentina, estas de longo histórico construtivo.

Os expletivos lançados  por Javier Milei ferem, gravemente, o protocolo respeitoso que deve nortear as relações entre dois países, estes com importantes interesses comuns tanto políticos quanto econômicos, deixando transparecer que o atual presidente argentino não tem pleno domínio de suas faculdades emocionais.

Porém, o mal está feito. O desrespeito de nação extrengeira que se revela hostíl, à nível de insulto à instituição Presidencial brasileira, não pode passar em branco, sob risco de degradação de sua imagem internacional. O caso se agrava, ainda, ao declarar Milei seu interesse em participar de evento promovida por Jair Bolsonaro em oposição ao governo brasileiro.

Ora o debate interno sobre política brasileira é para brasileiros, não cabendo à extrangeiros dele participar. Ao apresentar-se Milei neste debate, estará internacionalizando a questão, esta diretamente ligada à Segurança Nacional.  Ora, a presença de estrangeiros neste conclave, hostís ou não ao governo brasileiro, disvirtua o debate sobre assuntos internos nacionais. Assim, deve ela ser vedada.   A nada fazer, tal passividade terá por estímulo a repetição e o agravamento de agressões verbais de uma nação, a Argentina, face ao Brasil, envenenando relações históricas de cordialidade e cooperação. 

Assim sendo, cabe  ao Planalto "sugerir" ao presidente Milei , não sendo ele um cidadaão argentino qualquer, que lhe cabe, prioritáriamente, apresentar seus respeitos ao seu equivalente brasileiro, ou seja  ao Presidente Luiz Ignácio Lula da Silva.

Em seguida, cabera à Lula eslarcer à Milei a impropridade  dele imiscuir-se em assuntos políticos brasileiros, mais prudente sendo seu retorno à Buenos Ayres. 

O Brasil tem que ser respeitado.

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Estória da Carochinha



Dona Carochinha, famosa por seus contos ingênuos, teria adorado este relato.  As crianças leitoras, confrontadas pelo Mago da Duplicidade  são por ele vitimadas. Contudo, ao ouvi-lo, as criancinhas, felizes na sua credulidade infantil, acreditam e se divertem e vêem um  futuro feliz e cheio de brinquedos e agrados.  Já, se contada para adultos, mais difícil seria (ou não?) convencê-los. 

Conselho de Administração, quadro Executivo, Auditoria Interna, Auditoria Externa, todos estes "players" teriam sido enganados por um pequeno núcleo de dirigentes das Lojas Americanas. E por mais de ano nada se soube, sem que alertas soassem, sem que dúvidas surgissem, sem que denúncias (por funcionários honestos) ocorressem. E, ainda, sem exigências pelos acionistas mais familiarizados com a empresa. 

Ou, então, sabedores todos das sérias impropriedades , mantiveram-nas "in pecto", na esperança de solução antes da divulgação ao mercado e às autoridades. Aposta arriscada...

 Hoje a imprensa relata um "rombo" em torno de R$ 40.000.000.000 (aprox. 10 bilhões de dolares) o qual não poderia, havendo contrôles contábeis corretos,  passar despercebido aos responsáveis  pela posição econômica e financeira da empresa. Nem pelo contador nem por aqueles acionistas intimamente ligados à gestão da empresa.  

Presume-se que, em algum momento, neste histórico de relatórios "auditados", os resultados revelando uma grave inversão na posição financeira (caixa, estoque, aplicações, dívidas contratadas, etc...) exigiria medidas imediatas para correção de rumo. Talvez devido à sucessão de lançamentos destinados a nublar informações relevantes, a adoção imediata de medidas corretivas tardaram, assim aguçando o descalabro subsequente. 

Mas o dano está feito, não sómente à empresa em questão, mas, também à higidez que o mercado de capitais demanda. Imediata correção, necessária atravéz de reforço de sua  capitalização  e dispensa e responsabilização daqueles que permitiram a fragilização de empresa da importância das Lojas Americanas não parece ter ocorrido. Pelo contrário, parece ter havido acobertamento. Constatou-se, assim, profundo dano ao mercado de capitais e seus acionistas minoritários que, ignorando a grave crise em andamento, não souberam tomar ações defensivas.

Importante, neste momento, será o reconhecimento e Atribuição aos responsáveis pelos erros cometidos, a recapitalização das Lojas Americans e, "last but not least" o aperfeiçoamento de seu quadro e formato dirigente, com clara atribuição de poderes. Por resultado, ter-se-á a volta ao mercado desta outrora  importante empresa, atendendo seu relevante mercado e restabelecendo a confiança que nas décadas passadas fez por merecer.