Diante de uma notável mudança no quadro religioso brasileiro, algumas observações merecen atenção.
O Brasil tem sido desde sua fundação uma nação católica. ainda que, não necessariamente, praticante. A obediência à seus preceitos tem sido, como tudo neste país, flexível e adaptáveis, dobrando-se aos costumes e tendências de diferentes núcleos culturais, como aqueles de origem africana ou indígena.
E assim caminhou a evangelização do povo brasileiro, generosa e tolerante, aceitando ajustes e adaptações dentre circunstâncias diversas, mas todos aderindo às mensagens do Christo católico, ou seja, a da tolerância (não raro excessiva) e da generosidade do nosso povo.
Porém, eis que surge relevante novidade; hoje, no Brasil, a população Evangélica cresce à taxas surpreendentes, devendo superar o numero de fiéis católicos em 2030. Contudo, importante diferenciar-se as igrejas Pentecostais do conjunto das igrejas protestantes.
Conquanto as denominaçãos protestantes tradicionais, como a Luterana, a Presbiteriana e a Anglicana seguem um ritual mais contido e reflexivo, não distante d'aquela da Igreja Católica, onde a fé é compensada após a morte, as demais denominações Evangélicas, Pentecostais e Neo Pentecostais, tendem à manifestação ativa dos fiéis ao longo do culto, unindo-os ao pastor em preces declamadas, onde a demanda é uníssona como, também, o testemunnho das dádivas aqui recebidas e gozadas.
Trata-se, pois, de uma revolução ideológica em andamento. Enquanto a visão Católica promove a aceitação pelos fiéis das condições de vida que lhes cabe, oferecendo a promessa da Salvação Eterna, a mensagem Envangélica oferece à fidelidade de seus seguidores o prêmio de benefícios espirituais e materiais ainda em vida.
Ainda, o "ethos" que move os evangélicos evidencia forte influência norte americana, por ser o berço de diversas cepas deste movimento, onde a visão do ganho a curto prazo é contraria à visão Católica, esta sob influência Europeia.
Constata-se, assim, forte atração popular pelo imediatismo do benefício prometido pelo culto Evangélico, sua expansão atingindo mais de 43 milhões de seguidores, com a perspectiva (vide gráfico abaixo) de superar, em prazo breve, a preferência nacional pelo catolicismo.
Ainda, o movimento Evangélico pode se tornar notável instrumento de influência política. Ao unir o elemento político à fé religiosa, cria-se um instrumento de suma importância no quadro eleitoral, podendo tornar-se "fiel da balança" em decisões basilares para República. Difícil será evitar-se que estes eleitores, tornem-se massa de manobra de líderes político-religiosos, criando um ambiente onde a razão poderia ceder à emoção.
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