Cenas de Gaza
Pai, filho, burrinho à espera de um futuro (Gaza)
O que é Genocídio? | Enciclopédia do Holocausto
Ao declamar a seu Parlamento o trecho Bíblico abaixo, Netanyahu busca a justificativa para destruição de Gaza e de seus habitantes, menosprezando o avanço civilizatório dos últimos 100 Séculos. Hoje, tal conclamação é aberrante, viola a Lei Internacional e torna-se absurda face aos conceitos de tolerância e pacificação, criados pela civilização moderna e em vigor no Século XXI.
“Você deve se lembrar do que Amaleque fez com você, diz nossa Bíblia Sagrada”, disse durante o pronunciamento. “Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos”, diz a passagem.
Ainda, a revelação pública da surpreendente leniência de Netanyahu quando Primeiro Ministro, ao favorecer, no passado recente, a sobrevivência do Hamas com o fito de impedir que a moderada OLP ampliasse sua influência sobre Gaza, tem-se por resultado o fortalecimento do grupo terrorista e a gênese do seu recente atentado terrorista.
Ao chegar-se ao rescaldo do conflito ora em curso, caberá à um governo moderado Palestino o controle sobre a faixa de Gaza, sem o que ter-se-á o ressurgimento do Hamas, alimentado pelo ódio popular face aos 16.000 civis, adultos e crianças, mortos pelos indiscriminados bombardeios israelenses.
As chagas abertas clamam, pela Paz entre Palestina e Israel, pelo sepultamento da era da opressão e das vinganças, tendo por base a criação do Estado Palestino e a adoção do diálogo civilizado de respeito mútuo. Caso contrario, ter-se-á a continuação dos conflitos e das crueldades de parte a parte levando à um futuro ameaçador para a juventude de ambos os lados, que hoje precisam de Paz.
Ainda, cabe a observação sobre o papel dos Estados Unidos, cuja liderança também traz responsabilidade. Neste episodio, seu apoio incondicional aos indiscriminados ataques aéreos israelenses não mereceram conselhos de moderação quanto às vítimas civis. Premido pela busca do voto da comunidade judaica norte-americana face a sua difícil candidatura à recondução presidencial, Biden não se ateve aos "incômodos detalhes", estes sendo vidas humanas inocentes. Washington, ora confrontado com o impacto negativo de seu apoio incondicional revê sua posição e oferece, tarde demais, conselhos de moderação.
Neste sangrento episódio, Israel terá, sem dúvida, a vitória militar porém já sofre a perda da opinião pública, tanto no exterior quanto no próprio país. Agravando o quadro, há indícios que a política dos vencedores será de terra arrasada, com a expulsão dos milhões de palestinos habitantes da região. Comenta-se a emigração forçada para o Egito, cujo governo certamente contestará.
A crueza, a violência exibida ao mundo neste episódio traz tristes lembranças de guerras passadas, onde bairros residenciais foram esmagados por bombardeios indiscriminados. O trágico atentado perpetrado pelo Hamas contra 1.400 civis israelenses exige (e obteve) a repulsa do mundo civilizado, porém a vida de 18.000 civis palestinos não deveriam ter sido o preço a pagar.
Ou bem Israel assume a responsabilidade pela sobrevivência digna dos civis Palestinos ou carregará o peso do opróbio mundial bem como o ódio dos sobreviventes e seus compatriotas. Se Netanyahu pretende manter os Palestinos eternamente oprimidos, estará contribuindo para expansão e perenidade do tumor que infecta tanto um quanto o outro lado. Tal configuração, num mundo de crescente inter-comunicação, não escapará do alto preço a ser pago.
Para a pacificação que se impõe, Israel deverá demonstrar ao povo subjugado uma nova face, não a de ocupante, mas sim de parceiro potencial; cabendo ao mais poderoso a derrubada das muralhas. A progressiva invasão, ora em curso, da Cisjordânia Palestina por 450.000 "colonos" israelenses, apoiados pelo seu exército, promete tornar-se mais um tumor cuja metástase será inevitável. Violando as posturas das Nações Unidas tal comportamento contará, novamente, com o opróbio internacional.
As configurações políticas estão mudando impelidas pelo avanço na tecnologia de comunicação, onde velhos dogmas enfrentam novo escrutínio. Ou um caminho de reconciliação terá início ou a Paz nunca chegará à Terra Santa. Quanto mais perdurar o status-quo maior será o desgaste de Israel junto à comunidade internacional.
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